Os candidatos Donald Trump, do partido Republicano, e Kamala Harris, do partido Democrata, disputam nesta terça-feira, 05 de novembro, a presidência dos Estados Unidos. O pleito decidirá quem comandará o principal cargo executivo daquele país pelos próximos quatro anos. A eleição é, até o momento, a mais disputada da história dos EUA e, ao contrário do Brasil, o voto é indireto e não obrigatório.
Para entender o atual cenário e como funciona o sistema eleitoral norte americano, conversamos com a professora do curso de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Ana Cláudia Ruy Cardia, que comenta que “o colégio eleitoral norte-americano é formado por delegados. Ao todo, o país tem 538, e eles são representantes de cada um dos estados da federação e do distrito de Columbia, Washington D.C, e responsáveis pela votação e eleição do presidente”, explica a professora.
Para cada estado, segundo Ana Cláudia, há um número definido de delegados, calculado a partir da quantidade de pessoas que vivem nele. Portanto, estados mais populosos têm um número maior de delegados e, consequentemente, maior peso na hora dos votos.
Antes da eleição, acontecem as primárias, movimento que os eleitores escolhem os candidatos dentro de um determinado partido. Novamente, como relembrado pela professora, a decisão final é dos delegados, que indicam o candidato.
Já na eleição, o número de votos de cada presidenciável equivale aos delegados do respectivo estado, que por sua vez, votam para eleger o próximo presidente. “Os delegados têm uma lógica na distribuição e de como votar representando o seu estado”, diz Ana Cláudia. Para ser eleito, é necessário que o candidato tenha, pelo menos, 270 votos dos 538 delegados.
“Como o voto é indireto, já houve vezes em que um candidato recebeu mais votos sem se eleger, porque a eleição não é definida pelos votos da população, mas sim pelos dos delegados, e eles tinham votado, em número maior, no candidato adversário. Por mais que, eventualmente, as pessoas votem e coloquem na cédula o nome do candidato, não é o que vai contabilizar a seleção do vencedor”, exemplifica a docente.
O sistema eleitoral dos Estados Unidos foi desenvolvido dessa forma, de acordo com Ana Cláudia, após a independência do país, em 1776, a partir do temor de que os eleitores não tivessem desenvoltura suficiente para escolher seus representantes.
Assim, foi criado o colégio eleitoral com os delegados, pessoas com conhecimento e envolvimento com a política, com o papel de representar a vontade do povo norte-americano, evitando a centralização de poder. Anos depois, com o mesmo sistema de eleição e o voto não obrigatório, “vemos um número expressivo de pessoas votando, justamente porque querem se engajar na política”, afirma Ana Cláudia.
A professora também comenta sobre a influência de artistas durante a eleição ao declarar apoio ou participar de comícios dos candidatos. “O nível de influência dos artistas, principalmente com as gerações mais novas, acaba sendo um chamado para as eleições com o voto não obrigatório. Há uma tentativa de convencimento e é, definitivamente, um grande poder que incita os eleitores a votarem”, finaliza.