Saúde financeira: como evitar gastos impulsivos e fechar o ano no azul
24 de setembro de 2024 | Fala, especialista
A saúde financeira de um indivíduo pode ser conceituada como o equilíbrio entre receitas e despesas, o controle das dívidas, a existência de poupança e de investimentos, além da capacidade de lidar com imprevistos sem comprometer os planos de longo prazo. Ela envolve tanto a organização quanto a tranquilidade financeira, de forma que o indivíduo possa viver com estabilidade e alcançar suas metas sem sobrecarga financeira.
“Uma boa saúde financeira favorece a liberdade para viver com qualidade”, afirma Maurício Takahashi, professor do curso Administração na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Alphaville.
Compras impulsivas vs. inteligência financeira
O impulso de comprar itens não essenciais de forma descontrolada e frequentemente pode ser entendido como consumismo. O hábito é nocivo tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. O consumo desenfreado pode favorecer a aceleração no esgotamento de recursos naturais. “Se não houver mecanismos adequados para lidar com a busca por conforto, o consumo é uma saída
superficial para algo mais profundo. As compras impulsivas geralmente estão relacionadas a fatores emocionais: estresse, ansiedade, euforia ou tédio”, explica o docente.
Leia também: Como gerenciar o dinheiro e garantir um futuro seguro
Um passo relevante para vencer a cultura do consumo excessivo é desenvolver habilidades de escolha consciente. Por exemplo, cuidado com os conteúdos que aparecem constantemente nas mídias sociais. “Alguns fatores externos como o fácil acesso ao crédito, a cultura de consumo, o marketing digital, com anúncios personalizados, promoções relâmpago e estratégias que despertam a sensação de urgência, impulsionam o consumo desnecessário.” Como é difícil bloquear os anúncios, a vigilância desses fatores pode auxiliar a construir hábitos de consumo mais saudáveis e conscientes.
Essa conscientização abre espaço para questionamentos sobre os padrões de compra. Qual é a real necessidade de obter este produto ou serviço? Qual situação está levando a desejar este item? Este gasto pode ser evitado? “Práticas como manter uma lista de prioridades, adiar a compra por 24 horas, sair do ambiente ou do contexto de forma a mudar o estado de humor para avaliar se os gastos são realmente necessários, podem ser eficazes”, afirma Maurício.
Evite armadilhas e endividamento
Ao mudar um hábito, é mandatório começar com pequenos passos e metas realistas. Embora o retorno não seja imediato, é necessário ter paciência. “O uso de aplicativos de controle financeiro são recomendados para facilitar o registro e a classificação dos gastos, a fim de se manter em disciplina. Saber quanto está indo para alimentação, transporte, lazer, etc. é uma informação que comparado com o orçamento pode trazer clareza de novas estratégias e metas a serem alcançadas”, aconselha o professor.
Cair em dívidas e juros de parcelamento é muito comum, principalmente em compras impulsivas e/ou feitas sem o devido planejamento e atenção. Uma forma para evitar o endividamento é pensar que é uma conta do presente a ser paga com o dinheiro do futuro. “Parece ser muito bom, mas lembre-se que terá que “devolver” esta quantia e os juros embutidos. Se a conta não fechou no presente e teve que recorrer ao dinheiro do futuro, o que garante que você vai gerar ainda mais renda para pagar as despesas recorrentes e mais a dívida feita?”, reflete Takahashi.
O cartão de crédito deve ser uma ferramenta de conveniência, de organização e não de financiamento, por isso é importante pagar a fatura integralmente no vencimento para evitar juros ‘em bola de neve’. Além disso, estabelecer um limite que se encaixe no orçamento e controle das compras parceladas para não acumular compromissos futuros e perder o controle são fundamentais para o controle. “O remédio pode ser amargo, mas a saúde financeira é muito compensadora”, destaca o professor.
Educação financeira é essencial para viver bem
Ter dinheiro reservado para emergências é necessário para o bem-estar psicológico e sensação de estabilidade. Nunca se sabe quando será necessário utilizar recursos adicionais, e essa imprevisibilidade pode causar ansiedade: “Para gerenciar imprevistos é importante ter uma reserva de emergência que cubra de seis a doze de despesas essenciais. Tudo isso? Sim. Lembre-se que não é raro que uma pessoa demore este tempo para uma recolocação no mercado, ou mesmo para se recuperar de uma questão de saúde”, aconselha Takahashi.
“A educação financeira é fundamental para criar consciência sobre a importância do planejamento e do controle de gastos. Ela ajuda as pessoas a entenderem o impacto das suas decisões financeiras, evitarem comportamentos impulsivos e cria uma base sólida para a construção de um futuro financeiro equilibrado. Quanto mais informados estamos, mais preparados estamos para tomar decisões conscientes e evitar armadilhas financeiras. Com bom planejamento e controle é possível evitar gastos impulsivos e fechar o ano no azul”, conclui o profissional.
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