24.03.2022 Cultura
O Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) realizou a sua aula magna do primeiro semestre de 2022 com a abertura do evento internacional 100 horas com Saramago, que será realizado ao longo de todo o ano em celebração ao centenário do escritor português.
O encontro contou com a presença da filha do vencedor do Prêmio Nobel, Violante Saramago. Em sua palavra de abertura, ela agradeceu a oportunidade de estar à frente do evento como presidente de honra, explicando que ao longo do ano serão realizadas diversas atividades, voltadas para públicos distintos, sempre buscando entender as perguntas deixadas pelo escritor português em sua obra. “Tudo no mundo está dando respostas, o que demora é o tempo das perguntas”, disse ela, citando a frase do livro Memórias do Convento.
“A gente não fala 'sobre', a gente fala 'com' o Saramago. A escrita dele sempre me fazia ouvir a voz dele”, disse a filha do escritor.
Além de Violante, o encontro contou com a participação de diversas autoridades mackenzistas. O reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos celebrou a realização do evento, lembrando que a obra do escritor nos leva a diversas reflexões sobre o cuidado com o próximo. “Vivemos um tempo que nos aflige, com guerra e fim de pandemia. O mundo precisa de um pouco mais de paciência e cuidado uns com os outros, no exercício do amor puro e genuíno”, disse.
O reitor também aproveitou a oportunidade para anunciar que a UPM pretende criar um projeto para aproximar o programa de Pós-Graduação de países lusófonos, principalmente Portugal, Moçambique e Timor Leste. “Se é para contribuir para o crescimento do país e fortalecer sua identidade e sua cultura, nós vamos fazer. Já estamos com a missão para protocolar esse projeto junto à CAPES”, declarou o reitor.
O evento foi organizado pela coordenadora do PPGL, Regina Helena Brito, que celebrou a oportunidade de comemorar os 100 anos de José Saramago no ano em que se celebram diversas datas importantes, como o centenário da Semana da Arte Moderna e o aniversário de 70 anos da UPM.
A outra organizadora do 100 horas de José Saramago, a professora da Universidade da Madeira, em Portugal, Luísa Marinho Paolinelli, explicou que a ideia do evento ao longo do ano é celebrar a obra, as ideias e as perguntas deixadas pelo escritor português, “que dizia que, para ‘fuçarmos’ a razão, é necessário usar o coração”.
Para ela, o ideal de Saramago se torna ainda mais necessário diante da atual situação mundial, diante do sentimento de incompreensão sobre a maldade e violência humana. “Devemos pensar não apenas em direitos humanos, mas em deveres humanos, em nosso dever em relação ao outro, nessa conscientização de que o outro está ali. E a obra de Saramago diz sobre isso, sobre sermos mais humanos”, apontou.
Para a primeira atividade do 100 horas com Saramago, a aula magna contou com a palestra do diretor da Cátedra Libre José Saramago, da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina, professor Miguel Kolleff, que ministrou uma breve introdução sobre os personagens presentes na obra do escritor português.