Na noite do dia 31 de outubro, o Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) comemorou os 502 anos da Reforma Protestante em um culto de ação de graças, com realização dos Sínodos de São Paulo e Vale do Paraíba, com apoio da Chancelaria Institucional do Mackenzie. O evento ocorreu no auditório Ruy Barbosa, no campus Higienópolis.
O pregador da noite foi o reverendo Roberto Brasileiro Silva, presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), e a oração de agradecimento pelo aniversário da Reforma foi realizada pelo reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Benedito Guimarães Aguiar Neto. O culto foi abrilhantado ainda mais pela orquestra, que acompanhou os cinco corais que compuseram o grande coral da noite.
As contribuições da Reforma
A Reforma Protestante é um marco histórico, que não aconteceu apenas no âmbito religioso. Em 1517, Martinho Lutero, monge católico, insatisfeito com algumas práticas defendidas pela Igreja, como a indulgência, afixou suas 95 teses na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha e deu início a um processo que trouxe diversas transformações sociais, como a democracia, liberdade de expressão e pensamento, incentivo à educação, independência do Estado em relação a à Igreja e outros.
Como explica Davi Charles Gomes, chanceler do Mackenzie, na época da Reforma aconteceu uma transição no modelo de autoridade, indo de uma figura humana para as escrituras. Com isso, houve uma influência direta na educação, tendo em vista que a população não era letrada. “A Reforma Protestante dependia de uma população que aprendesse a ler. Quando você começa ensinar uma população a ler, as pessoas passam a conhecer a verdade e a verdade liberta. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
O reverendo Gildásio Reis explica que a Reforma teve três grandes pilares: justificação pela fé somente, a centralidade das escrituras e o sacerdócio universal de todos santos. Segundo ele, essas questões, que impulsionaram o movimento no século XVI, também devem estar presentes na igreja do século XXI. “É sempre importante, de tempos em tempos, relembrar que devemos continuar destacando a importância de colocar a escritura sagrada sempre no centro da vida da igreja, entender que o sacerdócio universal precisa continuar sendo valorizado e também destacar a justificação pela fé”.
Segundo o vice-reitor da UPM, Marco Tullio Vasconcelos, antes da Reforma, como as pessoas comuns não liam a bíblia, elas não tinham um pensamento crítico e não entendiam seu significado. Por conta disso, a Reforma, em um de seus aspectos, permitiu o acesso às escrituras para todo cristão, uma grande mudança.
“A Reforma sempre defendeu que o estudo, trabalho, investigação científica são coisas importantes para a sociedade e desenvolvimento das pessoas, “e por isso os reformadores contribuíram abrindo escolas, porque as pessoas precisavam aprender a ler e se desenvolver”, afirma o vice-reitor.
Sobre o significado de comemorar a data, Roberto Brasileiro defende que a Reforma continua sendo atual, porque é basicamente uma questão espiritual, na qual as escrituras passam a ser o ponto central de debate, afinal, o livre exame das escrituras é a centralidade e soberania de Deus em todas as coisas.
“Sempre afirmo que a Reforma continua existindo em sua totalidade e nós precisamos dela em nossos relacionamentos. Claro que cada época tem seus costumes e suas maneiras, mas toda época tem sua maneira específica de enxergar esse marco, vendo a Reforma como ponto central da liberdade que eu tenho de examinar essas escrituras, de abençoar, acordar e também andar com Cristo, de acordo com elas”, finaliza ele.
Além das autoridades já citadas, ainda estiveram presentes os diretores executivos do IPM, diretores de unidades acadêmicas da UPM e outras autoridades mackenzistas e da IPB.