28.02.2024 - EM Pesquisa e Inovação

Coordenação

"Artigo foi publicado em importante periódico britânico e busca aplicar cálculo de explosões solares em outros astros do universo"

Há tempos os estudiosos de astronomia buscam entender as explosões solares e os impactos na Terra dessas fortes liberações de energia no astro rei. Para isso, usam intrincados cálculos para medir a quantidade de radiação e energia que foi liberada nessas perturbações. Em outra vertente, os cientistas também buscam compreender explosões parecidas, mas que acontecem em estrelas distantes, que pertencem a sistemas e galáxias mais longínquas. Para isso, usam outros tipos de cálculos. 
 
Um estudo liderado por pesquisadores do Centro de Radioastronomia e Astrofísica do Mackenzie (CRAAM), da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), buscou aplicar uma nova fórmula de cálculo para analisar as explosões em estrelas distantes. A ideia é usar a mesma fórmula utilizada para o cálculo de energia liberada nas explosões do sol e aplicar nesse tipo fenômeno, quando acontece em estrelas distantes. 
 
O professor da Escola de Engenharia (EE) e pesquisador do CRAAM, Paulo Simões, foi um dos envolvidos na produção do artigo, que contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Glasgow, do Reino Unido, e foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, mantido pela Real Sociedade de Astronomia, da Grã-Bretanha. O professor mackenzista conversou com o Na Lupa sobre a pesquisa.
 
Paulo Simões explica que o modelo de cálculo usado para análise de estrelas se baseia apenas numa observação, como observar uma superfície quente se aquecer até que haja uma mudança na cor. “O modelo que tem sido usado para estrelas, é baseado na ideia de aquecer a fotosfera, ou a “superfície” da estrela. Só que, para chegar ali, precisa atravessar uma camada de alta densidade e os elétrons que carregam a energia não conseguem atravessar”, destaca. Esse modelo é chamado Black Body, ou Teoria do Corpo Negro, a uma temperatura de 10.000 K. 
 
Já nas observações solares, as explosões são analisadas de uma forma mais complexa, que partiria da ideia da recombinação das partículas de hidrogênio como modelo para explicar a radiação liberada. “Você tem os prótons e os elétrons que formam átomos de hidrogênio. Com o aquecimento durante uma explosão, há a ionização do hidrogênio, os elétrons e os prótons se soltam. Mas com a alta densidade do meio, eles tendem a se juntar, o excesso de energia sai como radiação”, explica. 
 
O avanço proposto pelo artigo comprovou que usar esse modelo aplicado de forma simples seria bastante eficaz na análise das explosões estelares, sem prejudicar estudos prévios. A proposta ajuda a melhorar nosso conhecimento da atividade de outras estrelas, e possíveis efeitos na formação ou manutenção das condições para vida em exoplanetas – planetas orbitando outras estrelas. Os estudos solares que pesquisam os efeitos das explosões na Terra acabam pertencendo a outra esfera. “A parte que influencia a nossa alta atmosfera, que afeta a ionosfera, as comunicações e outras questões, está principalmente associada à emissão ultravioleta, que é mais efetiva na parte de absorção lá em cima, na alta atmosfera”, diz. 
 
O professor destaca que o estudo estabelece o Mackenzie como uma importante instituição de pesquisa no cenário científico. “Você tem a visibilidade da Universidade, como um instituto de pesquisa relevante, forte, com capacidade de fazer colaborações internacionais, atrair projetos de pesquisa e também com impacto nos rankings internacionais”, afirma. 
 
A parceria com a Universidade de Glasgow mostra a relevância da UPM no cenário científico, na opinião de Paulo Simões. “É o nome da Universidade aparecendo no mundo, mostrando que tem a pesquisa de ponta”, destaca, sinalizando, ainda, diversas parcerias que o CRAAM possui com entidades nacionais e estrangeiras, na manutenção de pesquisas e de telescópios.