Vinheta: Centro Histórico
Título: 25 anos de CHCM: onde há Mackenzie, há história
Título: 25 anos de CHCM: onde há Mackenzie, há história

Centro Histórico e Cultural Mackenzie comemora jubileu de prata com programação cultural e atividade intensa; objetivo é cultivar ainda mais a identidade e cultura mackenzistas.

Fotos: NTAI/Mackenzie

Ninguém duvida de que o Mackenzie tem muita história. Fundada no final do século XIX no centro de São Paulo, a instituição de ensino atravessou o século XX sendo personagem e testemunha do crescimento da cidade e de eventos que marcaram a vida brasileira. Por seus prédios e jardins circularam centenas de pessoas, antigos alunos e professores da casa, que marcaram a vida política, econômica e cultural do Brasil. Mas muitos não sabem que essa sólida história ainda não foi totalmente contada — e esta é a tarefa do Centro Histórico e Cultural Mackenzie (CHCM), que completa 25 anos em 2022. Milhares de itens arquivísticos e museológicos do Mackenzie estão sendo digitalizados, e outros ainda precisam ser catalogados. Na missão de preservar, contar e divulgar a história e a identidade mackenzistas, o CHCM prepara uma programação especial para seu jubileu de prata.

“O CHCM é o vetor de manifestação de nossa identidade institucional. Ou seja, o que é o Mackenzie, do ponto de vista da memória e das expressões culturais”, define o reverendo dr. Robinson Grangeiro Monteiro, chanceler do Mackenzie. Presente também nas cidades de Barueri (SP), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), Brasília (DF), Palmas (TO) e Dourados (MS), a Instituição quer por meio do CHCM ajudar a construir a memória das instituições mantidas pelo IPM Brasil afora. A história do protestantismo no Brasil, da educação e do urbanismo são outros temas sobre os quais o CHCM deve trabalhar mais intensamente nos próximos anos, abrindo espaço para a pesquisa acadêmica e para visitas culturais à sede do CHCM, no campus Higienópolis.

Mudanças no tempo

Criado pelo Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) em 1997, com o objetivo de preservar a memória institucional e com a denominação Centro Histórico Mackenzie, o CHCM já esteve sob a guarda de diferentes gestões na Instituição. Nos primeiros quinze anos de existência, fez parte da Gerência de Responsabilidade Social; em 2012, passou à gestão da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), quando foi adicionado o termo “cultural” ao seu nome. Desde 2020, o CHCM está subordinado à Chancelaria. “Quando o Conselho reposiciona o Centro Histórico e o traz para o IPM, sob a gestão da Chancelaria, ele dá a dimensão de que esse trabalho pertence e envolve a Instituição inteira”, afirma o historiador e professor dr. Eduardo Abrunhosa, coordenador do CHCM.

A ampliação da perspectiva sobre o CHCM também foi espacial. Em 2021, o acervo foi retirado do Edifício Mackenzie e transferido para um novo espaço do campus Higienópolis, que passou por uma rigorosa adequação a fim de receber a coleção. Conhecido como o Prédio 1, o Ed. John Mackenzie é a edificação mais antiga no campus Higienópolis e será restaurado em breve. A mudança do acervo e dos laboratórios para outro edifício no campus ajudou a estabelecer entre a comunidade mackenzista a natureza do CHCM, cuja identidade até então se misturava à do prédio onde estava instalado. “O CHCM não é o Prédio 1. O edifício faz parte do patrimônio tombado e compõe nosso acervo edificado. Os prédios que estão no campus e compõem os bens tombados são parte de nosso acervo, assim como troféus, livros e documentos, apenas com naturezas distintas”, esclarece Abrunhosa.

Construir a memória

Sob a gestão da Chancelaria, as atividades do CHCM foram organizadas em duas principais vertentes: Memória & História e Cultura & Arte. O segmento Memória & História abarca o tratamento do acervo mackenzista, trabalho intensificado nos últimos anos. “Quando assumimos o CHCM em 2020, nossa primeira tarefa foi a reorganização do acervo, passando pelo trabalho de tratamento catalográfico e digitalização. Estamos falando em algo superior a 350 mil itens”, afirma o coordenador do Centro. Esse acervo é composto de uma miríade de itens, que abarcam desde documentos, fotos e plantas de edifícios até objetos tridimensionais, como troféus esportivos, medalhas, materiais escolares e mobiliário. Juntos, eles mostram como o Mackenzie já foi e como se transformou no tempo.

A digitalização vem tornar essa memória acessível a todos por meio da internet, com o lançamento do site Memória Mackenzie — que também marca os 25 anos do Centro. Além de repositório digital do acervo, que será alimentado e atualizado conforme as atividades de digitalização avancem, o portal concentrará a agenda e conteúdos culturais relacionados ao Centro.

Replicar digitalmente o acervo mackenzista exige fôlego, e as instalações do CHCM no Prédio 50 estão funcionando em sua máxima potência. “Existe um esforço de verificar a condição e a patologia dos itens, porque, dependendo do estado, eles sequer podem ser expostos ao processo”, esclarece o coordenador. Três empresas foram contratadas para atuar na missão: a primeira para digitalizar arquivos; a segunda para documentar mídias, como fonogramas, fitas cassete e LPs; e a terceira para fotografias e acervo museológico, que inclui móveis, bustos e quadros. “Nosso acervo é superior a 100 mil imagens, algumas em negativos de vidro, é um desafio tanto técnico quanto histórico, uma vez que ao longo do tempo não houve a identificação das pessoas e dos eventos registrados, o que do ponto de vista da pesquisa é importante”, observa Abrunhosa. Depois que tudo estiver digitalizado, a Instituição pretende fazer um “mutirão fotográfico”, com a ajuda de antigos alunos, para identificar ocasiões e personagens ainda no anonimato.

A construção da memória mackenzista é, sem dúvida, um trabalho de longo prazo. “No começo do ano submeteremos ao Conselho uma política de acervo e tombamento institucional. A partir disso, podemos trabalhar nos departamentos espalhados pelo Mackenzie. Temos trabalho para os próximos 25 anos”, conta o coordenador do CHCM. O reverendo Robinson Grangeiro reforça: “Essa base de dados que ficará acessível pela internet é imensa. Se tivéssemos uma equipe quatro vezes maior, ainda demoraríamos dois anos para digitalizar tudo o que já temos no acervo”, completa o chanceler.

Troféu MAC-MED de 1930

História de todos e para todos

O plano é expandir o CHCM para toda a Instituição, dentro e fora da capital paulista. “Vamos instalar núcleos de história mackenzista em todas as mantidas, que têm o objetivo de resgatar a memória dessas instituições por meio de registros históricos e orais, incentivando alunos, funcionários e antigos alunos a recompor essa história, muitas das quais não estão contadas”, diz Abrunhosa. Esses núcleos serão espécies de “braços” do CHCM pelo Brasil. “Serão braços do CHCM, o que ajuda a desapegar da ideia de que o CHCM é um local. Ele é uma política de ação e preservação da memória do Mackenzie, e o digital facilita muito”, completa o chanceler.

A relação entre o Mackenzie e a sociedade também deve ser evidenciada pelas novas ações do CHCM. “Queremos que, a partir da celebração de 25 anos, o CHCM seja conhecido na cidade de São Paulo e no Brasil como um grande centro de referência documental, sobretudo nas linhas de memória e história do protestantismo brasileiro, educação, sociedade e cidades. Com essa última, por exemplo, mostraremos como o Mackenzie contribuiu com a engenharia, a arquitetura e a literatura”, diz Abrunhosa. Essa memória é contada por personagens ilustres que passaram pelo Mackenzie entre alunos e professores, como Anita Malfatti, Rubens Paiva, Paulo Mendes da Rocha, Jânio Quadros, entre outros.

A história da fé cristã reformada em solo tupiniquim passa pelo Mackenzie, por isso o CHCM também deve adentrar esse universo. “Queremos preservar a história do protestantismo no Brasil e pretendemos formar um núcleo de estudos sobre o tema. Estamos falando de diversas igrejas presbiterianas com mais de cem anos, cujos acervos não são trabalhados e estão em processo de deterioração”, diz o chanceler. No Brasil ainda é pequena a compreensão de que vale a pena investir em cultura e história, diz Grangeiro, e isso faz com que a missão do CHCM ganhe urgência e importância. “Como a chancelaria atua sobre a identidade do Mackenzie e entendemos que a história e a cultura fazem parte disso, estamos dando maior foco e dinamizando tanto as ações quanto o espaço do CHCM. Será uma obra contínua, porque, na medida em que isso andar, seremos procurados por instituições como igrejas e conselhos, além de antigos alunos querendo dar o destino correto para itens de memória”, prevê.

Cultura e confessionalidade integradas

A atuação cultural do CHCM também será intensificada a partir deste aniversário de 25 anos. A Chancelaria vê o CHCM, no futuro próximo, como um centro cultural da cidade de São Paulo, visitado pela população em busca de exibições de música, artes plásticas, cinema, exposições e outras manifestações culturais. O plano também é integrar o Centro à rede de museus e centros culturais no Brasil e no mundo, possibilitando, por exemplo, o recebimento e o envio de exposições e ações culturais itinerantes.

Parte dessa estrutura cultural já existe. É o caso do Música no Hall, programa cultural que completou dez anos e já foi levado para as faculdades Mackenzie em Campinas e Tamboré — e que deve acontecer regularmente em outros campi, mantendo-se a realização quinzenal em Higienópolis. As atividades musicais serão ampliadas com a Escola Livre de Música, a ser lançada em 2023, no bojo dos 25 anos do CHCM. “Começaremos em nossos colégios e depois levaremos para a comunidade”, adianta Abrunhosa, que também ressalta a parceria com o MackPlay, serviço de streaming do Mackenzie, com o programa Hora Clássica. Além disso, o Música no Hall já homenageou cantoras brasileiras como Elis Regina e Nara Leão, diversificando suas apresentações.

Quem vê o Mackenzie promovendo recitais de música popular pode enxergar um distanciamento em relação à confessionalidade da Instituição. Nada mais equivocado, alerta o reverendo Grangeiro. “Normalmente associam a confessionalidade exclusivamente à cultura sacra, mas quando o CHCM traz manifestações de MPB ou de música clássica expressamos o espírito presbiteriano, que não separa sacro de secular. O sacro aponta para Deus, mas o secular também é dEle na medida em que são expressões comuns à graça de Deus. Se a pessoa tem talento é porque Deus a presenteou com esse dom”, ensina o chanceler.

É nessa trilha que o CHCM une confessionalidade, cultura e identidade institucional. “O coro de uma capela que canta hinos e uma banda de blues exprimem, ambos, o espírito mackenzista”, diz Grangeiro. Dessa maneira, o CHCM afirma-se como guardião do famoso “jeito Mackenzie de ser”. “O CHCM é uma instância dentro da Instituição nos aspectos de memória e cultura. Quando você faz a narrativa histórica, proporciona a quem está aqui hoje um senso de pertença, de continuidade”, explica o chanceler. A possibilidade de acesso a fontes primárias, ao lado da programação cultural, ajuda a tornar mais sólida a cultura mackenzista. “Uma pessoa pode não ser presbiteriana, mas, quando ela se torna mackenzista e entende essa tradição viva, ela se vê pertencida. Por isso, o CHCM é um vetor do senso de pertença por meio da memória institucional”, define o chanceler.

Selo criado pela Agência Chleba para os 25 anos do CHCM
Máquina de escrever Remington (século 19)

Para ficar de olho

Já foi lançado o selo de 25 anos do CHCM. Presente em todas as celebrações, a peça remete às janelas do Edifício Mackenzie, “uma metáfora que, transformando a forma da janela em um prisma, modifica o olhar das pessoas”, explica Abrunhosa. “É a ampliação dos pontos de vista proporcionados pelo CHCM, que, com sua importância e interação com a sociedade, continua a provocar olhares e instigar novas perguntas”, afirma.

Mais novidades vêm por aí! Fique de olho no site, nas mídias digitais e nos comunicados do Mackenzie, além do Instagram do CHCM , para saber mais sobre a programação cultural dos 25 anos do Mackenzie, que vai até outubro de 2023. Serão exposições, passeios, eventos e muito mais!

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