Dia do Pedagogo: educação e cuidado para além da sala de aula

19 de maio de 2020 | Atualidades Cultura Ética e Cidadania Colégios Instituto Campus Higienópolis Destaque São Paulo - Higienópolis Palmas Castro Brasília - Lago Sul Tamboré

Em 20 de maio celebramos o Dia do Pedagogo, instituído mediante a Lei nº 13.083/2015 com o objetivo de promover a discussão do papel da família e das escolas no desenvolvimento das crianças e jovens em seus processos educativos. Para comemorar a data, tratar da importância da atividade e falar dos desafios da profissão, conversamos com diversas pedagogas mackenzistas que trataram dos cenários da educação no país e comentaram um pouco sobre como “brilharam os olhos” ao escolherem esse caminho. Acompanhe a gente nessa homenagem que conta com reflexão e muita vontade de ensinar... e aprender.

Para a professora Márcia Cristina Dantas Leite Braz, superintendente do Ensino Técnico e Básico do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), ser pedagogo é muito mais do que ser professor e atuar na Educação Básica. “É ser cientista da Educação, estudioso do fenômeno educativo. Para isso, no entanto, é necessário repensar a Educação, as diretrizes curriculares que fundamentam os cursos de Pedagogia, de modo que reinterpretemos os principais conceitos e implicações da Pedagogia enquanto ciência da Educação”, diz ela.

Como define Vera Maria Alves Mendes, diretora da Educação Básica do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré, a Pedagogia “impulsiona o desenvolvimento da sociedade tocando vidas, desenvolvendo a plenitude das suas potencialidades, trazendo à tona o melhor do ser humano para que ele seja um agente de mudança, para si mesmo e para o meio onde vive”.

Na visão de Edna R. Gallucci Alves, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília (DF), ser pedagoga é ser desafiada constantemente, “a me tornar a minha melhor versão profissionalmente e como cidadã, arcando com as responsabilidades que tenho em auxiliar no desenvolvimento pessoal e pedagógico de toda uma nova geração. Ser pedagoga é uma corrida diária para evoluir junto às minhas crianças”, destaca.

Já Eliene Pires Nunes Coelho, coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e Fundamental I do Colégio Presbiteriano Mackenzie Palmas (TO), afirma que ser esse profissional da educação é compartilhar conhecimento, crescer e fazer o outro crescer. “É mostrar caminhos, conduzir a palavra da verdade, incentivar o crescimento diário, criar vínculos de amor e respeito, ser apaixonada e compreender a angústia do aluno”. Eliene ainda completa que a profissão a favorece a demonstrar o amor de Deus.

Visão compartilhada por Vanessa Ann Davies Moreira, coordenadora da Educação Infantil e 1º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré, que diz que ser pedagogo é ter o dom de ensinar, influenciar de forma positiva e amorosa, aprendendo a cada dia com os alunos e participando do seu desenvolvimento acadêmico, “mas principalmente do seu desenvolvimento como um ser único, criado à imagem e semelhança de Deus”.

Como lembra Marília Pecly, coordenadora da Educação Infantil e 1º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo, a palavra profissão nos faz pensar em ofício, trabalho com técnica e habilidades específicas, bem pertinente para o campo de atuação do Pedagogo. “Isso porque, ao longo de sua jornada, ele busca cada vez mais se capacitar, afinal, a educação está em constante transformação. Nosso principal objeto de trabalho deve ser as pessoas e não exclusivamente as necessidades administrativas que o cargo requer. Quando pessoas estiverem no centro de todas as nossas ações, teremos alcançado o verdadeiro êxito profissional”.

Desafios e barreiras

Dentre os muitos desafios da profissão, Márcia Braz destaca que fortalecer-se enquanto ciência da Educação no sentido de direcionar metodicamente, racionalmente, uma prática educativa talvez seja a maior dificuldade atual. “O que ocorre é que a Pedagogia é considerada de forma fragmentada, ora como filosofia da educação, ora como tecnologia, prendendo-se em valores e ideologias desvinculados do saber técnico-racional e metódico”.

Como solução, a professora recomenda considerá-la como Ciência da Educação, o que faria a Pedagogia transcender a atividade educativa em si e colocar-se como a própria condição de refletir, por meio das Ciências Humanas e Sociais, o fenômeno educativo, “com o objetivo de estabelecer novos ideários, modelos e diretrizes que respondam às demandas educacionais em esfera nacional e global”, complementa.

Marília também pontua essa dificuldade e descreve que o curso de Pedagogia já é o terceiro de graduação com mais alunos matriculados no Brasil, o que torna a capacitação docente; o desenvolvimento das políticas educacionais para reestruturação do curso, atendendo as necessidades didáticas; e um bom programa de residência pedagógica para propor práticas e experiências como os elementos principais do desafio atual para que este aluno, ao ingressar no mercado de trabalho, esteja mais bem preparado para exercer suas funções com mais propriedade e profundidade.

“Outro ponto de extrema importância é a formação continuada autônoma, hoje o pedagogo tem papel interdisciplinar e necessita, cada vez, mais de uma abordagem de especialista, com múltiplos saberes integrados voltados para todos os campos que integram a educação”, adiciona Marília.

A pandemia provocada pelo novo coronavírus também trouxe outras perspectivas desafiadoras. De acordo com a diretora Vera, antes da covid-19, uma das principais questões enfrentadas pelos profissionais da área era a adaptação dos conceitos e mecanismos do processo educativo às transformações provocadas pelo surgimento constante de novas tecnologias. Entretanto, “após as adequações impostas pela pandemia e a necessidade de educação on-line, que irá alterar os paradigmas da própria Educação, o grande desafio do profissional de Pedagogia hoje é manter o seu trabalho atual, relevante e inovador em uma sociedade que está se reinventando”, pontua ela.

Opinião que Edna também divide ao afirmar que a maior barreira “é lidar com as constantes mudanças que o mundo impõe com velocidade exacerbada, consequentemente alterando a forma de educar”.

Já Vanessa Moreira coloca que, apesar de não serem novos, alguns desafios da área permanecem em nosso país, como a falta de valorização do pedagogo, e da educação em geral, bem como recursos insuficientes e o fato de muitas crianças ainda enfrentarem dificuldades para ter acesso a um ambiente escolar adequado e materiais que atendam às suas necessidades.

Sobre a pessoa em si, Eliene ressalta que, pela característica do trabalho, existe a necessidade de um perfil bastante peculiar do professor, “que deve representar uma figura ao mesmo tempo paciente, criativa, empática e instigadora. Depositar nesse profissional uma responsabilidade social, pedagógica e emocional muito grande, tem sido umas das maiores dificuldades na pedagogia atual”.

A participação da família

Como assinala Márcia Braz, o papel da família tem primazia na corresponsabilidade do ato de educar com a escola, principalmente nos aspectos da socialização primária, transmissão dos valores, desenvolvimento da moral e ética dos seus filhos. “A escola dará continuidade ao percurso formativo acadêmico-profissional em seus aspectos formal e sistemático”.

Assim, é na família que a criança adquire os primeiros saberes e seu apoio é fundamental para que se desenvolva física, emocional, intelectual e espiritualmente. Vanessa lembra que as mudanças ocorridas na sociedade têm alterado esse formato. “O período de convivência entre pais e filhos diminuiu consideravelmente e o distanciamento tem sido cada vez mais frequente, afetando de forma negativa a formação das crianças”. Ela relata que princípios e valores éticos e morais muitas vezes são deixados de lado devido ao convívio reduzido das famílias, e o reflexo disso pode ser visto no processo de aprendizagem da criança e em seus relacionamentos com seus pares dentro da escola.

Isso porque, completa Vera Mendes, o ambiente familiar se configura como fator fundamental para o alcance pleno dos objetivos acadêmicos, pois é nele que o estudante supre suas necessidades de segurança física e emocional. “Um ambiente familiar saudável é fundamental para o desenvolvimento da autoestima, da criatividade e do protagonismo, tão primordiais para o sucesso do processo educativo”.

Em resumo, como diz Edna Alves, “precisamos lembrar que a formação do cidadão ocorre primeiramente dentro de casa, e que a escola possui o papel de complementar essa formação. Assim, a escola e a família devem andar conjuntamente e nunca sobrecarregar uma ou outra”.

Interesse e apoio

Um dos melhores caminhos para esse relacionamento é apontado por Eliene, que afirma que a escola precisa estar preparada para receber as famílias, com disposição franca e aberta. Ambas devem criar relações de respeito e companheirismo em prol da educação constante dos alunos, afinal, são parceiras nessa mesma missão.

Para que essa interação seja bem-sucedida, diz Marília, as famílias devem apoiar a organização escolar, e fazem isso “quando estão desejosos por compreender a importância do trabalho educacional, orientando e acompanhando os estudos em casa, em ambiente acolhedor e de motivação; promovendo a parceria com a escola em ambiente de diálogo, colaboração e cooperação, importantes a todas as partes”.

Como complementa Eliene, “os pais, a sociedade e a instituição de ensino devem estar em constante equilíbrio, tendo como objetivo comum o desenvolvimento do aluno”.

Vocação e o brilho nos olhos

E como um pedagogo descobre, afinal, sua vocação? Segundo nossas entrevistadas, os caminhos são muitos e diferentes. Edna conta que sempre soube que trabalhar com crianças era seu chamado, mas cursou três semestres de Serviço Social antes de se questionar a esse respeito. “Foi então que me recordei da minha professora Yara, do ensino primário, que me inspirou com sua maneira de ensinar, com paciência, sensibilidade e, sobretudo, demonstrando que amava o que fazia. Assim, decidi seguir seus passos, trocar de curso e me tornar Pedagoga”.

Já Eliene lembra que a pedagogia sempre esteve presente em sua vida, uma paixão que foi crescendo através das brincadeiras de grupo com as crianças da vizinhança em que morava. “A brincadeira preferida era de escolinha e casinha. Aos 12 anos de idade montei uma turma de alfabetização em baixo de uma árvore, onde consegui iniciar o processo de letramento com três crianças que não estavam desenvolvendo a leitura na escola”. Foi uma motivação que surgiu por meio de brincadeiras e cresceu com a confirmação dos resultados colhidos.

Vera Mendes recorda que é educadora desde seus 12 anos, quando iniciou seu ministério com crianças na escola dominical. “Minha principal referência e inspiração é a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo, em I Coríntios ensinou: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo. Esse conselho tem norteado não só minha trajetória de vida, como meu ofício de educar”.

Para Vanessa, a vocação também correu ao lado de seu caminho espiritual, pois desde pequena já gostava de cuidar de crianças menores e foi durante a adolescência que se voluntariou para trabalhar com as crianças na Igreja que frequentava. “Me inspirava a forma como as professoras voluntárias da escola dominical ensinavam às crianças e, ao vê-las, começava a pensar em como seria fascinante fazer isso no dia a dia, como profissão. Na escola secular, algumas professoras também me inspiraram com sua dedicação e amor, principalmente a do primeiro ano!”.

Para Marília o caminho foi outro, prestando atenção ao trabalho de orientação educacional, mesmo sem saber o que era logo de início. “Na época, eu não sabia da importância do Orientador Educacional ou dos papéis da gestão na educação, mas já tinha o interesse em acolher as crianças, mesmo sendo uma delas”.

Por fim, Márcia Braz conta que sua escolha foi motivada pelo encantamento com o “Ser-criança” e com os bons exemplos que teve com professoras, a começar pela sua própria mãe. “Educadora exímia, sempre me levava a aprender coisas novas e a mostrar o que tinha aprendido. Tudo isso num ambiente harmonioso, de muito afeto, disciplina e colaboração”.

Ela diz que o brilho nos olhos veio aos poucos, principalmente pela curiosidade em saber como as crianças aprendiam e se desenvolviam cognitivamente. A disponibilidade, vivacidade e curiosidade infantil para aprender coisas novas, sempre em contextos nos quais o brincar, o interagir com afeto e a alegria faziam parte de qualquer atividade que ela desenvolvia junto a elas, quando ensinava também na escola dominical da Igreja.

“Paralelamente a isso, sempre pensava sobre as questões da educação brasileira, os desafios, a vida escolar, os professores, as diferentes formas que ensinavam. No meu percurso, como estudante de Pedagogia, percebia que ser professora era bem mais complexo do que imaginei, e muito mais interessante. Para responder minhas questões, precisava dialogar com áreas diversas do conhecimento, tais como, a filosofia, psicologia, sociologia, considerar aspectos sociais, políticos, econômicos, isso era lidar com a Educação! Cada percurso acadêmico que trilhava, ficava mais feliz e segura acerca da profissão que havia escolhido”.

Seja por inspirações na infância, dentro de casa, na sala de aula ou mesmo atuando com colegas, a Pedagogia trilha um caminho de amor e dedicação, formando cidadãos e melhores pessoas. É uma atividade de extrema importância e sensibilidade que contribui para o agora e para o futuro. E, “para além da sala de aula, incluindo a educação especial e a administração escolar, este profissional pode atuar em empresas, instituições hospitalares, em editoras, em pesquisas científicas... O leque de oportunidades do pedagogo é muito maior do que muitos imaginam”, conclui Marília.

Feliz Dia do Pedagogo!

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