
São Paulo 471 anos: a importância da cidade dos superlativos para o Brasil
24 de janeiro de 2025 | Atualidades Destaque
A cidade de São Paulo completa 471 anos nesse sábado. Com mais de 12 milhões de habitantes e uma região metropolitana que chega a mais de 22 milhões, a capital paulista se consolidou como um marco histórico no Brasil e se projeta como um grande centro financeiro, político e cultural do país. Além de ser, de longe, o maior centro urbano brasileiro, é considerada a maior cidade da América Latina e a quinta maior do mundo, superando lugares bem famosos, como Nova York e Pequim.
Não é apenas o tamanho da cidade que impressiona: já é quase um lugar comum dizer que tudo o que acontece no Brasil, passa por São Paulo. A cidade é sede de grandes empresas, da casa da Bolsa de Valores (uma das mais importantes do mundo), recebe grandes shows e eventos a nível internacional, recebe uma imensidão de turistas, possui alguns dos principais museus brasileiros e é um dos centros de decisão política do Brasil, com vários políticos que fazem carreira na cidade se lançando à voos a níveis nacionais
Para compreender a magnitude e a relevância da capital paulista para o restante do Brasil, conversamos com especialistas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), que explicaram os antecedentes e os motivos que tornaram São Paulo o grande centro urbano, econômico, político e cultural do país.
Todos os fatores passam pela questão econômica: ao longo da história brasileira, São Paulo se constituiu como polo financeiro, não apenas pela riqueza, mas também pela atração de novos investimentos e mão de obra. A partir da pujança econômica, a política e a cultura se desenvolveram de tal forma que tornaram a cidade o grande centro urbano brasileiro.
“A relevância de São Paulo não surgiu por acaso. Ela é fruto de um processo histórico rico e dinâmico. Desde os tempos coloniais, a cidade desempenhou um papel estratégico, sendo ponto de partida para a expansão territorial e econômica do país”, destaca o professor de Economia da UPM, Hugo Garbe.
Tudo se intensifica com o café e com o estado paulista se tornando o maior produtor. No século XIX, o ciclo do produto transformou a capital São Paulo em um grande centro de riqueza, com investimentos em infraestrutura como ferrovias e portos. O café também abriu portas para a industrialização da cidade, que se tornou o principal polo industrial brasileiro, atraindo imigrantes europeus e asiáticos que fortaleceram sua força de trabalho e diversidade cultural.
Na atualidade, São Paulo segue como o coração econômico do Brasil, na avaliação de Garbe, com a contribuição de 11% do PIB nacional. “A cidade é um motor que impulsiona as finanças, o comércio, a indústria e a inovação no país. Sede de importantes instituições financeiras e conglomerados empresariais, a metrópole também lidera como polo de tecnologia, educação e cultura, consolidando sua influência no cenário nacional e internacional”, afirma Garbe.
Vida cultural intensa
Além de polo econômico, São Paulo se destaca por sua diversidade cultural, com uma imensa oferta de atividades artísticas, além de muitos eventos e espaços voltados à arte. Museus renomados do país, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e o da Língua Portuguesa estão na capital paulista; a cidade sedia eventos de impacto internacional como a Bienal de Artes, a Feira Literária Internacional de São Paulo e a São Paulo Fashion Week; além dos inúmeros festivais de música, teatro e literatura. A capital foi palco, inclusive, de um dos maiores acontecimentos da vida cultural brasileira: a Semana da Arte Moderna de 1922, que impactou as mais diversas artes no Brasil e no mundo.
Só para se ter uma ideia da magnitude criativa da cidade: Só de se andar na Avenida Paulista é possível visitar sete espaços culturais: a Casa das Rosas, Itaú Cultural, SESC, Instituto Moreira Sales, Centro Cultural Coreano, Japan House e Centro Cultural FIESP. São lugares que sediam exposições artísticas, eventos musicais e peças de teatro.
“A cidade serve como um espaço de experimentação e inovação, reunindo muitos artistas desde os mais novos aos mais consagrados. A cidade causa impacto como uma vitrine para manifestações culturais de outras regiões do país, dando dessa forma uma maior visibilidade à nossa diversidade”, afirma a professora de História da UPM, Sílvia Soler.
Ela explica que a força cultural da cidade começou justamente quando São Paulo se tornou um polo econômico nacional, e passou a atrair imigrantes vindos de diversos países, como portugueses, italianos, japoneses, alemães e árabes. Além disso, também se tornou atrativos para brasileiros de outras regiões, principalmente do Nordeste. “A diversidade cultural reflete a própria composição da cidade, que é uma construção de influências regionais e internacionais. Cada um trouxe suas tradições, idiomas e formas de arte, o que acabou enriquecendo muito a cultura da cidade”, diz a professora.
Claro, a cidade também investiu pesado na cultura, para atrair atração de diversos shows, peças teatrais, musicais, exposições, e assim, manter a roda econômica girando. “Com o crescimento econômico, São Paulo também se tornou um ponto de encontro para grandes eventos e produções culturais. É essa mistura toda que faz da cidade um lugar tão vibrante e cheio de vida”, explica Soler.
“Quem vem a São Paulo sempre encontra algo que enriquece sua visão de mundo, seja na arte, na música, na literatura ou até mesmo em um simples passeio pelos bairros multiculturais da cidade”, destaca.
No centro dos acontecimentos políticos
De acordo com o analista político da UPM, Rodrigo Prando, o poder econômico de São Paulo torna a capital um dos centros dos olhares políticos no Brasil por diversos fatores. O primeiro deles se relaciona com as consequências do poder financeiro, que acaba por atrair um grande número de pessoas e gera diversos problemas na estrutura urbana: trânsito caótico, número elevado de pessoas em situação de rua e outras questões. “Tudo isso faz com que problemas colocados em São Paulo, na verdade, sejam problemas para um país como o Brasil”, diz o professor mackenzista.
Dessa forma, quem se coloca como bom administrador da cidade e consegue uma boa avaliação, acaba se tornando um alvo da atenção da vida política. “Quem administra uma cidade que tem um PIB maior do que outros estados e até do que alguns países da América Latina, obviamente tem politicamente muito poder e tem uma possibilidade de se projetar politicamente e ser um ator político relevante no cenário nacional”, explica.
Quem se torna um bom prefeito de São Paulo consegue se eleger presidente do país? A resposta se relaciona com um grande mito político do Brasil: apesar de ser um centro político, São Paulo é considerada um cemitério de candidaturas presidenciais. Nós tivemos dois políticos, o Washington Luiz e o Jânio Quadros, que foram prefeitos de São Paulo, depois eleitos presidentes da República e não concluíram o mandato”, argumenta Prando, enumerando ainda diversos ex-prefeitos que não conseguiram chegar à presidência, como Ademar de Barros, Paulo Maluf, Mário Covas, José Serra e Fernando Haddad.
Se a capital paulista pode ser considerada uma cidade de superlativos, a sua importância para o cenário brasileiro também o é. É inegável a influência da cidade para o restante do país. “A relevância de São Paulo é um reflexo de sua história, resiliência e capacidade de adaptação. Da era do café à modernidade tecnológica, a cidade se reinventa constantemente, mantendo-se como a principal referência econômica do Brasil e um centro de oportunidades para quem deseja crescer e inovar”, finaliza Hugo Garbe.
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