Bebê que não abria os olhos faz transplante de membrana amniótica no HUEM

Bebê nasceu com condição rara na literatura médica e passou por procedimento ainda pouco comum no Brasil

09.03.202312h02 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Um transplante ocular utilizando membrana amniótica salvou a visão de um recém-nascido no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM). O procedimento, realizado pelo SUS, aconteceu no final de fevereiro de 2023 e foi um sucesso. Nesta semana, o pequeno Anthony teve alta da UTI Neonatal do HUEM e foi transferido para outra instituição.

Anthony, que completou 50 dias, nasceu com uma má formação nos olhos – ambos não abriam após o nascimento, as pálpebras estavam grudadas e apresentavam secreções e inchaço. Além disso, o recém-nascido estava com bolhas e lesões de pele espalhadas pelo corpo.

Contudo, a preocupação maior do jovem casal de pais era com a visão do bebê, como relata a mãe, Dyenifer Coutinho, de 20 anos. “Quando chegamos aqui eu estava com muito medo de que ele perdesse a visão, de que nunca enxergasse. Já estava com mais de um mês de vida e nada de abrir o olhinho”, lembra ela.

O pai, Igor Amaral, 21 anos, conta sobre os dias de angústia que a família viveu antes do desfecho feliz. “Não sabíamos mais o que fazer, só restava aguardar e confiar nos médicos, pois estava nas mãos deles”, destaca.

Transplante

Ao avaliar o pequeno paciente, a equipe médica do Hospital Mackenzie constatou a formação de uma membrana por baixo das pálpebras, que estava impedindo que elas se separassem para que o olho abrisse. Uma condição rara na literatura médica.

“Se a gente não estimula o olho no início, a criança não aprende a enxergar, então nós tínhamos que liberar esse olho para receber luz o mais rápido possível”, explica o oftalmologista e diretor do Banco de Multitecidos Humanos do HUEM, Dr. Leon Grupenmacher.

Exames mostraram que a suspeita seria de uma doença autoimune, quando o sistema imunológico produz anticorpos contra o próprio corpo. Era necessário descolar as pálpebras e tratar este tecido que não era sadio, então foi decidida a realização do procedimento cirúrgico: um transplante de membrana amniótica.

A membrana amniótica é a camada mais interna da placenta, que envolve o bebê ainda dentro do útero. Somente no final de 2021, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou o uso da membrana amniótica em diferentes tratamentos. Portanto, trata-se de um procedimento ainda pouco comum no Brasil.

“Como as pálpebras não abriam, não sabíamos a condição do globo ocular. Durante a cirurgia, conseguimos perceber que era perfeito, porém o tecido que se formou junto às pálpebras não era sadio e produzia anticorpos sobre ele mesmo”, conta Dr. Leon Grupenmacher.

As pálpebras foram abertas e cobertas com tecido de membrana amniótica, preparado no Banco de Multitecidos Humanos do HUEM. “Funciona como um curativo, uma espécie de adesivo biológico que permite que as próprias células da criança se desenvolvam e formem um tecido saudável junto à conjuntiva”, salienta Leon.

Emoção

O transplante terminou por volta das 10h30 da manhã. Em seguida, foram horas de muita expectativa dos pais, para ver o Anthony abrir os olhinhos. “Fiquei ali colada, mexendo com ele, chamando pelo nome. Até que no final da tarde ele abriu os olhos. Não tem nem como descrever a emoção que senti”, recorda Dyenifer.

“Além de muita alegria, o sentimento é de gratidão pelo médico que fez a cirurgia. Nós queríamos conhecê-lo pessoalmente para poder agradecer”, destacou Igor.

E assim aconteceu no dia 3 de março, no encontro entre a família e Dr. Leon. Um momento bonito, proporcionado pelo trabalho desenvolvido no HUEM, em sua missão de cuidar das pessoas.


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