23.08.2018 - EM Mundo
Você sabia que o Mackenzie atua junto à NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, na tradução da sigla em inglês), a Agência Espacial Brasileira (AEB) e outras entidades em uma pesquisa fundamental para ferramentas que você usa no seu dia a dia? Sim, é verdade! O tema é Pesquisa em Geodésia Espacial com ênfase na técnica Very Long Baseline Interferometry (VLBI, algo como Interferometria de Linha de Base Muito Longa) e, apesar do nome complicado, sua aplicação pode ser entendida facilmente.
A abordagem da pesquisa consiste na utilização da técnica VLBI para estudos geofísicos e de prevenção de desastres, já que pequenos desvios do eixo de rotação da Terra são detectados, permitindo o estudo dessa relação com a atividade sísmica direta ou de suas consequências, como no caso de tsunamis. Jean-Pierre Raulin, professor do Mackenzie e principal pesquisador do projeto, diz que as atividades são coordenadas pelo Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
De acordo com Raulin, a VLBI permite também detectar variações de alguns milésimos de segundos na duração total do dia, possibilitando o estudo do impacto de distúrbios geofísicos e da atividade cíclica do Sol. Os dados são obtidos no Rádio Observatório Espacial do Nordeste (ROEN), localizado em Eusébio/Fortaleza (CE), e são integrados e correlacionados com os de outros observatórios ao redor do planeta, contribuindo para a calibração da rede GPS (Global Positioning System) que é amplamente utilizada no dia a dia para localização e posicionamento de objetos em terra e no espaço, como automóveis, movimentação de barragens, aviões, etc.
Para entender um pouco mais a respeito das parcerias, importância e história deste projeto, conversamos com o coordenador Raulin e você confere o papo a seguir:
Como funciona a parceria entre Mackenzie, NASA, INPE, etc. neste projeto?
É uma parceria entre NASA e AEB, com intervenção e suporte do Observatório Naval dos Estados Unidos (USNO, na sigla em inglês) por um lado, e o CRAAM e INPE de outro. A NASA providenciou, por meio de um empréstimo, o sistema VLBI completo de observações geodésicas e o instalou nas dependências do ROEN do INPE. O Mackenzie opera este sistema que faz parte de uma rede mundial de rede VLBI de receptores similares. Então estamos envolvidos diretamente com a parte técnica.
Como tem sido a evolução deste projeto?
Tem sido muito boa até o momento! Prestamos serviços para a rede mundial de pesquisas científicas, utilizando os produtos para apoiar estudos astronômicos e geodésicos, obtendo resultados importantes. Um avanço significativo recente foi a firme intenção dos parceiros em continuar a colaboração, renovando o projeto até 2019 e fortalecendo o preparo e formação das equipes em níveis de graduação e pós-graduação, através de estágios técnicos de treinamento na sede da NASA.
Quantas pessoas estão envolvidas no projeto?
Atualmente, existem dois técnicos e um engenheiro do Mackenzie para operações no ROEN, além de um engenheiro do INPE. No Mackenzie, em São Paulo, temos dois pesquisadores envolvidos e um doutorando, com previsão para um pós-doutorado em breve.
Qual a importância deste projeto de uma maneira geral?
A visibilidade que a parceria com a NASA traz para a nossa instituição e o reconhecimento da qualidade das operações em VLBI no Brasil são os principais destaques. Apesar de ser conhecida há mais de 60 anos, a utilização da técnica VLBI para estudos geofísicos ou de prevenção de desastres é inovadora e isso se deve à precisão extrema dos dados obtidos. Fora que os dados obtidos no ROEN são integrados e correlacionados com os de outros observatórios ao redor do planeta e contribuem imensamente para a calibração da rede GPS.
Como é o trabalho dentro do observatório?
O trabalho da equipe lotada no ROEN pode ser dividida em duas partes. Primeiramente, temos a parte de manutenção e testes dos sistemas mecânicos, elétricos e eletrônicos. Isso inclui a grande antena de 14 metros de diâmetro, que deve se manter em pleno funcionamento durante uma campanha observacional. Além disso, os receptores de rádio frequência utilizados precisam de uma temperatura baixa estabilizada (mantidos a 250 graus abaixo de zero), assim, o sistema criogênico necessita de manutenção contínua, bem como fornecimento de energia interrupto. Dessa forma, o gerador deve estar em perfeito estado e é testado continuamente.
Sem estas importantes tarefas não poderíamos realizar a sequência deste trabalho, que é a realização das campanhas observacionais programadas pela NASA. Geralmente, são observações noturnas. Os dados coletados são explorados posteriormente, sendo enviados a centros internacionais nos quais as propriedades das ondas detectadas pelas antenas da rede mundial são transformados em produtos geodésicos.
Para conhecer mais sobre este e outros projetos em andamento, acesse a página do CRAAM no portal do Mackenzie ou clique aqui.