“Polícia não pode estar à mercê de ingerências políticas”

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Palestrante à frente de plateia cheia
Delegada Raquel Kobashi Gallinati palestra na Semana do Advogado no Mackenzie

29.08.2019 Ética e Cidadania


Durante os trabalhos da Semana do Advogado, de 26 a 30 de agosto, promovida pelo Centro Acadêmico João Mendes Júnior, em parceria com a Faculdade de Direito (FDir) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), o campus Higienópolis recebeu, no dia 28, quarta-feira, a mackenzista Raquel Kobashi Gallinati, atual presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (SINDPESP) e Delegada de Polícia do Estado de São Paulo desde 2012.

Formada em Direito no Mackenzie, Raquel foi a primeira presidente mulher do SINDPESP, eleita com ampla maioria dos votos, e veio à Universidade para conversar com a nova geração de alunos. Compondo a mesa ao lado dela para falar da carreira de delegado estiveram Gustavo Mesquita Galvão Bueno, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP); Tania Prado, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo e da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (SINDPF e ADPF); e Arnaldo Rocha Junior, diretor de Mobilização, Logística e Assuntos Profissionais da ADPESP.

De acordo com Raquel, o maior desafio na atuação do delegado hoje em dia está na falta de autonomia institucional. “O que nos deixa totalmente vulneráveis a ingerências políticas de todas as formas, sejam econômicas, sociais. A falta de autonomia faz com que uma instituição de Estado, que é a polícia judiciária, tanto civil como federal, fique à mercê das equivocadas políticas de governo”, afirma.

Segundo ela, tais políticas equivocadas podem, muitas vezes, enfraquecer a instituição. “Temos a atribuição legal e constitucional de investigar, independentemente de quem seja e de qual crime tenha praticado, afinal, a lei vale para todos”, destaca Raquel.

A delegada pontua que a partir do momento que aqueles que estão temporariamente no poder tomam a polícia e, de forma manipulada, ardil e dolosa enfraquecem essa instituição, quem ganha é a criminalidade, em detrimento da sociedade, que fica desprotegida.

Em resumo, enfatiza Raquel, “o que falta é um projeto de emenda constitucional que nos dê a autonomia institucional que tem o Ministério Público, o poder Judiciário, a Defensoria Pública. Também temos de ter a nossa autonomia financeira, administrativa e institucional e, dessa forma, estaremos blindados de ingerências que manipulem e deixem a polícia como seu instrumento de impunidade”, complementa.

De volta ao lar

“É uma alegria falar sobre a carreira de delegado durante a Semana do Advogado aqui do Mackenzie. Também sou mackenzista e uma felicidade e nostalgia imensas me acometeram ao entrar aqui novamente”, comenta Raquel, que é formada em Direito pela FDir da UPM.

Ela, que ingressou no Mackenzie em 1994, afirma que sabia, já na época, qual era a carreira que queria seguir. “Tive como orientador Adalberto Camargo Aranha e minha monografia foi sobre delitos e penas, sempre amei Direito Penal”, relembra!

Para Raquel, é uma alegria voltar ao seu lar e poder falar com os mackenzistas, pois ela sente que o Mackenzie é uma família! “Voltar aqui e poder falar para geração que está vindo que vale a pena ser delegada de polícia, apesar de todas as dificuldades que passamos, é uma satisfação imensa”, finaliza ela.