Mackenzie recebe debate sobre qualidade e oferta de pós-graduação
05 de junho de 2019 | Atualidades Reitoria Universidade Campus Higienópolis Destaque
Para discutir os rumos da pós-graduação lato sensu no Brasil, na manhã de 05 de junho, estiveram reunidos no campus Higienópolis do Mackenzie especialistas que participaram do seminário gratuito Desafios da Pós-Graduação, realizado pela Folha de S.Paulo, e que teve o patrocínio e apoio da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
Benedito Guimarães Aguiar Neto, reitor da UPM, foi um dos debatedores e destacou a importância de tais cursos para o desenvolvimento brasileiro, pois que “oferecem arcabouço de atualização do conhecimento, uso de novas tecnologias, e também de novas regulamentações”, diz preocupado com o aumento no número de cursos sem que isso esteja atrelado à qualidade.
Isso porque as duas mesas de debates giraram em torno do possível crescimento na oferta de cursos e a manutenção ou não da qualidade deles após Resolução editada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) do Ministério da Educação (MEC), em abril de 2018, que autorizou empresas e institutos (públicos e privados) a oferecerem cursos de especialização que antes eram apenas permitidos a instituições de ensino promover. A medida também prevê uma redução, de 50% para 30%, no número mínimo de professores mestres e doutores nos cursos.
Marcelo Leite, colunista da Folha, moderou as discussões e ressaltou que o panorama da educação nacional está se transformando, assim como o mercado, e é preciso analisar se as novas medidas trarão mais benefícios ou prejuízos para a sociedade brasileira. A plateia também participou ativamente do evento, fazendo questionamentos aos debatedores.
Parcerias, TCC e novos cursos
Para Aguiar Neto, a Resolução do CNE possui pontos positivos, mas ao dar liberdade para qualquer instituição criar cursos de especialização, abre brecha para a tendência de duplicação de cursos, que podem aumentar número de alunos sem aumentar áreas do conhecimento abrangidas, o que seria uma perda para a sociedade de maneira geral.
“Além disso, a tendência dos cursos lato sensu é ser voltada a uma demanda de mercado e, nesse quesito, vejo com bons olhos a solução que diz respeito a parcerias entre empresas que necessitam deste treinamento e instituições de ensino credenciadas e de qualidade, a exemplo do que muito já se faz em programas de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) com corporações”, assinala o reitor da UPM.
Já para Roberta Lins Estevam de Barros, assessora jurídica do Semesp, a Resolução traz um novo marco regulatório e a vê de maneira positiva, pois acredita que a decisão anterior engessava algumas partes. “Essa nova decisão atualiza e dialoga com regras da Educação a Distância (EAD), conversando com uma demanda do mercado”. Ela afirma que a não obrigatoriedade do Trabalho de conclusão de Curso (TCC) é algo bom para a dinâmica do curso também. “Outra oportunidade diz respeito aos cursos de stricto sensu de mestrado e doutorado: caso não consiga encerrar o curso, o aluno consegue converter os créditos em especialização”, pontua ela.
Quando questionada se o TCC não é uma oportunidade para o aluno demonstrar o seu aprendizado, Roberta afirma que a Resolução deixa a instituição criar seu próprio projeto pedagógico. “Podendo exigir outras coisas no lugar do TCC, como a criação de uma startup, de novos produtos e serviços, por exemplo. Isso porque, apesar da crise vivida, ainda que a economia retome o crescimento, as vagas no mercado estarão diferentes. O que trará diferencial é criar novos cursos, especialmente vinculados ao mercado de trabalho”, completa ela.
Educação e mercado
Sobre investimentos na educação, Steven Assis, diretor-geral do Santander Universidades e diretor-executivo da Universia no Brasil, coloca que esta foi a melhor forma que o banco encontrou para apoiar a sociedade. Com apoio acadêmico e bolsas de estudo, no Brasil já foram mais de 40 mil bolsas, sendo quatro mil delas disponibilizadas neste ano. “Nosso foco é na internacionalização, nas pessoas em estado de vulnerabilidade social e em estágios, o que abarca nossos pilares: formação, emprego e empreendedorismo, seja por vocação, seja por necessidade. Nossos critérios, no entanto, são baseados no mérito acadêmico e apoiamos apenas cursos registrados no MEC”, conta ele.
Segundo enfatiza ele, a empresa que hoje não investir em educação, vai ficar para trás. “Elas não podem se dar a este luxo. O Santander, por exemplo, tem a Academia Santander que oferece capacitação aos colaboradores, mas que não compete com cursos lato sensu”, complementa Assis.
Luiz Roberto Liza Curi, presidente do CNE, defende a Resolução do Conselho e diz que ela organiza aspectos que estavam quase abandonados e retira uma burocracia desnecessária do processo. “Havia um oceano de judicialização de instituições não credenciadas que já ofereciam cursos de lato sensu de qualidade por meio de autorizações judiciais. A ideia é oficializar tais instituições e passá-las por um processo de adequação. Além das instituições que ofertavam apenas stricto sensu e podem agora se expandir e passar a alguns cursos de lato também”, destaca Curi.
Para ele, o lato sensu é uma ótima experiência que integra uma equação indústria e empresa, e pode oferecer a base para novas pesquisas e cursos no campo stricto sensu. “É preciso ter qualidade na formação para estimular uma reação não cíclica à crise, com ordenamento curricular e formação adequada de docentes, incluindo, além de mestres e doutores, profissionais notáveis do mercado. Uma demanda que já é vista na graduação”.
De acordo com Curi, é possível conciliar o aumento da oferta de cursos com alta qualidade. “Temos espaço para fazer este credenciamento e avaliação de forma séria. A dicotomia entre aumento de cursos e qualidade tem de ser resolvida por projeto apresentado. Os currículos precisam criar significados para os estudantes”, adiciona ele.
Em contraponto, Aguiar Neto entende que a Resolução de abril/2018 do CNE é ilegal e fere a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), artigos 44 e 45, que se referem a padrões que devam ser atendidos especificamente por instituições de ensino, deixando uma lacuna legal neste ponto.
“Uma vez que, no momento em que instituições não educacionais ofereçam cursos deste tipo e ainda com diminuição do corpo docente qualificado, há uma contradição nestes aspectos”. Ele pontua ainda que o credenciamento e avaliação dos cursos oferecidos por diversas entidades podem enfrentar percalços. “Por isso, em breve, estaremos dando um novo encaminhamento de sugestão de alteração da medida. Precisamos, de maneira conjunta, encontrar as melhores soluções para nosso país”, encerra ele.
Confira a cobertura da segunda mesa de debate do mesmo seminário!
Notícias Relacionadas
Os novos desafios da comunicação interna
Em um cenário ágil e tumultuado, engajar colaboradores passa pela descoberta de propósito e transparência
Atualidades
Direito do Trabalho comparado é tema de curso no Mackenzie
Aulas discutem questões comparando sistema jurídico português e brasileiro
Atualidades
Reitor do Mackenzie participa do 8° Fórum de Reitores do Brasil
Esteve presente no evento também o astronauta Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação
Universidade
Especialistas debatem transformações na Educação em Seminário da Folha de S.Paulo
Encontro ocorreu no Mackenzie, em 05 de junho, sobre Desafios da Pós-Graduação
Atualidades
MackInova incentiva empreendedorismo como opção de carreira
Em palestra de encerramento, nove grupos vencedores foram premiados
Atualidades
Mackenzie e Gordon College estabelecem novas parcerias
Em encontro nos EUA, diretor Solano Portela, do Mackenzie, é reconhecido por atuação na Educação
Cultura
Centro Mackenzie de Liberdade Econômica representa Brasil em conferência internacional
Pesquisadores participam de encontro da Mont Pelerin Society, em Dallas, nos Estados Unidos
Economia
Posse do Chanceler
O reverendo Robinson Grangeiro toma posse e assume a Chancelaria do Mackenzie, em cerimônia realizada no Auditório Escola Americana, campus Higienópolis,…
Semana de Preparação Pedagógica UPM
Para dar boas-vindas aos professores no ano de 2020, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), por meio da reitoria, realiza a XVII Semana de…
Livro Cartas de Princípios
A Editora Mackenzie lança, no auditório Ruy Barbosa, do campus Higienópolis, o livro Cartas de Princípios: 2000-2019, organizado pela Chancelaria do…
Programa de rádio
Durante 2020, que marca os 150 anos do Mackenzie, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) transmitirá ao vivo, às segunda-feiras, o podcast,…
Lançamento dos livros: Dicionário Enciclopédico de Instituições Protestantes no Brasil: Instituições Educacionais
O livro "Dicionário Enciclopédico de Instituições Protestantes no Brasil: instituições educacionais", organizado por Lidice Meyer Pinto Ribeiro, Alderi…
Combates pela História Religiosa: Reforma e Protestantismo na visão de Émile Léonard
No dia 31 de janeiro, no auditório Ruy Barbosa, no campus Higienópolis do Mackenzie, acontece o lançamento da obra "Combates pela história religiosa:…
Lançamento Podcast 150 anos
O professor e jornalista Alvaro Bufarah recebe personalidas ligadas às diversas áreas do Mackenzie para um bate-papo de 30 minutos no podcast. A…
Posse do Reitor
No dia 10 de fevereiro, Marco Tullio de Castro Vasconcelos toma posse como reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), assumindo o lugar de…
Mesa de Inovação e Empreendedorismo
No dia 05 de março, a Universidade Presbiteriana Mackenzie realiza a mesa de debates "O Conhecimento Científico e Tecnológico e a Inovação: desafios e…
25ª Feira de Livros
Márcia Braz
Projeto Reescrever
A Gerência de Responsabilidade Social e Filantropia (GERSF), por meio do Mackenzie Voluntário, realiza o Projeto Re-escrever, que tem como objetivo apoiar…
Diálogos Comunitários
Rev. Robinson Grangeiro Monteiro e Eduardo Abrunhosa