Como as redes sociais podem influenciar as eleições?
27 de octubre de 2020 | Universidade Destaque
“As redes sociais passaram a ocupar um papel muito importante na política, assim como em todos os outros ramos da vida”. A fala do co-fundador do Instituto Liberdade Digital e professor do curso de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Diogo Rais, expressa o porquê da mudança na regulamentação da campanha eleitoral feita na internet a partir das eleições deste ano para os cargos de prefeito e vereador. Essa alteração busca combater a desinformação causada, sobretudo, pelas fakes news e pelo discurso de ódio.
De acordo com a pesquisa da empresa britânica GlobalWebIndex, o Brasil é o segundo país que mais fica conectado nas redes sociais, com uma média de 3 horas e 25 minutos por dia de interação nas mídias. Mas, de fato, postagens e compartilhamentos nas redes podem interferir no resultado de uma eleição?
Na opinião do membro da Coordenação de Recursos Digitais e Ambientes Virtuais (CRD) da UPM, João Piragibe, isso pode acontecer principalmente quando notícias falsas são interpretadas como verdadeiras. “Será que a população sabe identificar fake news? Quais os critérios que a população usa para compartilhar uma informação em sua rede? Esses pontos chamam atenção quando pensamos em um mundo de informação descentralizada”, diz ele.
Rais usa o que acredita ser um termo mais correto para demonstrar a dualidade da questão, chamando de ‘notícias fraudulentas’, pois, “se é notícia, não é falso, e falso não é notícia”. Além disso, destaca o professor, a fraude é qualificada como um objeto para a análise jurídica. Segundo ele, as fake news interferem na tomada de decisão pela possibilidade de serem construídas sob medida e de acordo com os valores e ideais de cada pessoa.
“No Brasil, a gente ainda não tem uma lei que trate da disseminação de fake news num âmbito geral. O que a gente tem é uma equiparação de um crime eleitoral de denunciação caluniosa”, explica Rais.
Ainda de acordo com o professor, já há algum tempo vivemos em um mundo híbrido, no qual o espaço físico se mistura com o virtual. A internet, teoricamente, possibilita um espaço de debate saudável, que tende a ser democrático. Entretanto, com cada vez mais pessoas recorrendo à ela para dar opiniões, os algoritmos ampliam a capacidade de “escalar decisões e customizar conteúdos” e geram as famosas bolhas digitais. Para Rais, uma das atitudes contra isso é ter em mente que o mundo continua heterogêneo, mesmo dentro da tela.
“A ferramenta em si não é um problema, o problema é como você opera isso. Talvez um dos desafios seja olhar para a tecnologia, para as redes, e perceber que ali é uma das óticas das coisas e não o total, a verdade como ela é. Estar preso a uma única fonte, um único ponto de vista na internet é um risco enorme, tanto de manipulação quanto de engano”, destaca Rais.
Dentro desse contexto, também se popularizou o uso de robôs, ou bots, como ficaram popularmente conhecidos. Os bots são softwares e inteligências artificiais criadas para interagirem com usuários e que podem atuar positivamente, ao disseminar informações contra a covid-19 ou ajudando encontrar vítimas de violência doméstica, por exemplo. Contudo, também têm a capacidade de se infiltrar nas “bolhas” e comunidades para gerar desinformação, caos e mais polarização entre os usuários.
Conforme aponta Rais, os bots, quando controlados por agentes maliciosos, criam um ecossistema favorável para as fake news à medida que pessoas reais aderem a essa desinformação e compartilham, aumentando seu alcance na rede.
Da mesma forma, o professor Piragibe ainda relata as armadilhas desse sistema.
“No caso de eleições, muitas vezes os bots são criados para parecerem humanos, possuem nome, foto, biografia e amigos na plataforma, mas sua função é a de inflamar grupos de pessoas, apoiar o compartilhamento de conteúdos falsos”, enfatiza Piragibe.
Proteção de dados e privacidade na internet
Neste cenário, com o intuito de proteger os usuários de ataques no mundo on-line, é que foi criada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor em setembro deste ano. Segundo o professor Rais, a LGPD traz princípios que asseguram maior responsabilidade com o tratamento, coleta e armazenamento dos dados, permitindo a proteção dos cidadãos no que concerne às suas vontades, preferências e também da vida on-line como um todo.
Essa temática se relaciona com o recente documentário lançado pela Netflix, O dilema das redes, que discute as influências das plataformas nos comportamentos humanos e na vida das pessoas.
Sob a análise de Piragibe, o assunto tem sua relevância à medida que chama a atenção das pessoas para o que as grandes empresas fazem com as informações pessoais disponibilizadas por elas.
“Os seus dados estão lá, eles usam para vender propaganda e melhorar sua experiência, mas você pode ocultar e privar a rede de coletar suas informações. Com a chegada da LGPD, é um bom momento para que a sociedade reflita o quanto estamos expostos no mundo digital, em relação a dados pessoais e de comportamento”, afirma Piragibe.
O Direito Eleitoral Digital no combate à desinformação
Em busca de conectar a tecnologia com a política e discutir as influências das redes nos processos eleitorais, o Instituto Liberdade Digital, em parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, criou o curso de Direito Eleitoral Digital, composto de encontros on-line e presenciais com profissionais da área jurídica de todo o país.
Ao todo, participaram mais de 20 mil pessoas, dentre procuradores regionais e juízes eleitorais. O professor Rais pontua que o curso, ao tratar da proteção de dados, fake news e propaganda eleitoral digital, reforça o compartilhamento da informação de qualidade, ainda mais necessária no cenário atual da pandemia.
Piragibe também destaca a relevância do encontro e parabeniza a iniciativa. “O momento é importante para a sociedade pensar as consequências que os novos canais digitais podem impactar não só as eleições, mas todas as relações da sociedade. O mundo nunca mais será o mesmo”, finaliza ele.
MackInforma
Recentemente, o professor Rais participou da série MackInforma e comentou sobre a desinformação no período da pandemia de coronavírus e deu dicas para evitar cair em fake news, confira abaixo.
A Propaganda Eleitoral sob o olhar pragmático do Marketing
O professor João Piragibe foi convidado para palestrar na aula on-line realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, por meio da Escola Judiciária Eleitoral (EJE-ES). Confira:
Notícias Relacionadas
MackEleições 2024 utiliza urnas eletrônicas do TRE/SP no Colégio Mackenzie
Iniciativa interdisciplinar atua como ferramenta de conscientização cidadã para alunos
Acontece no Mackenzie
Pós-Graduação EaD: Matrículas abertas para turmas em fevereiro de 2021
Inscrição pode ser feita pelo site até dia 29 de janeiro
Universidade
Aulas gratuitas para ENEM e Vestibular
Conheça o Projeto PreMack, que oferece aulas preparatórias ministradas por professores e alunos mackenzistas
Eventos
ENADE 2020: cursos do Mackenzie são destaque na avaliação
Exame determinou as notas para campus Higienópolis e Campinas da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Atualidades
Inscrições para o IV Fórum Mackenzie de Liberdade Econômica já estão abertas
Evento acontecerá no dia 3 e 4 de novembro e será totalmente online
Economia
FEMPAR recebe mais uma edição do Congresso de Acadêmicos de Medicina
Evento é promovido pela FEMPAR em parceria com a Universidade Corporativa da AMP (UCAMP) e a AMP, que reúne estudantes de diversas Faculdades de…
Eventos
Jornalismo Mackenzie realiza evento em comemoração aos 20 anos do curso
A palestra de abertura tem como tema o “futuro do jornalismo” e todos os convidados são antigos Mackenzistas
Eventos
Alunas de Jornalismo conquistam prêmio na Expocom Sudeste 2020
Conquista aconteceu na principal premiação para estudantes de Comunicação no Brasil
Acadêmicos
O que significa ser mackenzista?
Fizemos uma lista de coisas que todo mundo que faz parte do Mackenzie se identifica!
Para Sempre Mackenzista
Cinco dicas para não cair em fake news
Saiba como evitar as armadilhas e não propagar notícias falsas
Atualidades
Posse do Chanceler
O reverendo Robinson Grangeiro toma posse e assume a Chancelaria do Mackenzie, em cerimônia realizada no Auditório Escola Americana, campus Higienópolis,…
Semana de Preparação Pedagógica UPM
Para dar boas-vindas aos professores no ano de 2020, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), por meio da reitoria, realiza a XVII Semana de…
Livro Cartas de Princípios
A Editora Mackenzie lança, no auditório Ruy Barbosa, do campus Higienópolis, o livro Cartas de Princípios: 2000-2019, organizado pela Chancelaria do…
Programa de rádio
Durante 2020, que marca os 150 anos do Mackenzie, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) transmitirá ao vivo, às segunda-feiras, o podcast,…
Lançamento dos livros: Dicionário Enciclopédico de Instituições Protestantes no Brasil: Instituições Educacionais
O livro "Dicionário Enciclopédico de Instituições Protestantes no Brasil: instituições educacionais", organizado por Lidice Meyer Pinto Ribeiro, Alderi…
Combates pela História Religiosa: Reforma e Protestantismo na visão de Émile Léonard
No dia 31 de janeiro, no auditório Ruy Barbosa, no campus Higienópolis do Mackenzie, acontece o lançamento da obra "Combates pela história religiosa:…
Lançamento Podcast 150 anos
O professor e jornalista Alvaro Bufarah recebe personalidas ligadas às diversas áreas do Mackenzie para um bate-papo de 30 minutos no podcast. A…
Posse do Reitor
No dia 10 de fevereiro, Marco Tullio de Castro Vasconcelos toma posse como reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), assumindo o lugar de…
Mesa de Inovação e Empreendedorismo
No dia 05 de março, a Universidade Presbiteriana Mackenzie realiza a mesa de debates "O Conhecimento Científico e Tecnológico e a Inovação: desafios e…
25ª Feira de Livros
Márcia Braz
Projeto Reescrever
A Gerência de Responsabilidade Social e Filantropia (GERSF), por meio do Mackenzie Voluntário, realiza o Projeto Re-escrever, que tem como objetivo apoiar…
Diálogos Comunitários
Rev. Robinson Grangeiro Monteiro e Eduardo Abrunhosa