Nos 70 anos da Universidade Mackenzie, reitor cita busca incessante pelo melhor desempenho
20 de abril de 2022 | Universidade Destaque
A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) completa 70 anos neste dia 16 de abril, mas sua trajetória remonta há tempos antes. No ano de 1896, o primeiro curso da Escola de Engenharia (EE) foi criado, com os diplomas emitidos ainda pela Universidade de Nova Iorque. Foi só em 1952, que o então presidente Getúlio Vargas reconheceu o Mackenzie como uma Universidade, por já ter mais cursos e outras unidades acadêmicas.
Agora, a Universidade tem à sua frente o reitor Marco Tullio de Castro de Vasconcelos, que assumiu o cargo em 2020, pouco antes da pandemia de covid-19, e que completou dois anos na Reitoria em 2022. Continuando a série sobre a data comemorativa, conversamos com ele para saber um pouco mais sobre seus dois anos de gestão e quais foram os ganhos de experiências pessoais e profissionais nessa trajetória. Confira!
O Mackenzie tem mais de 150 anos de contribuição à educação brasileira, sendo os últimos 70 anos coroados com o status organizacional de universidade. Para o senhor, quais são os grandes diferenciais da UPM?
Marco Tullio: Eu digo que já temos 500, se formos somar os anos de cada curso e unidade acadêmica (risos). O fato de ser uma universidade, por si só, já fala do que ela é: uma instituição que além de procurar fazer sempre um ensino de excelência, se dedica à pesquisa em suas variadas formas, bem como ao desenvolvimento de seus estudantes, oferecendo uma extensão relevante na sociedade.
Quando participamos de encontros com secretários municipais e estaduais, representantes do Governo Federal, civis, militares, empresas nacionais e estrangeiras, percebemos uma admiração pelo Mackenzie e não é só nesses dois anos que estou aqui na Reitoria, é de uma construção de muitos e muitos anos. É só observar a contribuição da Universidade ao estado de São Paulo, seja pelos seus arquitetos, engenheiros, educadores, no mundo do direito, desembargadores, juízes, delegados e ministros, inclusive nossos professores, que são grandes figuras em diversas áreas.
A professora Nadia Somekh, por exemplo, que é também presidente do Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo (CAU-SP), foi indicada ao título de membro honorário e recebeu uma medalha presidencial do Instituto Americano de Arquitetos, associação profissional de arquitetos dos Estados Unidos, sediada em Washington. Outro exemplo é a professora Maria Helena Moura Neves, do Centro de Comunicação e Letras (CCL), que ganhou o prêmio Ester Sabino.
Estou no Mackenzie há seis anos, e muitos professores receberam prêmios, então posso dizer que a Universidade tem essa tradição de ter quadros respeitados dentro e fora da instituição. O trabalho feito pelos docentes é reconhecido e premiado. Nossos alunos também, como as competições de Arbitragem do Direito, prêmios de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), como a Casa de Jajja, e muitos outros.
Qual é a sensação de ser reitor de uma Universidade como o Mackenzie?
O reitor é um maestro modesto, porque aqui temos grandes trompetistas, grandes harpistas, violoncelistas. Em cada área do saber, nós temos coisas maravilhosas para contar. As pessoas diziam: ‘na minha época os engenheiros mais famosos que tocavam cidades e empreendimentos eram mackenzistas’. As pessoas têm carinho pelas boas lembranças, pelo o que foi cultivado aqui dentro, desse espírito mackenzista - que não conseguimos "tocar", mas sabemos e sentimos que existe. Sou uma pessoa abençoada por Deus, Ele me deu a oportunidade de ser reitor de uma Universidade maravilhosa. Tenho de olhar para trás e agradecer aos antigos reitores da Universidade e aos presidentes do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), por tudo que foi feito nessa trajetória. Esse aniversário é um marco! A Bíblia diz que não se deve remover os marcos antigos. As contribuições da Universidade são muito mais antigas, antecederam sua organização como Universidade. O fato dela ter esse status, e até hoje preservá-lo, pensando que algumas instituições nasceram e morreram nesse período, é um momento histórico e motivo de celebração nesse aniversário de 70 anos.
Eu me sinto muito realizado por estar aqui e poder orientar o uso deste patrimônio, seja cultural, material, ou de valores éticos. Sou responsável por fazer e indicar o bom uso de tudo isso. O cargo de reitor não pode ser para meu prazer pessoal, de vaidade, ele tem que ser bem usado. Tenho uma realização muito grande porque, apesar de todas as limitações, estamos fazendo um bom trabalho. O time todo! É um trabalho coletivo. Tenho que destacar o trabalho de diretores, coordenadores e professores.
Em seis anos de Mackenzie, sua atuação como reitor já ocorre há dois anos. Como o Mackenzie contribuiu para sua trajetória pessoal e profissional?
Eu venho de uma instituição diferente, uma universidade pública federal. Lá eu tive a oportunidade de atuar em gestão, mas, evidentemente, como é muito grande, não é todo mundo que chega a vice-reitor e reitor. Aqui tive a oportunidade de chegar a esses postos. Se formos pensar em termos de coroação de uma trajetória acadêmica e político-administrativa dentro de uma universidade, cheguei ao topo do que era possível. Não posso reclamar de ninguém, sou grato a Deus e ao Conselho Deliberativo que me deu essa oportunidade.
No entanto, quando pensamos em exercer um cargo que você nunca exerceu, você reflete ‘poxa vida, tem tanta gente boa, nesse Brasil, aqui em São Paulo, que poderia estar aqui’. Eu reconheço que tem gente muito competente, com habilidades ou competências melhores que a minha, e talvez eu tenha competências que outras pessoas não têm. Aposto nesse meu jeito de ser mais humano, tenho uma preocupação social muito grande. Me incomoda muito a situação de pobreza, violência, exclusão, e uma universidade não pode estar na sociedade e fechar os olhos a tudo isso.
Três coisas com as quais me preocupo muito na minha gestão são: manter uma Universidade bem administrada, atingindo seus objetivos, sem gastar recursos à toa; perseguir o tempo inteiro os melhores resultados acadêmicos, ou seja, quero ver a UPM nas melhores posições dos rankings mais expressivos, essa insatisfação permanente eu sempre tenho. E, por último, o aspecto de viver aquilo que a gente prega, então, por ser uma instituição confessional, filantrópica, comunitária, em que lidamos com pessoas com vulnerabilidade social, tenho que viver esses meus compromissos de uma maneira íntegra, não posso ter um discurso não praticado.
Assim, o fato de tentar atender às pessoas, por exemplo, no Mackenzie Pra Você, voltado para quem não pode pagar a mensalidade de forma integral, que vem de escola pública, é uma oportunidade que estamos dando a essas pessoas, e eu tenho que apoiar a permanência desses estudantes. Para mim, cada cadeira vazia dentro da sala de aula é uma vida abençoada a menos. Se sou uma instituição cristã, quero abençoar o maior número de pessoas possível.
Não sabemos quanto tempo durará seu mandato. Mas se o senhor tivesse que escolher alguns elementos para deixar como legado e ser lembrado pelas pessoas, quais seriam?
Eu gostaria que houvesse uma preocupação e um entendimento de que há um respeito muito grande com o ser humano, a pessoa, seja ela quem for - funcionário, aluno ou professor. Temos trabalhado muito aqui para manter o clima bom, de confiança. Eu gostaria de melhorar as relações humanas, ter um clima mais agradável, menos agressivo, sem desconfiança, segundas intenções, busco sempre um ambiente pacífico e gostoso de trabalhar.
O outro, que não dá para a Universidade não pensar, é da busca incessante de fazer o melhor, do aprimoramento constante, de querer ser vencedor, querer ter a melhor nota. Porque entendo que a gente tem de fazer tudo para glória de Deus, e aquilo que vem na mão da gente, não podemos executar de qualquer jeito, não dá para fazer de forma "relaxada".
Gostaria de ver coisas assim ao final do meu mandato: "É uma instituição que se preocupa com quem trabalha, com o lado humano, com o estudante, com a trajetória deles. Um local que se preocupa com quem precisa e com o ambiente que oferece". De fato, tenho esse sentimento de que Deus tem colocado no meu coração esse lado humano e social.
Todos esses projetos que mencionamos já mostram esse apoio e preocupação. Gostaria de acrescentar algo?
Eu trabalho aqui com muita motivação. Tenho dias difíceis, reclamações, mas não venho com tristeza; venho com muito ânimo, sonho, motivação e garra de pensar. Não dá para não termos essa animação, porque se eu não tiver, como vou passar isso para as pessoas? Tenho que cuidar muito da minha cabeça, da minha condição como líder, no sentido de acreditar que as coisas são possíveis de serem feitas.
A contribuição dos 70 anos é de todos e nesses dois últimos anos como reitor fui apoiado por diversas pessoas. Não posso deixar de agradecer à Igreja Presbiteriana do Brasil, aos antigos presidentes do IPM, ao atual presidente, Milton Flávio Moura, ao chanceler Robinson Grangeiro e ao Conselho Deliberativo do Mackenzie. Tenho recebido palavras de ânimo, sugestões e cobranças também. Minha palavra é de gratidão.
Se vou ficar aqui até o final do ano ou muito mais tempo, isso não importa, vamos fazer o melhor que pudermos, cada dia é o dia de fazer o melhor que pudermos. Já que a Instituição é mais importante que seu reitor, enquanto Deus nos permitir, vamos fazer o melhor!
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