Brasil no Oscar: o panorama do país na maior premiação do cinema

07 de outubro de 2024 | Universidade Destaque

O mês de setembro foi marcado, no mundo cinematográfico, pela escolha do filme representante do Brasil no Oscar 2025. O eleito da vez foi Ainda Estou Aqui do diretor Walter Salles, estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, com a participação especial de Fernanda Montenegro.  

Há quem diga que o longa é um forte candidato na premiação, que acontecerá no dia 02 de março do ano que vem. Apesar do Brasil nunca ter conquistado uma estatueta, sua história com o Oscar começou há pelo menos seis décadas. 

O professor do curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Hugo Harris, conta que o primeiro filme brasileiro indicado ao Oscar, na categoria Filme Estrangeiro, atual Filme Internacional, foi O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, em 1963, perdendo para o francês Sempre aos Domingos. 

Depois desta primeira indicação, o Brasil passou por um jejum de 30 anos sem ter um representante e, consequentemente, um finalista no Oscar. Em 1996, o país voltou a receber indicação, com O Quatrilho, de Fábio Barreto, e emplacou uma nova indicação no ano seguinte com o filme O que é isso, companheiro, de Bruno Barreto. 

“Uma das nossas maiores chances naufragou, quando Central do Brasil, de Walter Salles, perdeu para o ótimo A Vida é Bela, de Roberto Benigni. Além disso, a grande Fernanda Montenegro passou perto de vencer o prêmio de Melhor Atriz, mas foi superada de forma duvidosa por Gwyneth Paltrow, por Shakespeare Apaixonado”, destaca Harris. 

Anos depois, em 2004, o Brasil teve, novamente, uma grande chance de ganhar sua primeira estatueta com Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. O longa recebeu quatro indicações, nas categorias Melhor Diretor; Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Fotografia; e Melhor Montagem. “Mesmo não vencendo nenhuma, foi uma grande marca para o nosso cinema”, afirma o professor Hugo. 

As duas últimas indicações brasileiras no Oscar aconteceram em 2016, com O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, na categoria Melhor Filme Longa-Metragem de Animação, e em 2020, com Democracia em Vertigem, de Petra Costa, na categoria Melhor Documentário de Longa-Metragem, respectivamente. 

Afinal, por que o Brasil nunca conquistou um Oscar? 

Segundo o professor Hugo, “por muitas vezes o Brasil não conseguiu ganhar o Oscar pelo simples fato de que os outros concorrentes eram melhores”. Ele cita os exemplos O Pagador de Promessas, Central do Brasil, Cidade de Deus e Democracia em Vertigem, que tiveram chances muito próximas de vencer pela qualidade das produções. 

Porém, para o docente, há erros nas escolhas dos longas representantes, pois por “vários anos deixamos de enviar os melhores filmes para tentar uma indicação”. Apesar disso, Harris reconhece que a comissão responsável tem se mostrado mais atenta às escolhas. 

Vale destacar que em casos como O Menino e o Mundo e Democracia em Vertigem, a indicação não é feita pela comissão, que só pode indicar um representante para a categoria Filme Internacional. 

E quais as chances para 2025? 

“É muito difícil precisar com tanta antecedência as chances do Brasil, pois os principais concorrentes ainda estão se desenhando”, aponta Harris. Mas, para ele, o diretor Walter Salles tem muita qualidade, bem como o elenco de Ainda Estou Aqui. 

O destaque é a atuação de Fernanda Torres, no papel da protagonista Eunice Paiva. “Tem-se comentado das chances de ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Isso é possível, imagino que ela terá a concorrência de pelo menos duas grandes estrelas, Nicole Kidman e Angelina Jolie”, aponta o professor. 

Para ele, a qualidade da campanha será determinante para a indicação de Torres. “Sua mãe, Fernanda Montenegro, pode também ser lembrada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Se for indicada, arrisco dizer que pode se repetir a premiação de uma veterana reconhecida, e injustiçada no passado, como foi feito com Youn Yuh-jung, por Minari, há alguns anos”, acrescenta Harris.

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