As consequências da pandemia da covid-19 abalaram o âmbito econômico de diversos países, inclusive o Brasil. Comércio e serviços fechados, viagens e eventos cancelados. De acordo com o coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Vladimir Maciel, com as medidas de restrição adotadas e a paralisação de grande parte da atividade econômica, haverá uma profunda recessão.
“O desemprego atingirá recordes nunca alcançados. Portanto, é bom se preparar para um ano e meio a dois anos de dificuldades econômico-financeiras - esse é o tempo esperado para a economia brasileira se recuperar se não houver um segundo surto da doença ou outro choque econômico, político ou social”, afirma. Pensando nestas dificuldades futuras, o professor Maciel separou nove dicas financeiras para enfrentar a crise do novo coronavírus. Confira a seguir:
1. Cortar despesas supérfluas
“Não é hora de desperdiçar. O desemprego está elevado, salários foram cortados, fontes extras de remuneração serão cortadas. Toda economia é pouco. Foco no essencial”.
2. Renegociar dívidas (prazos e taxas de juros)
“Se você tem passivos é melhor renegociar o prazo e a taxa de juros (aumentando o prazo, às vezes com carência, e reduzindo a taxa de juros contratada). Muitos bancos já estão oferecendo essas opções nos canais de autoatendimento”.
3. Realizar compras de supermercado em atacados ou "atacarejos"
“Ainda como forma de economizar, os atacados e ‘atacarejos’ são boas opções, pois o preço unitário de muitas mercadorias se reduz se comprada em maior quantidade. A falta de variedade de marcas e itens é compensada por preços menores”.
4. Ajustar os hábitos de consumo para mercadorias e serviços mais baratos
“Uma das formas de economizar é viver uma vida mais simples e um padrão de consumo mais modesto, trocando produtos e serviços de marcas famosas ou de primeira linha por similares de menor preço”.
5. Manter uma reserva de dinheiro em conta corrente para emergências (como as de saúde)
“Ter uma reserva para emergência é uma saída para se precaver quanto ao imprevisto e conseguir lidar com o inesperado, mesmo em tempos de crise”.
6. Evitar despesas em moeda estrangeira (como compras e viagens ao exterior)
“A taxa de câmbio disparou desde o começo do ano e se agravou com a covid-19 e a instabilidade política. Dólar, euro e outras moedas ficaram muito caras. Produtos importados e viagens internacionais ficaram com preços proibitivos”.
7. Checar a taxa de retorno dos fundos de renda fixa e resgatar; preferir manter o dinheiro em conta corrente, se os retornos estiverem negativos
“Desde o ano passado, as taxas de juros estão caindo. Hoje a taxa básica (Taxa SELIC) é a menor da história: 3,75% ao ano. O Banco Central, em função da crise atual, pode reduzir ainda mais os juros. Assim, fundos de renda fixa passaram a ter rendimentos negativos. Como, tão cedo, não haverá aumento da taxa de juros, o melhor a fazer é sacar o dinheiro e procurar outra alternativa ou mesmo deixar momentaneamente parado em conta corrente”.
8. Se tiver aplicações em ações ou fundos de ações que perderam valor não desaplicar agora, pois realizará o prejuízo
“O mercado acionário "derreteu" por conta da pandemia e da instabilidade política do país. O valor das ações despencou. Se você comprou uma ação por um preço maior do que está hoje e não precisa de dinheiro vivo no momento: evite de vender... espere o preço subir, mesmo que demore um tempo. Se vender a ação agora, você realizará prejuízo”.
9. Se tiver recursos em grande quantia e não precisar de liquidez imediata, o momento é de compra de ativos (ações, imóveis etc.) pois estarão baratos e poderão render positivamente no médio prazo. Mas não coloque toda sua riqueza num único tipo de ativo. Diversifique.
“Por fim, como os preços de ações, terrenos, construções e outros ativos se desvalorizam muito com a crise, eles estão baratos. Se você tiver recursos e não precisar utilizá-los no curto prazo, a melhor sugestão é comprar esses ativos e ganhar com sua valorização no médio prazo”.