Marco Tullio de Castro Vasconcelos, reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Foto: NTAI/Mackenzie
Em tempos remotos da história da humanidade, quando ainda estávamos restritos a vida em sociedades tribais e clãs, a História nos revela centenas de episódios em que territórios foram dominados pela força bruta. O exemplo clássico são as invasões bárbaras, como é muitas vezes denominada a movimentação de diferentes povos pelo continente europeu, por volta do ano 300 a 500 d.C. Os povos “bárbaros”, assim chamados pelo Império Romano, eram os visigodos, os francos, os vândalos, os anglo-saxões e muitos outros de diferentes origens.
Muita coisa mudou a partir do momento em que o homem começou a viver nas modernas sociedades ditas civilizadas, regidas por um código de conduta e legislações que determinam o que não é lícito. Quando os grupos sociais estão inseridos em um contexto no qual existem normas de comportamento, a imposição de ideias pela força, ou mesmo por meios fraudulentos, torna-se não apenas uma ilicitude como também uma violência a todos aqueles que estão sujeitos a esse tipo de ato, ainda que involuntariamente.
Apesar do ordenamento posto, assistimos a muitos incidentes em que o descontentamento popular, motivado por esta ou aquela conjuntura, pende para atos de violência e depredação do patrimônio público e privado — na maior parte das vezes trazendo prejuízos a quem usufrui daquele mobiliário urbano e, em alguns casos, atingindo a integridade de pessoas não diretamente envolvidas naquele episódio.
Sociólogos dedicados ao estudo do comportamento humano têm se concentrado em entender as origens da violência. São inúmeras as variáveis que influenciam o comportamento social agressivo. Não é um problema de fácil resolução, é verdade. Fatores como o convívio familiar ou mesmo comunitário podem, dentre outros, ajudar a compreender o fenômeno e buscar soluções. Nós, do Mackenzie, acreditamos que um dos caminhos mais acertados para contornar esse fenômeno está na educação, a garantia maior de integração dos indivíduos à sociedade, criando nestes uma sensação de pertencimento que contribui para levar as pessoas a comportamentos construtivos. Como nos ensina a Palavra de Deus, “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, e o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade” (Provérbios 16:32).O Mackenzie surgiu há mais de 150 anos com o objetivo prioritário de proporcionar educação às crianças brasileiras. Desde o início, seus fundadores — movidos pela fé cristã — sabiam que a Escola Americana deveria ser inclusiva, abrangente, atendendo aos meninos e meninas que viviam na São Paulo de 1870, independentemente de suas origens, crenças ou situação socioeconômica.
Somos inspirados por nossa Missão: “Educar e cuidar do ser humano, criado à imagem de Deus, para o exercício pleno da cidadania, em ambiente de fé cristã reformada”. Essa missão que norteia o Mackenzie se pauta na defesa de que a Educação pode garantir que todos se tornem cidadãos plenos, conscientes de seus direitos e deveres perante a sociedade. Que sejam pessoas capazes de defender pacificamente seus ideais; que tenham sólido arcabouço formativo para debater ideias; que tenham conhecimento dos caminhos humanitários que podem conduzir ao bem-estar das populações; que sejam, enfim, capazes de edificar por si, por seus familiares, pelo próximo e pela sociedade como um todo, uma cultura de paz, emanada do coração de Deus, conforme encontramos no livro de Provérbios 12:20: “No coração dos que maquinam o mal há engano, mas os que aconselham a paz têm alegria”.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie defende o amplo debate, a liberdade de expressão e o estado democrático de direito. Ela tem compromisso com a defesa da liberdade e da democracia. É uma instituição comunitária, confessional e filantrópica, que se compromete com a vida, com a vida em abundância.