“Ser professor da AEJA é ter, de modo concreto, tudo aquilo que idealizamos enquanto ainda éramos alunos na universidade”, disse Rubens Moura, professor de Geografia da Escola AEJA Mackenzie desde 2009, durante o culto em comemoração aos 10 anos da Escola, realizado no dia 18 de março, no Auditório Ruy Barbosa, do campus Higienópolis.
No evento que abriu a série de celebrações do aniversário da Escola, estavam presentes alunos, familiares e professores da AEJA Mackenzie, além de coordenadores e diretores atuais e antigos da Escola, e outras autoridades mackenzistas, entre elas, o reverendo Marcos Serjo, idealizador do programa e pregador do culto, e o coordenador do curso de Pedagogia do Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT), Ítalo Francisco Curcio, um dos homenageados históricos da Escola.
Ainda durante o culto solene intitulado Escola AEJA Mackenzie: 10 anos abençoando vidas!, foram realizadas apresentações musicais com a participação do Grupo Concerto e do Reverendo Juliano Sócio & Banda.
Propósito da Escola
Há uma década, a AEJA Mackenzie - Educação de Jovens e Adultos, 100% gratuita, trabalha com o objetivo de resgatar a educação na vida das pessoas que não tiveram acesso ao ensino ou a oportunidade de completar os estudos no período comum. Para além disso, o projeto educacional e social é um programa de inclusão.
Segundo o responsável pela Diretoria de Educação Básica (DIREB) do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), Solano Portela, “alguns dos alunos começaram a trabalhar cedo demais para ajudar a família e não tiveram oportunidade de estudar, então, por meio da educação, eles começam a despertar e sair da letargia de uma situação que a vida os havia colocado”.
A atual diretora da Escola, Marcia Nepomuceno, acompanhou toda a trajetória do projeto e as dificuldades enfrentadas durante o percurso de uma década. A batalha para transformar o projeto social em Escola foi uma delas. “É emocionante ver de onde começamos, na época sem a estrutura de uma escola, e até onde chegamos por meio do esforço conjunto e muito trabalho”. A conquista do direito à certificação foi um dos momentos mais marcantes na história da AEJA.
Como lembra a diretora, antigamente os alunos tinham de prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para conquistar a comprovação de seus estudos. “Desde o início, os alunos diziam: ‘o Mackenzie não vai dar um certificado pra gente?’. Quando conseguimos, foi um momento de vitória e comemoração”, relembra a Marcia sobre a primeira colação de grau com o famoso ‘canudo’.
Em busca de um certificado e novas oportunidades, os alunos ali encontram mais do que o estudo. Segundo a coordenadora da Escola, Zípora de Almeida, a missão da AEJA não está apenas baseada no ler e escrever, mas sim no afeto por parte dos professores e funcionários, que os fazem acreditar que são capazes de alçar grandes voos. “Eles saem transformados, saem como cidadãos, parte desta sociedade e acreditando naqueles sonhos outrora adormecidos ou massacrados pela sociedade”, contou emocionada.
Márcia relatou que muitos estudantes chegam com a autoestima baixa e retomam a confiança durante os ensinamentos do dia a dia, se sentindo valorizados. “Nossos alunos dizem que, muitas vezes, estão nas sombras, e que quando eles vêm para Escola e começaram a aprender, uma luz se acende e a vida se transforma”, completa Marcia.
Fazer parte da AEJA
Para o professor Rubens Moura, fazer parte de um programa de educação de jovens e adultos é a melhor coisa que pode acontecer ao professor no Brasil. “Eu falo isso a partir da realidade da escola brasileira, que infelizmente passa por uma série de dificuldades de todos os tipos, sociais, políticas e disciplinares também”, pontuou.
O professor conta que alguns alunos caminham por horas para chegar até a Escola, muitas vezes por não ter dinheiro para o transporte. “Nós passamos por esse contato e convívio que muitas vezes nos traz apuros emocionais, nós nos entristecemos com eles, mas ao mesmo tempo comemoramos cada formatura e vitória”, contou. “Costumo dizer que a AEJA é o sonho concreto no magistério em uma realidade como a nossa”, finalizou o professor.