Câncer de mama é o mais comum entre mulheres no mundo e no Brasil
02 de outubro de 2020 | Atualidades Saúde e Bem-Estar Instituto Campus Higienópolis Destaque
Entre 2020 e 2022, estima-se que o Brasil terá 66.280 novos casos de câncer de mama para cada ano. Esse número corresponde a um risco estimado de mais de 61 novos casos a cada 100 mil mulheres. Os dados fazem parte do estudo “Estimativa 2020 - Incidência do Câncer no Brasil”, do Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Ministério da Saúde, e mostram a importância da conscientização da campanha do Outubro Rosa que fala da prevenção e controle do câncer de mama e também do de colo de útero.
O câncer de mama é identificado pela proliferação anormal das células do tecido mamário, de forma rápida e desordenada, se desenvolvendo em decorrência de alterações genéticas. Mas isso não significa que os tumores de mama são sempre hereditários. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, o câncer de mama hereditário corresponde, em média, de 5% a 10% dos casos, ou seja, quando existem parentes de primeiro grau com a doença. Portanto, os 90% restantes não se encaixam nesse perfil.
Os principais sintomas da doença são: aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular; alguns casos são de consistência branda, globosos e bem definidos. A doença pode também acarretar edema cutâneo na pele, retração cutânea, dor, inversão do mamilo, hiperemia e outros. De acordo com o INCA, a doença também pode afetar os homens, mas é raro - representando apenas 1% do total de casos.
Autoconhecimento, prevenção e empoderamento
Cuidar da saúde é o primeiro ato de prevenção, afinal os fatores de risco de desenvolvimento da doença estão relacionados com obesidade, sedentarismo, má alimentação e consumo de bebidas alcoólicas.
“Segundo dados do INCA, cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados se a pessoa passar a ter hábitos melhores, como manter uma atividade física regular e ter uma alimentação saudável”, explica o doutor Aldemir Rizzo, encarregado do Serviço Médico do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM).
Dados do Ministério da Saúde afirmam que com essa mudança de hábitos na alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama. Outro fator que pode ajudar a evitar a doença é a amamentação. “Não ter amamentado não é fator de risco para a aparição da doença. A prática do aleitamento materno, o máximo de tempo, é um fator de proteção para o câncer”, explica o médico.
A doutora Sara Scremin, oncologista do Hospital Dr. e Sra Goldsby King | Mackenzie, em Dourados (MS), destaca entre os fatores de risco, os que podem ser modificados, como o tabagismo, nuliparidade (não ter filhos) e o uso de contraceptivo e reposição hormonal.
O empoderamento feminino tem desencadeado uma mudança no cenário atual em que se percebe uma união das mulheres na “tentativa de equidade, reforço do amor próprio e do fortalecimento coletivo. Isso repercute no crescimento das mulheres no cenário político e social, mas também numa autovalorização”, pontua a doutora.
Segundo a oncologista, quando falamos em prevenção, a autovalorização entra de uma forma muito forte, uma vez que a prevenção é um ato de amor e cuidado.
“Esse cuidado vem da motivação, idealmente intrínseca, mas que pode ser despertada por um estímulo coletivo. Podemos motivar e ser motivados. Informar e ser informados. Cuidar e ser cuidado. Se autoconhecer e poder cuidar”, completa ela.
Autoexame
O diagnóstico precoce é essencial, pois aumenta as chances de um tratamento efetivo e da cura. Por isso é importante cada mulher conhecer o seu corpo, analisar elevação, tamanho ou aparição de manchas. Segundo o INCA, a maior parte dos cânceres de mama são descobertos pelas próprias mulheres.
“Há evidência que mulheres diagnosticadas com câncer de mama em estágios iniciais I/II, têm taxa de sobrevida em 5 anos que varia entre 80% e 99%; enquanto em mulheres em estágios mais avançados, que desenvolveram metástase a distância, a taxa de sobrevida em 5 anos cai para menos de 30%”, pontua Sara.
Como explica a doutora, o grande diferencial nessa expectativa de cura é o diagnóstico inicial de achados suspeitos, que pode ser feito por meio de exames radiológicos, como mamografia e USG, mas também por meio da detecção de nódulos pelo autoexame.
O Ministério da Saúde recomenda que mulheres de 50 a 60 anos façam uma mamografia de rastreamento a cada dois anos, pelo menos. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia anual para mulheres a partir dos 40 anos de idade, visando o diagnóstico precoce.
“O que a maioria das mulheres não sabe é que esses exames, bem como o tratamento que envolve a doença, é coberto pelas operadoras de saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, essa é a maior contribuição do conhecimento adquirido pelo compartilhamento de informações: propiciar condições para o diagnóstico precoce e salvar vidas”, explica a oncologista.
Conscientização
Começou no dia 1º de outubro a campanha do “Outubro Rosa”, criada pela Fundação Susan G. Komen for the Cure no início da década de 1990, que tem como principal objetivo conscientizar a população da necessidade de prevenção do câncer de mama e do câncer de colo de útero. Alertar e pontuar a importância do diagnóstico precoce e proporcionar acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento é uma maneira de contribuir para a redução da mortalidade.
O câncer de colo de útero, segundo o INCA, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
“Da mesma forma que o câncer de mama, há meios para o diagnóstico precoce, bem como para detecção de lesões precursoras, essas últimas, se tratadas corretamente, levarão o paciente à cura”, explica a doutora.
O Diagnóstico é feito através da coleta da colpocitologia oncótica, o papanicolau. “Outro ponto de relevância é a disponibilidade na rede pública e privada da vacina do HPV, que é, sem sombra de dúvidas, uma estratégia realmente eficaz na prevenção dessa enfermidade”, finaliza a doutora Sara.
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