09.09.2020 - EM Saúde e Bem-Estar

Coordenação

"Metade dos brasileiros ainda não têm acesso ao serviço, diz relatório"

De acordo com dados do ‘Ranking do Saneamento 2020’, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, quase 100 milhões de brasileiros não possuem cobertura da coleta de esgoto e 35 milhões não usufruem de água tratada. Com a pandemia do novo coronavírus, o problema que as regiões afetadas pela falta deste serviço já enfrentavam somente se agravou, atingindo as populações mais carentes que residem nestes espaços urbanos. 

A definição de saneamento básico, de acordo com o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Francisco José Piza, é “um conjunto de ações relacionadas ao meio ambiente e saúde preventiva”, que promovem qualidade de vida para a população, e inclui o abastecimento de água, esgoto sanitário, manejo de água pluvial e de resíduos sólidos.

O professor explica que a gestão do saneamento básico é do poder público, mas a prestação do serviço pode ser feita por empresas públicas, concessão privada ou entidades de economia mista. “A falta de saneamento está ligada ao uso e ocupação do solo de maneira desordenada, além da prioridade governamental”, diz Piza. 

Para a professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UPM, Camila Sacchelli Ramos, a falta de saneamento básico compromete uma das principais recomendações de prevenção contra a covid-19: lavar as mãos.

“Sem água tratada, a população é muito mais atingida por doenças que dependem de adequada higiene pessoal e alimentar, como lavar as mãos antes de comer ou após usar o banheiro”, afirma a professora. 

É importante ressaltar que, como aponta Ramos, apesar do Norte e Nordeste do país apresentarem os menores índices de saneamento básico, no próprio estado de São Paulo também há várias regiões periféricas onde o crescimento desenfreado resultou em esgotos clandestinos a céu aberto e municípios próximos da capital onde áreas rurais também não são atendidas pela empresa de saneamento do estado. 

Assim, segundo a professora Camila, a falta de tratamento atua na impossibilidade de higienização de mercadorias adquiridas no comércio e aumenta o risco de contaminação de lagos, rios e represas que passam por esses locais sem tratamento, pois há estudos que confirmam a presença da covid-19 nas fezes de pacientes infectados. Dessa forma, “a falta de saneamento afeta tanto a população carente como as demais classes sociais”, completa Piza.  

Para a professora, também cabe à empresa de saneamento medidas que colaborem para o controle do novo coronavírus, como assegurar que a água que chega à população esteja livre do vírus, tanto no percurso quanto no destino final, e realizar o tratamento adequado de esgoto, principalmente dos hospitais onde se tem alta concentração de pessoas infectadas, para que não haja, inclusive, a contaminação do meio ambiente.