O Trabalho Final de Graduação (TFG) da aluna Mariana Montag, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), intitulado “A Casa de Jajja” é um dos 20 projetos premiados no concurso “Bauhaus - For a Better Future: The International Competition 'Beyond Bauhaus - Prototyping the Future’” .
Entre os 1.500 inscritos no concurso, o trabalho de Mariana, orientado pelos professores Lucas Fehr e Ricardo Ramos, foi desenvolvido durante o Projeto Escola em Kikajjo, vilarejo rural de Uganda, leste africano. Foi lá que a mackenzista conheceu Jajja Imaculate, uma senhora de 75 anos, avó de Rose e Gift, e personagem central do seu projeto. Confira no vídeo abaixo.
A ideia em Uganda
Em 2017, Mariana foi voluntária no país africano por meio do “Projeto Escola em Uganda”, durante o qual fez parte de levantamentos e trocas com a comunidade para desenvolver um desenho para uma nova escola local. Na época, começou a pensar em sua pesquisa para o TGF, então decidiu usar seu projeto para resolver alguma demanda real no vilarejo Kikajjo. Além de já conhecer o local, Mariana disse que escolheu Uganda também “pelo simples motivo que sustenta a base de todo esse projeto: o afeto!”, explica.
A mackenzista voltou para Uganda, onde ficou por quatro meses enquanto seu projeto tomava forma. A estudante explica, em seu site criado para o projeto “A casa de Jajja”, que os lares na região sempre foram delegados aos cuidados das mulheres, no entanto, o planejamento e a construção dos locais sempre foram responsabilidade dos homens, o que ocasiona um problema, pois quem mais utiliza os espaços não participava de seu planejamento.
A criação da casa foi desenvolvida em colaboração com a usuária, a Jajja, e a pesquisa feita através da perspectiva de gênero, já que a viabilização do projeto e o processo construtivo questionam os papéis de gênero por meio da construção. “Jajja morava em um quarto alugado e precisava de uma casa e essa demanda tinha muita conexão comigo e me interessei em resolver junto a ela”, diz Mariana.
Neste tempo em que esteve fora do país trabalhando no projeto, Mariana conta que não foram só conversas com Jajja, mas sim troca de experiências e oportunidade de conviver junto a mulher. “O que mais chamou atenção em Uganda foi como as pessoas acolhem umas às outras, acho que essa foi uma das motivações que me fez ficar neste vilarejo, aprender a viver em comunidade”, conta.
Benefícios e legado do projeto
Para Mariana, seu projeto atinge diferentes pessoas de maneiras distintas. Em primeiro lugar, o trabalho beneficia diretamente a própria Jajja, afinal a casa será construída para ela. Em segundo, as mulheres da comunidade, cerca de 10 a 15, também serão beneficiadas, porque farão parte da construção da casa e serão capacitadas, podendo posteriormente construir suas próprias moradias.
Em terceiro lugar, ela acredita que os estudantes de arquitetura também podem ser beneficiados, afinal eles podem se envolver na parte da construção, como voluntários no processo. Em último lugar, a futura arquiteta acredita que o manual ilustrativo desenvolvido permite replicar o projeto. “A arquitetura da casa não será apenas uma moradia para Jajja, mas uma prática emancipadora, questionando os papéis de gênero, no qual o processo de construção será feito através de oficinas de capacitação para mulheres”, finaliza Mariana.
A mackenzista está arrecadando fundos para realização do projeto e construção da casa de Jajja, em Uganda, por meio de crowdfunding. Para ajudar e conhecer mais, acesse aqui.