A artista visual e pesquisadora brasileira Carolina Vigna, atualmente realizando seu pós-doutorado na Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris, abrirá a exposição Cadernos de Viagem: Monotipias no dia 30 de janeiro de 2025. A exposição, que ocorrerá na Maison de la Recherche de l'Université Sorbonne Nouvelle, contará com uma conferência inaugural e uma demonstração ao vivo da técnica de monotipia em gelatina. Carolina é professora do Centro de Comunicação e Letras (CCL), da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), e está empolgada com sua primeira exposição individual fora do Brasil.
Durante a conferência, Carolina Vigna apresentará suas obras, que são criadas a partir de fotografias de viagem retrabalhadas digitalmente e impressas em gelatina com tinta a óleo. Essa técnica, reinterpretada pela artista, explora uma estética da imprecisão, refletindo suas pesquisas sobre a noção de não-pertencimento.
De acordo com ela, a série é fruto do pensamento elaborado em seu pós-doc, a respeito da questão do não-pertencimento e dos não-lugares. A série toda surge de um diálogo com um dos autores estudados, inclusive a francesa Annie Ernaux que, no começo do seu livro “Os Anos”, afirma que todas as imagens irão desaparecer.
“Eu penso que as imagens já desapareceram faz tempo e que, agora, todos os lugares irão desaparecer. Não temos mais nenhuma nitidez nesse dasein (conceito de “ser-no-mundo", desenvolvido pelo filósofo Heidegger) contemporâneo", explica Carolina Vigna.
As obras de pequeno formato evocam páginas arrancadas de um caderno de esboços, criando uma conexão íntima com o espectador.
Desenvolvimento acadêmico
Carolina Vigna, que também é professora na UPM, destaca o apoio da instituição em sua jornada acadêmica e artística. "Sou extremamente grata à minha coordenação, professores Daniela Sacuchi Amereno e Fabio Pereira Espíndola, e à minha direção, professor Rafael Fonseca Santos, que não apenas sempre me apoiaram como fornecem – a todos os professores – toda a estrutura e o acolhimento necessários para o crescimento intelectual, profissional, pedagógico e humano. Tenho imenso orgulho de integrar a equipe", afirma a docente mackenzista.
Após seu período de pós-doutorado, Carolina pretende trazer novas perspectivas e técnicas para seus alunos no Mackenzie. "Uma empreitada de pesquisa como um pós-doutorado sempre nos modifica em alguma instância. A cada dia, acredito mais na interdisciplinaridade e nas conexões que fomentam e estruturam o pensamento contemporâneo. Assim, pelo menos parte do referencial teórico da minha pesquisa acabará transparecendo nas disciplinas que leciono, ainda que indiretamente”, adiciona Vigna.
Técnica e arte
A artista explica que utilizou a monotipia, uma técnica de impressão que gera apenas uma cópia, pois isso permite que não existam cópias idênticas, como no caso das gravuras tradicionais. A monotipia em gelatina utiliza uma superfície gelatinosa como “matriz” da impressão. “A consistência é muito parecida com a gelatina balística. No catálogo digital da exposição, eu coloco a receita que usei”.
Tradicionalmente, a monotipia em gelatina utiliza a tinta acrílica para suas impressões, mas Carolina estava buscando uma impressão mais lenta, com menos precisão, para dialogar com as questões do desaparecimento dos lugares. “Acabei desenvolvendo uma variação da técnica, que utiliza a tinta a óleo”, pontua ela.
A questão do não-pertencimento é central na obra, mas a professora comenta que é difícil precisar “quem veio primeiro”. Segundo ela, mesmo quando não está falando diretamente sobre lugares, como é o caso dessa série, de certa maneira ela ainda dialoga com esse deslocamento, essa estranheza. “Os franceses têm uma palavra maravilhosa, déplacée, que, ao mesmo tempo, pode ser traduzida para deslocado, inapropriado, inconveniente, incorreto, fora de lugar... Acho que meu trabalho artístico sempre é um pouco isso, déplacée”, afirma Vigna.
Exposição em São Paulo
Carolina Vigna também anunciou que a exposição será montada em São Paulo, em 12 de abril. "Na abertura, também farei uma demonstração ao vivo da técnica de monotipia em gelatina. E deixo o convite a todos os mackenzistas e interessados”, destaca.
Em São Paulo, a exposição acontecerá na Galeria VerArte, Rua Barão de Tatuí, 302 - 2º andar, Santa Cecília, São Paulo - SP. A abertura acontece sábado, 12 de abril, às 13h, e a exposição vai até 29 de abril.
Serviço
Cadernos de Viagem: Monotipias
Exposição Paris
Data: de 30 de janeiro a 06 de março
Horário: das 9h às 19h
Local: Maison de la Recherche de l'Université Sorbonne Nouvelle, 4 Rue des Irlandais, 75.005, Paris, França
Entrada: gratuita
Exposição São Paulo
Data: de 12 a 29 de abril
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 17h; sábados das 11h às 14h
Local: Galeria VerArte, Rua Barão de Tatuí, 302 - 2º andar Santa Cecília
Entrada: gratuita