Dia 24 de janeiro é o Dia Internacional da Educação, de acordo com Assembleia Geral das Nações Unidas. Essa data foi indicada para reforçar o papel da educação para a paz e o desenvolvimento, pois, de acordo com a Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, o processo educacional é fundamental para um mundo mais igualitário e próspero.
O objetivo de alcançar a paz e o desenvolvimento, bem como de tornar o mundo um lugar mais propício ao convívio e com menos pobreza, é louvável e legítimo. No entanto, vale também reforçar que a educação, antes de se tornar um instrumento para alcançar metas nacionais e globais, está pautada em uma relação entre indivíduos e também do próprio estudante consigo mesmo.
O termo educação, a forma nominalizada do verbo educar, tem sua origem em um vocábulo da língua latina: educare. Essa palavra era formada pela partícula ex, que significava “fora” ou “exterior”, e por ducere, que tinha o sentido de “guiar”, “instruir”, “conduzir”. Dessa forma, educare passava a ideia de “guiar para fora”, “conduzir para o exterior”. Em outras palavras, educar seria o processo de conduzir o estudante para fora de si, para pensar o mundo e sua realidade para além de si mesmo. Essa é uma ideia de educação que a enfatizava como um processo de formação moral e espiritual, pois implicava perceber que a realidade está além do eu, e que é preciso alcançar algo externo ao ser humano para uma vida plena. Esse algo, na tradição cristã, era Deus.
Atualmente, é perceptível que a educação abarca outras ideias além dessa formação preocupada somente com a formação moral e espiritual. Em alguns casos, há de se notar que esses dois aspectos nem mesmo são considerados. De qualquer forma, no mundo contemporâneo, a educação tem também um papel importante na formação política e cidadã, na capacitação dos estudantes para a vida profissional e, mais recentemente, tem se tornado importante como meio de preparação para a vida digital.
Da forma como se organiza a educação formal no Brasil atualmente, há espaço para instituições de vários tipos e perfis. Desse modo, ainda que a educação no modelo educare já não exista como antes, há espaço para programas educacionais que também priorizem a formação moral e espiritual. Um desses modelos de ensino são as escolas confessionais, como o Instituto Presbiteriano Mackenzie, baseado em uma cosmovisão cristã reformada.
Simplificando muito as coisas, é possível entender que a cosmovisão cristã reformada entende que o homem é falho, pecador, e não pode alcançar redenção por suas capacidades. O ser humano precisa olhar para fora de si, para além do eu, para encontrar redenção e restauração em Cristo. Essa forma de entender a realidade humana se aproxima daquela ideia inicial de educação, possibilitando, dessa forma, que o processo educacional cumpra seu papel de formação cidadã e capacite o estudante para o mercado sem que deixe de lado sua função formativa moral e espiritual.
Nesse dia 24 de janeiro, celebra-se o Dia Internacional da Educação, momento dedicado à lembrança da intenção de alcançar paz, desenvolvimento, um mundo igualitário e mais próspero por meio de práticas educacionais. Mas como mencionado no início deste texto, antes de se tornar um instrumento para alcançar metas nacionais e globais, a educação é realizada na relação entre indivíduos e também do próprio estudante consigo mesmo.
A educação é uma ferramenta essencial no mundo contemporâneo, mas é também essencial para que formemos indivíduos conscientes de quem são, que sejam transformados por Deus, para que, assim, eles transformem o mundo também. Somente com pessoas transformadas, que apontem para o único fator transformador (Deus), os objetivos almejados pela Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura serão alcançados. É com essa convicção, pautados na cosmovisão cristã reformada, que celebramos o Dia Internacional da Educação e contribuímos para o alcance das metas estabelecidas pela ONU.
Mayron Rodrigues Cordeiro da Silva - mestre em Letras, com concentração em Estudos Linguísticos, e atua como professor de Língua Portuguesa no Colégio Mackenzie Palmas.