Nessa segunda-feira, 24 de setembro, o auditório do MackGraphe no campus Higienópolis do Mackenzie recebeu os jornalistas Rodrigo Ratier, Sérgio Spagnuolo, Romeu Piccoli e o advogado Arthur Júnior para uma das primeiras palestras do XIII Encontro de Comunicação e Letras: Jornalismo, Dados e Eleições organizado pelo Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
O bate-papo foi mediado pelo coordenador do curso de Jornalismo, Rafael Fonseca, e teve como abordagem a influência das fake news na política.
Segundo Ratier, “o uso das fake news pelos políticos serve exatamente para afastar as notícias do campo explicativo e colocá-las em outro patamar que colabora com a confusão e a desconfiança”. O jornalista apresentou alguns caminhos para o combate dessa prática, sugerindo formas de regulamentação de notícias falsas, ruídos na informação que impulsionam o compartilhamento dessas informações, além de discorrer sobre a presença delas nas redes sociais como arenas de opiniões, como Facebook e WhatsApp.
Já Spagnuolo mostrou a importância do papel do jornalista na avaliação dos fatos nesse momento eleitoral, no qual “muitas pessoas não compreendem o processo jornalístico, o que gera críticas nocivas e coloca este profissional como alvo de ataques constantes”. Dentro desse contexto, Piccoli acrescentou que hoje passamos por uma crise de credibilidade na profissão e que “a única forma do jornalista voltar a ter o peso que tinha, é fazer jornalismo sério, cruzando e checando informações do modo mais verdadeiro possível”, reafirmando sua posição de filtro.
Com uma visão mais jurídica, Arthur Júnior manifestou preocupação com os danos causados pelas fake news. Para ele, o problema ganhou novas proporções na época do impeachment da ex-presidente Dilma e pontuou que, apesar de necessário, ainda não temos uma lei específica para o combate de notícias falsas.
Marcia Detoni e Fernando Moraes, professores do curso de Jornalismo da UPM presentes no debate, demonstraram receio com algumas questões e com o momento político brasileiro atual.
“Estou preocupada com o resultado das eleições. Vejo que o debate saiu da área racional e da discussão de propostas. Tem sido muito emocional, isso nos coloca em perigo, coloca em risco a democracia”, alegou Marcia. Para Moraes, o jornalismo hoje em dia está altamente partidarizado e a grande imprensa é uma das principais responsáveis por essa bipolaridade e precisa batalhar para recuperar a credibilidade e a imparcialidade.