Rede de fibra óptica de alta velocidade vai conectar universidades paulistas

Compartilhe nas Redes Sociais
Backbone SP permitirá o compartilhamento em alta velocidade de dados científicos e materiais didáticos, bem como o processamento computacional de alto desempenho entre as instituições 

21.10.2022 Universidade


No último mês de setembro, foi lançada uma rede de fibra óptica de alta velocidade que permitirá a conexão das universidades paulistas entre si e com instituições do exterior para compartilhamento de dados científicos, materiais didáticos e processamento computacional de alto desempenho. Além disso, poderá servir como um ambiente multiusuário para pesquisa na área de engenharia e de computação. A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) é uma das integrantes da rede.

Batizada de Backbone SP, a rede interligará as universidades de São Paulo (USP), as estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp), UPM, além das federais de São Paulo (Unifesp), de São Carlos (UFSCar) e do ABC (UFABC) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Desenvolvido ao longo dos dois últimos anos, o Backbone SP será operado pela Research and Education Network at São Paulo (Rednesp), a antiga Rede ANSP, apoiada pela FAPESP.

“A Rede ANSP, criada em 1988 pela FAPESP para atender as três universidades estaduais paulistas [USP, Unesp e Unicamp], rapidamente abriu caminho para a internet no Brasil. Até 2020, foram aportados US$ 125 milhões para a gestão dela”, disse Marco Antonio Zago, presidente da Fundação, na abertura do evento.

O Backbone SP interligará as oito universidades paulistas a uma velocidade de 100 Gigabits por segundo (Gbps), que é mais do que suficiente para atender à demanda atual dessas instituições de pesquisa, mas é escalável e pode ser aumentada de acordo com a necessidade.

“O uso de dados é cada vez mais crítico. Essa infraestrutura é fundamental para toda a ciência que é feita no Estado de São Paulo e é importante que seja usada da melhor forma possível”, avaliou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.

De acordo com João Eduardo Ferreira, coordenador da Rednesp, o Backbone SP também será a espinha dorsal para conexão das universidades paulistas às redes acadêmicas internacionais, feita por meio de cabos submarinos localizados nos oceanos Atlântico e Pacífico. Além desses dois cabos foi contratado um terceiro para assegurar a conexão em caso de eventuais problemas nos dois links internacionais.

Por meio desses links a Redenesp está vinculada às redes acadêmicas internacionais, como a Americas Africa Lightpaths (AmLight) e a RedCLARA, da América Latina.

“Estamos pareados agora, do ponto de vista de capacidade de transmissão, com os backbones internacionais”, afirmou Ferreira.

Infovia para redes privadas 5G

O Backbone SP também está preparado para viabilizar conexões de iniciativas das universidades paulistas que demandem maior largura de banda, como redes 5G privadas.

Baseado em tráfego de dados, o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga está possibilitando o surgimento de redes privadas para interligação de diversos dispositivos baseados em internet das coisas (IoT, na sigla em inglês).

“O que estamos propondo como próximo passo é que o Backbone SP sirva como uma infovia para trocar dados das redes 5G privadas, que, apesar de fechadas entre si, precisam se comunicar e interligar todos esses dispositivos de conectividade das universidades como alternativa à infraestrutura de comunicação de longa distância disponibilizada pelas operadoras”, diz Ferreira.

A fim de demonstrar a viabilidade da ideia, os pesquisadores da Rednesp, em parceria com a Nokia, fizeram uma demonstração do funcionamento de uma rede privada 5G.

“Além de permitir aumentar a eficiência na troca de dados científicos, materiais didáticos e processamento de alto desempenho, o Backbone SP também será um ecossistema de conectividade”, avaliou Ferreira.

Maior ponto de tráfego do mundo

São Paulo já é o maior ponto de tráfego de internet no mundo. A marca foi atingida em março de 2021, durante a pandemia de Covid-19, destacou Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

“Passamos Frankfurt [na Alemanha], que era o maior do mundo. Isso aconteceu porque aqui há pessoas que cooperam para que isso funcione da melhor maneira possível. Estamos orgulhosos de que isso funcionou e que internet continua sendo desenvolvida em um esquema de cooperação voluntária e adequada”, avaliou Getschko.

O especialista foi responsável pela implantação do Centro de Processamento de Dados (CPD) da FAPESP em 1991, quando começaram a ser dados os primeiros passos para a viabilização da internet no Brasil.

“O primeiro ponto de troca de tráfego de internet no Brasil foi instalado no prédio da FAPESP entre 1996 e 1997”, lembrou.

Com informações da Agência Fapesp