18.06.2019 Atualidades
Como dialogar de forma eficiente com os colaboradores e fazer com que a área de comunicação interna da empresa seja entendida como estratégica é um dos maiores desafios das organizações no cenário VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo, na sigla em inglês). Débora Calderon, coordenadora de Comunicação Interna da Via Varejo (que congrega bandeiras como Casas Bahia e Ponto Frio), afirma que com um público diverso em vários canais, “o trabalho de cultura e comunicação é o que importa e ele deve começar na liderança, seja por meio da coordenação, gerência ou com embaixadores eleitos nas áreas”.
Débora foi uma das palestrantes convidadas da 9ª edição do Internal Communications Summit, congresso organizado pela Corp Business e que visa análise geral dos processos de comunicação dentro das organizações, que ocorreu em 13 de junho, em São Paulo, reunindo profissionais e especialistas de diversas entidades para discussão dos novos desafios da comunicação, sendo direcionado a gestores de RH, Marketing, Relações Públicas, e etc.
A coordenadora da Via Varejo diz que um dos maiores desafios a serem encarados atualmente é encontrar formas de passar mensagens corporativas importantes, mas às quais o funcionário não dá valor. A executiva pontua que a melhor forma é usar a liderança. “São eles que precisam entender, apoiar, participar e integrar o processo de comunicação para cascatear informações”.
Já para Ana Carolina Ribeiro, coordenadora de Comunicação Corporativa, Endomarketing e Cultura do Grupo Netshoes, o planejamento estratégico deve ser realizado de acordo com a realidade de cada organização. “Seja com time ou com uma ‘euquipe’”, brinca ela sobre áreas de comunicação muito enxutas nas empresas.
Ana Carolina diz que o primeiro passo para se entender em que ponto do processo de comunicação a organização se encontra é fazer uma autoavaliação da área. “Analise se ela é vista como estratégica ou ferramental”. A seguir, ela indica que se construa um planejamento dando passos pequenos e efetivos, “que são melhores que projetos gigantes, pois estes podem cair a qualquer momento por mudança da liderança, enquanto as práticas cotidianas se enraízam na cultura”.
Sobre seguir o seu próprio caminho na construção de um projeto de comunicação adequado à sua organização, ela adiciona, “não acompanhe modismos, não fale coisas que não faz de verdade. Seu cliente interno é o colaborador, sua família e seus amigos dele, eles são atentos. Você será cobrado pelo que se posiciona, então deve ser verdadeiro”.
Mudanças no cenário
Quanto à atuação dos profissionais de comunicação para engajamento dos colaboradores neste novo cenário, Rafael Lourenço, coordenador de Endomarketing e Employer do Grupo Zap, pontua que “o novo normal exige mais ação e menos planejamento. Saiba lidar com erros, a rapidez do dia a dia demanda isso. Devemos estar focados em mais aprendizado e reduzir a busca por culpados quando erramos. É preciso discernir entre erros repetidos (negativos) ou aqueles decorrentes de tentativas de inovação (positivos)”.
Ele complementa que a melhor maneira da área de comunicação interna atuar é empoderar pessoas. “Ou seja, ensine as pessoas do administrativo a fazer o trabalho de comunicação de seus setores, os profissionais da comunicação devem ter uma atuação de mentoria e menos de produção propriamente dita”, aponta.
Quando os problemas aparecem
Como crises são inevitáveis, a melhor maneira de atravessá-las é com atenção às soluções e informações adequadas. “O foco tem de ser na transparência, durante um período problemático, mesmo sem respostas concretas, dê o contexto em que as coisas acontecem aos seus funcionários, isso aproxima e acalma a ansiedade de estarem ‘no escuro’”, afirma Lourenço.
Outra questão que sempre surge, de acordo com os especialistas, é o relacionamento com os gestores que nem sempre apoiam a área de comunicação da maneira necessária ao desenvolvimento do trabalho. Como conta Ana Gardos, gerente de Comunicação Interna da Souza Cruz, é preciso preparar os gestores antes de cobrá-los. “Trabalhe diretamente com a diretoria e capacite pessoas nos setores para diluir a dificuldade de cascatear informações. Seja um guia, crie embaixadores que ‘vendam’ a empresa”, complementa ela.
Como engajar pessoas
De acordo com César Rua, gerente de Comunicação Interna e Digital da Vivo, para estimular mudança de comportamento dos colaboradores junto às ferramentas da empresa, é preciso pensar digital. “Devemos fazer com que a experiência dos funcionários dentro do ambiente de comunicação interna seja parecida com o que fazem fora dele, em suas próprias redes sociais, por exemplo”, enfatiza ele.
Uma boa ideia, coloca Rua, é ter um diálogo franco e aberto à colaboração. “Não somos os donos do conteúdo, devemos ouvir mais e identificar o que está sendo falado no cotidiano”. Ele pondera ainda que os conteúdos feitos pela empresa precisam ser mais próximos da “vida real” e menos superproduções, pois além da facilidade da produção do material, isso ainda aproxima os colaboradores de todas as bases da alta liderança da empresa.
Para Carolina Losicer, gerente de Engajamento, Comunicação e Responsabilidade Social da Coca-Cola Andina, o engajamento passa por uma transformação do próprio profissional de comunicação, seja ele de Marketing, RH, jornalistas, etc. “Vamos mudar de comunicação para pessoas para comunicação entre pessoas”, afirma ela.
“A verdadeira estratégia das organizações deve estar voltada a ajudar as pessoas a encontrarem o seu propósito e verificar de que maneira isso se conecta com o propósito da empresa. Aí está o seu verdadeiro sucesso!”, encerra a executiva.
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