Simpósio debate melhor qualidade de vida para pacientes com doenças graves

Evento reuniu médicos e enfermeiros do hospital e reforçou necessidade de se estudar os cuidados paliativos

26.11.202114h49 Comunicação - Marketing Mackenzie

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O Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM) realizou o I Simpósio de Cuidados Paliativos Adulto e Pediátrico nos dias 19 e 20 de novembro. Voltado para profissionais e estudantes da área de saúde, o evento aconteceu na Igreja Presbiteriana Central de Curitiba.

“Algumas vezes não há o que fazer pela doença do paciente. Todavia pela pessoa, pelo ser humano, sempre há o que ser feito para dar acolhimento e conforto, tanto para o paciente como para os familiares”, salienta o Dr. Jonathan Vinícius Lourenço de Souza, médico paliativista e coordenador do Serviço de Cuidados Paliativos Adulto do HUEM.

Os cuidados paliativos são ações voltadas para a melhora da qualidade de vida de pacientes adultos e crianças que enfrentam doenças graves e ameaçadoras da vida.

Antes da abertura do Simpósio, os participantes foram saudados pelo reverendo Juarez Marcondes Filho, presidente do Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM). “É uma honra receber este importante encontro aqui em nossa Igreja”, disse.

O discurso inicial foi feito pelo diretor geral do HUEM, Dr. Rogério Kampa. “Temos visto na medicina atual muitos médicos tratarem o prontuário ao invés do paciente, atuando de forma mercantilista. Medicina tem que ser feita com pessoalidade, com compromisso e responsabilidade”, destacou.

“Por isso implantamos uma equipe de cuidados paliativos e os bons resultados são visíveis. A semente plantada com este primeiro Simpósio frutificará nestes estudantes aqui presentes, pois temos a certeza que a medicina paliativa é do agrado de nosso Deus, que controla todas as coisas’, concluiu o diretor geral do HUEM.

Desconhecimento

A primeira palestra - Equidade no acesso aos Cuidados Paliativos: por que muitos ainda ficam para trás? – foi ministrada pela médica paliativista Renata Meiga, de São Paulo. “Falta investimento no tema e há muito desconhecimento. As pessoas não entendem os cuidados paliativos, associam somente a pacientes que estão morrendo. Por isso temos que fazer um trabalho de educação com os médicos que não estão habituados com o trabalho paliativo, pois não somos ensinados nas Faculdades”, ressaltou.

Segundo ela, os cuidados paliativos são muito associados à oncologia. “Precisamos nos descolar deste estigma, somos importantes para toda e qualquer especialidade, para toda doença ameaçadora da vida. Precisamos acompanhar os pacientes desde o início dos tratamentos, para oferecermos o maior número de benefícios a eles e aos familiares”, explicou.

Renata afirmou ainda que no Brasil há um certo tabu em falar sobre o fim da vida. Ela trabalhou com medicina nos Estados Unidos e percebeu uma grande diferença. “Lá eles falam mais naturalmente sobre o fim da vida e por isso estão mais preparados para lidar com este momento. Aqui não falamos sobre o assunto”, comentou a especialista.

Trabalho Multidisciplinar

A enfermeira especialista em Cuidados Paliativos, Marinete Franco, ministrou a palestra Trabalho em equipe multidisciplinar. Ela atua no Serviço de Cuidados Paliativos Adulto do HUEM, que conta ainda com assistente social, psicóloga, dentista, capelã, fisioterapeuta, farmacêutica, fonoaudióloga e nutricionista.

“O mais importante em nosso trabalho é a tomada de decisões compartilhada por paciente, familiares e toda a equipe. Sempre com foco no que é significativo para o paciente. Ele é quem coordena a equipe”, destacou.

Para ela é fundamental conhecer a biografia do paciente e preservar a sua autonomia, sempre perguntar e não tomar todas as decisões por ele. “É desagradável quando vemos médicos falarem que determinado paciente é um câncer de garganta, que outro é uma hepatite crônica. Isso é olhar só para a doença. Nós procuramos olhar para as pessoas e nunca somente para a doença”, salientou.

Equipe

O tema da apresentação do Dr. Jonathan Vinícius Lourenço de Souza foi A trajetória dos Cuidados Paliativos no Hospital Universitário Evangélico do Mackenzie - apresentação da equipe dos adultos.

Em fevereiro de 2020, ele começou a montar a equipe multi profissional, para trabalhar com adultos, enquanto dava suporte também na pediatria. “Fiz um recrutamento no RH no Hospital. Eram pessoas que não sabiam muito sobre cuidados paliativos mas tinham muita vontade de aprender. Então o sonho começou a virar realidade”, relembra.

Ao todo, são 10 especialidades que compõem a equipe. Desde o início da atuação, mais de 1.200 pacientes foram atendidos, sem contar os familiares. “Ainda temos muito a avançar dentro do Hospital e felizmente contamos com o apoio da direção para praticar uma medicina voltada para a qualidade de vida do ser humano”, destacou o coordenador.

Pediatria

A pediatra, intensivista e paliativista pediátrica, Andréia Christine Franco, apresentou a trajetória da equipe de cuidados paliativos pediátrico e perinatal do HUEM. “Existe muito tabu acerca dos cuidados paliativos com crianças. Entre nossas atribuições está ajudar a ressignificar a história dessas crianças. Olhar para a família, criar boas lembranças. Acolher as pessoas, fazer uma preparação emocional para esses momentos tão difíceis”, explicou Andréia.

O estudante do 5º período de Medicina da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (Fempar), Alcino Marin, de 21 anos, ficou sabendo do Simpósio pelas redes sociais do HUEM. Interessado na área de oncologia pediátrica, ele destaca a importância dos cuidados paliativos.

“É muito importante, acho que seria interessante que na reforma curricular este tema fosse incluído desde o início do curso para que os novos alunos que ingressarem estejam familiarizados com uma medicina mais humanitária”, disse após a primeira noite de palestras.