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Meu filho tirou nota baixa. E agora?

20.08.2020 - EM Cotidiano

Coordenação

"Mais do que motivo de apreensão para os filhos, uma nota baixa provoca ansiedade também nos pais que não sabem, muitas vezes, como reagir adequadamente ao problema"

Poucas coisas afligem mais os estudantes do que aguardar o resultado de uma prova. Mais do que isso, só mesmo quando a preocupação se justifica e a nota baixa, de fato, aparece. Além da sensação de derrota, da inevitável comparação com os colegas, o aluno ainda se vê às voltas com mais uma angústia: como os pais irão reagir ao fato?

Para o professor Ênio César de Moraes Fontes, coordenador de Educação Básica do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília Internacional, a reação dos pais precisa levar em conta, primeiramente, o perfil do filho e de como ele está lidando com a situação.

“O primeiro movimento dos pais deve ser de acolhida. Reações atabalhoadas e excessivamente enérgicas tendem a piorar o quadro, visto que, sem o respaldo familiar, o estudante, nos próximos contextos de avaliação, há de ter menos confiança em si e de se sentir ainda mais pressionado. Na maioria das vezes, esse clima não contribui para a superação das dificuldades”, adverte.

Fontes sugere que os pais analisem o contexto de forma equilibrada, não se esquecendo, jamais, que educação é processo. “Se profissionais — adultos, maduros, bem preparados e dedicados — têm seus ‘dias infelizes’, por que exigir da criança e do jovem, seres em formação, performances irretocáveis? Deve-se sempre enfatizar o processo, e não a famigerada nota baixa”, aconselha.

O coordenador ressalta que é muito importante para os pais procurarem, juntamente aos filhos, compreender o que levou a esse mau resultado, considerando todos os aspectos envolvidos e buscando responder a algumas questões: a preparação para o exame foi adequada? No momento da prova, o filho estava tranquilo? A prova pareceu difícil no momento da aplicação? Houve compreensão dos erros por parte do filho quando o professor corrigiu/comentou a prova? Qual o parecer do professor acerca dos resultados individual e coletivo?

“É fundamental que o estudante sinta a segurança da parceria com a família, não deixando de reconhecer a responsabilidade como protagonista do processo. Não convém buscar culpados pelo episódio, como se uma nota baixa fosse o fim do mundo! Deve-se orientar a criança ou o jovem de modo que esse seja um ‘tropeço pedagógico’, expõe. “Outra ação recomendada é que o estudante interaja com o professor, em busca de ajuda: primeiro, para entender o que houve; depois, para evitar que se repita”, diz.

Quando a nota baixa pode ser considerada normal?

Nas circunstâncias ideais, a nota baixa é exceção, e não regra, avalia o coordenador. Segundo ele, em um ambiente organizado e harmônico, o professor explica o conteúdo, paciente, clara e didaticamente, em sequência predeterminada, em planejamento. O aluno, interessado, acompanha a explicação, participa da aula, faz as atividades propostas e busca esclarecer as dúvidas por conta própria, com apoio familiar ou em plantões. A prova, coerente com as explicações e as atividades, contempla o que foi ensinado/estudado, tem nível razoável de exigência e é aplicada em ambiente controlado. Resultado: sucesso!

Assim, em quais circunstâncias a nota baixa pode ser considerada normal? “Basicamente, quando há disfunção em algum desses estágios. Se o professor falhar nas explicações, se o aluno falhar em seu ofício — de estudar — e/ou se a prova não for condizente com as aulas e exercícios preparatórios, os resultados podem ser comprometidos”, esclarece. “Além disso, pode haver ruídos durante a aplicação os quais dificultem a concentração do estudante. Por exemplo, é de se esperar que um estudante adoentado ou abalado emocionalmente por uma perda familiar tenha seu desempenho comprometido em uma prova; que um adolescente apaixonado, de repente, perca o foco dos estudos e tenha baixo rendimento”, argumenta.

Mas e se as notas baixas deixam de ser uma exceção e passam a ser rotina na vida escolar do estudante? Neste caso, esclarece Fontes, faz-se necessário o acompanhamento mais cuidadoso de todo o processo, bem como buscar maior aproximação com os professores e a escola, na figura do Serviço de Orientação Educacional (SOE), para a (re)definição de estratégias de ajuda ao estudante. Isso, segundo ele, sem jamais tirar do filho a grande parcela (na verdade, a maior) de responsabilidade que lhe cabe.

Apoio da escola

Para o coordenador, os pais não só podem como devem buscar apoio na escola para lidar com a situação. Segundo o coordenador, os professores e o orientador educacional são profissionais preparados, que estão à frente do processo educacional e, na interlocução com as famílias, têm condições de oferecer subsídios a fim de que estratégias eficientes e eficazes sejam encontradas e os maus resultados sejam revertidos.

“O diálogo entre a família e a escola deve ser permanente e transparente, sobretudo porque, no processo educacional de crianças e de adolescentes, dada a complexidade dessas fases, há inúmeros fatores que podem interferir no desempenho escolar. Ao primeiro sinal de dificuldade, esses atores precisam interagir em busca da solução do problema. Caso a família não (re)aja, a escola tem a obrigação de acioná-la imediatamente. Cabe à escola orientar profissionalmente a família, esclarecendo as estratégias a serem adotadas, bem como os papéis do estudante e da família nesse contexto”, analisa.

“A criança ou o adolescente precisam sentir que têm os pais e os professores ao seu lado, com a percepção de que o ‘fracasso momentâneo’ sempre abre uma porta para a superação e o crescimento”, conclui.

 

“Quem presta atenção no que lhe ensinam terá sucesso; quem confia no SENHOR será feliz”. Provérbios 16:20 NTLH


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