Na última segunda-feira, 10 de abril, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) promoveu uma aula aberta sobre Planejamento Estratégico Integrado: os desafios da justiça espacial e da participação Holanda e Brasil. O evento, organizado pela coordenadora do Programa de Internacionalização, professora Eunice Pascal, foi ministrada pelo arquiteto Roberto Rocco, e transmitido pelo canal do Youtube.
Para o arquiteto, o Brasil tem desafios esmagadores, e por isso as ideias de planejamento da Holanda pareçam muito bobas no cenário brasileiro. Isso se dá porque os holandeses acreditam que tudo o que é idealizado seja factível, em razão da maneira como se deu a construção da Holanda, inicialmente um pântano.
Rocco explica que a Holanda é “um modelo de sociedade baseado na busca de consenso e visões comuns para um futuro desejável, nascido da urgência de organizar coletivamente a vida em uma terra difícil com recursos naturais escassos”. Para o arquiteto, o país só existe pelas pessoas com muita fé nas instituições do governo, algo bem distante do que ocorre no Brasil.
Na Holanda, o planejamento estratégico são ideias que envolvem: sustentabilidade ecológica e social, de forma integrada; visão participativa multi escalas; urbanismo biofílico ou regenerativo; governança; justiça espacial; bens públicos; e commons (recursos compartilhados e coletivos). “Esses são instrumentos para coordenar e espacializar as políticas públicas de modo a maximizar seus resultados, com foco na sustentabilidade e no bem-comum, ou seja, na prosperidade inclusiva”, sintetizou Rocco.
Ao longo do evento, o arquiteto explicou que a transição da sustentabilidade precisa ser justa, porque caso contrário, as pessoas terão mais dificuldades de implementar essas iniciativas. Segundo ele, a União Europeia implementou o Pacto Verde Europeu, um plano que tem mobilizado a pesquisa e promovendo a inovação, baseado no financiamento e na Transição Justa.
Em seguida, Rocco disse que de forma sintetizada o significado de Justiça Espacial está relacionado com a justa distribuição dos ônus e benefícios da transição para a sustentabilidade, com atenção especial às necessidades dos grupos mais vulneráveis.
“36% da população holandesa mora em habitação social, e essas pessoas conseguem pagar. É chocante, porque aqui no Brasil quando pensamos em habitação social nós relacionamos com uma moradia de péssima qualidade”, disse Roberto sobre a Holanda, enfatizando a eficácia em termos energéticos das habitações.
Compareceram no evento o pró-reitor de Extensão e Cultura, Cleverson Pereira, representando o reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos; a diretora da FAU, Angélica Alvim; a coordenadora do Programa de Internacionalização, Eunice Pascal; e os professores da FAU, Nádia Somekh e Geraldo Simões Júnior.