Em março de 2020, muitas pessoas tinham em casa algum tipo de local de trabalho improvisado, com cadeiras e mesas sem a ergonomia ideal. Ninguém se preocupava, afinal era um espaço raramente utilizado. O mesmo acontecia com plataformas de comunicação on-line. Ainda que já tivessem lidado com esse tipo de recurso tecnológico em algum momento, nem todo mundo era experiente ou saberia tirar o melhor proveito dessas ferramentas. Assim aconteceu com os professores, que, de uma hora para outra, precisaram descobrir como transferir para o computador a experiência da sala de aula.
Para atender a essa nova demanda de maneira rápida, evitando um gap importante na aprendizagem dos alunos, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) providenciou uma solução: as capacitações oferecidas a todo o corpo docente. Esse trabalho é realizado por meio da Pró-Reitoria de Graduação (PRGA), que criou a Coordenadoria de Desenvolvimento Docente, que promove os Encontros Reflexivos, os Fóruns de Aprendizagem Transformadora e as Capacitações — esta última voltada ao uso das TICs a serviço do processo de ensino-aprendizagem.
Apenas no último ano, foram mais de 150 eventos formativos entre capacitações, fóruns e encontros reflexivos realizados, totalizando três mil participações de professores. “Toda essa área de desenvolvimento pedagógico, que inclui o uso da tecnologia a favor do processo de ensino-aprendizagem, está no escopo de nossa política educacional orientada ao desenvolvimento da aprendizagem transformadora. A proposta é criar um centro de excelência que vai comportar um conjunto de iniciativas de desenvolvimento docente”, explica a pró-reitora Janette Brunstein.
Iniciativa da
Pró-Reitoria de
Graduação inclui encontros reflexivos para debater experiências e oportunidades que a tecnologia pode oferecer à proposta de aprendizagem transformadora
As capacitações que vêm sendo realizadas no momento têm um foco específico no uso de recursos da tecnologia da comunicação e da informação, para suprir uma emergência que nasceu com a pandemia. No entanto, a UPM já projetava um extenso programa de desenvolvimento, criando muitos espaços para aprimoramento, aprendizagem e troca de experiências entre o corpo docente. O início se deu nos encontros de reflexão pedagógica, que já vinham sendo realizados, e nos conceitos debatidos nos I e II Fórum de Educação Transformadora, quando foram definidas as competências-chave para o desenvolvimento da aprendizagem transformadora: liderança e competências empreendedoras; ética; reflexão crítica e comunicação; sustentabilidade e bem-estar coletivo; e competências culturais e globais.
Novas habilidades
Quem realmente conhece todas as funcionalidades dos aplicativos que vêm em seus smartphones? É provável que a maioria de nós deixe de utilizar muitos recursos desses aparelhos que poderiam facilitar nossas tarefas, como agendas e controles de gastos, por exemplo. O mesmo pode ser dito sobre a plataforma Moodle, que já é um dispositivo conhecido dos professores do Mackenzie. Contudo, boa parte do corpo docente não imaginava que estavam ali à disposição recursos que podem tornar suas aulas on-line muito mais dinâmicas.
Adriana Camejo da Silva Aroma, que está à frente da Coordenadoria de Ambientes Virtuais e Recursos Digitais, explica que foi preciso, inicialmente, fazer um alinhamento e orientar sobre o acesso às diferentes plataformas digitais disponíveis. “Logo no começo, percebemos algumas dificuldades de uma pequena parcela de professores em realizar procedimentos de acesso de forma remota. Nós praticamente fomos ‘buscá-los’ e reunimos todos em uma única plataforma, para que pudessem aprender a lidar com a ferramenta utilizada pela instituição”, explica.
A coordenadora acrescenta que existem muitas possibilidades no Moodle para tornar as aulas mais interativas e atrativas. “A plataforma está repleta de oportunidades, como a participação em fóruns, questionários, enquetes, por exemplo. Cada vez que acessamos uma delas abre-se um novo mundo, por isso precisamos aprender a explorar tudo isso de acordo com os objetivos e as competências que queremos desenvolver em cada um de nossos alunos. Essas atividades que dizem respeito ao conteúdo da disciplina podem favorecer o desenvolvimento de habilidades às quais, a princípio, o professor não estava atento”, destaca Adriana.
Nesse ponto, entra em perspectiva a questão das concepções de ensino-aprendizagem que estão por trás do uso das ferramentas da tecnologia da comunicação, por meio da Coordenadoria de Desenvolvimento Pedagógico (CDP), sob responsabilidade de Magda Medhat Pechliye. Assim como alguns dos professores tinham dúvidas quanto aos recursos do Moodle, muitos alunos não sabiam se, agora, o curso deles passou a ser no formato de Ensino à Distância. “Precisamos ter clareza, acima de tudo, de que EAD é diferente de on-line. Outra questão importante é a integração entre os conteúdos pedagógicos e as questões de capacitação. Não adianta darmos apenas ferramentas sem discutir as concepções que estão por trás. Ou seja, deixar claro o que é educação e o que é aprendizagem”, pontua a coordenadora. Dessa forma, a contribuição vem sendo dada pelos encontros reflexivos, realizados uma vez por semana, com a participação voluntária dos professores. Nesses encontros também são expostas experiências práticas bem-sucedidas dos professores — como as da professora Patricia Nishimura —, compartilhadas por colegas.
“Na semana seguinte à interrupção das aulas presenciais, estávamos todos na plataforma Moodle. Foi muito importante essa rápida ação do Mackenzie, porque deu todo o direcionamento para que nós, professores, pudéssemos trabalhar nesse novo modelo. Eu me senti amparada. Procuro participar de capacitações nas diferentes ferramentas e plataformas, porque são oportunidades de aprender como utilizar esses recursos para tornar a aula mais interativa e mais gostosa para os alunos. Aprendi a aplicar provas pela plataforma e a fazer dinâmicas, interagindo com os alunos. Por exemplo, como atividade prática adaptei a ideia de um dos colegas para trazer os conceitos da minha disciplina para o dia a dia dos alunos.”
Patrícia Satomi Nishimura,
professora de Análise de
Balanço e Contabilidade
Societária nos cursos de
Economia, Administração
e Ciências Contábeis
Foto: Arquivo Pessoal
Para o futuro, essas experiências vão permitir o desenvolvimento ainda mais profundo do processo de ensino-aprendizagem. “Nesse projeto maior de desenvolvimento docente, o foco é, ao longo do tempo, observar quais são os indicadores de melhoria e desenvolvimento da prática docente que todas essas iniciativas de formação e capacitação vêm promovendo. Eu diria que começamos com um ciclo básico e estamos entrando em um patamar de capacitações de nível médio e avançado”, conclui a pró-reitora de graduação.
Iniciativa da Pró-Reitoria de Graduação inclui encontros reflexivos para debater experiências e oportunidades que a tecnologia pode oferecer à proposta de aprendizagem transformadora
Fotos: NTAI/Mackenzie
Em março de 2020, muitas pessoas tinham em casa algum tipo de local de trabalho improvisado, com cadeiras e mesas sem a ergonomia ideal. Ninguém se preocupava, afinal era um espaço raramente utilizado. O mesmo acontecia com plataformas de comunicação on-line. Ainda que já tivessem lidado com esse tipo de recurso tecnológico em algum momento, nem todo mundo era experiente ou saberia tirar o melhor proveito dessas ferramentas. Assim aconteceu com os professores, que, de uma hora para outra, precisaram descobrir como transferir para o computador a experiência da sala de aula.
Para atender a essa nova demanda de maneira rápida, evitando um gap importante na aprendizagem dos alunos, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) providenciou uma solução: as capacitações oferecidas a todo o corpo docente. Esse trabalho é realizado por meio da Pró-Reitoria de Graduação (PRGA), que criou a Coordenadoria de Desenvolvimento Docente, que promove os Encontros Reflexivos, os Fóruns de Aprendizagem Transformadora e as Capacitações — esta última voltada ao uso das TICs a serviço do processo de ensino-aprendizagem.
Apenas no último ano, foram mais de 150 eventos formativos entre capacitações, fóruns e encontros reflexivos realizados, totalizando três mil participações de professores. “Toda essa área de desenvolvimento pedagógico, que inclui o uso da tecnologia a favor do processo de ensino-aprendizagem, está no escopo de nossa política educacional orientada ao desenvolvimento da aprendizagem transformadora. A proposta é criar um centro de excelência que vai comportar um conjunto de iniciativas de desenvolvimento docente”, explica a pró-reitora Janette Brunstein.
Janette Brunstein,
pró-reitora de Graduação
As capacitações que vêm sendo realizadas no momento têm um foco específico no uso de recursos da tecnologia da comunicação e da informação, para suprir uma emergência que nasceu com a pandemia. No entanto, a UPM já projetava um extenso programa de desenvolvimento, criando muitos espaços para aprimoramento, aprendizagem e troca de experiências entre o corpo docente. O início se deu nos encontros de reflexão pedagógica, que já vinham sendo realizados, e nos conceitos debatidos nos I e II Fórum de Educação Transformadora, quando foram definidas as competências-chave para o desenvolvimento da aprendizagem transformadora: liderança e competências empreendedoras; ética; reflexão crítica e comunicação; sustentabilidade e bem-estar coletivo; e competências culturais e globais.
Novas habilidades
Quem realmente conhece todas as funcionalidades dos aplicativos que vêm em seus smartphones? É provável que a maioria de nós deixe de utilizar muitos recursos desses aparelhos que poderiam facilitar nossas tarefas, como agendas e controles de gastos, por exemplo. O mesmo pode ser dito sobre a plataforma Moodle, que já é um dispositivo conhecido dos professores do Mackenzie. Contudo, boa parte do corpo docente não imaginava que estavam ali à disposição recursos que podem tornar suas aulas on-line muito mais dinâmicas.
Adriana Camejo da Silva Aroma, que está à frente da Coordenadoria de Ambientes Virtuais e Recursos Digitais, explica que foi preciso, inicialmente, fazer um alinhamento e orientar sobre o acesso às diferentes plataformas digitais disponíveis. “Logo no começo, percebemos algumas dificuldades de uma pequena parcela de professores em realizar procedimentos de acesso de forma remota. Nós praticamente fomos ‘buscá-los’ e reunimos todos em uma única plataforma, para que pudessem aprender a lidar com a ferramenta utilizada pela instituição”, explica.
Adriana Camejo da Silva Aroma,
coordenadora de Ambientes Virtuais
e Recursos Digitais
A coordenadora acrescenta que existem muitas possibilidades no Moodle para tornar as aulas mais interativas e atrativas. “A plataforma está repleta de oportunidades, como a participação em fóruns, questionários, enquetes, por exemplo. Cada vez que acessamos uma delas abre-se um novo mundo, por isso precisamos aprender a explorar tudo isso de acordo com os objetivos e as competências que queremos desenvolver em cada um de nossos alunos. Essas atividades que dizem respeito ao conteúdo da disciplina podem favorecer o desenvolvimento de habilidades às quais, a princípio, o professor não estava atento”, destaca Adriana.
Nesse ponto, entra em perspectiva a questão das concepções de ensino-aprendizagem que estão por trás do uso das ferramentas da tecnologia da comunicação, por meio da Coordenadoria de Desenvolvimento Pedagógico (CDP), sob responsabilidade de Magda Medhat Pechliye. Assim como alguns dos professores tinham dúvidas quanto aos recursos do Moodle, muitos alunos não sabiam se, agora, o curso deles passou a ser no formato de Ensino à Distância. “Precisamos ter clareza, acima de tudo, de que EAD é diferente de on-line. Outra questão importante é a integração entre os conteúdos pedagógicos e as questões de capacitação. Não adianta darmos apenas ferramentas sem discutir as concepções que estão por trás. Ou seja, deixar claro o que é educação e o que é aprendizagem”, pontua a coordenadora. Dessa forma, a contribuição vem sendo dada pelos encontros reflexivos, realizados uma vez por semana, com a participação voluntária dos professores. Nesses encontros também são expostas experiências práticas bem-sucedidas dos professores — como as da professora Patricia Nishimura —, compartilhadas por colegas.
Magda Medhat Pechliye, coordenadora de Desenvolvimento Pedagógico
Para o futuro, essas experiências vão permitir o desenvolvimento ainda mais profundo do processo de ensino-aprendizagem. “Nesse projeto maior de desenvolvimento docente, o foco é, ao longo do tempo, observar quais são os indicadores de melhoria e desenvolvimento da prática docente que todas essas iniciativas de formação e capacitação vêm promovendo. Eu diria que começamos com um ciclo básico e estamos entrando em um patamar de capacitações de nível médio e avançado”, conclui a pró-reitora de graduação.
Foto de “Escola” criada por freepik – br.freepik.com