O significado da palavra Bullying é “ato agressivo sistemático, envolvendo ameaça, intimidação ou coerção, praticado contra alguém, por um indivíduo ou um grupo de pessoas”.
A origem do termo vem do inglês bully, que quer dizer “valentão”. O “ing”, que completa a palavra, representa uma ação contínua, justamente o que acontece no cenário do bullying: um quadro de agressões, que podem ser verbais, físicas e psicológicas. “São os clássicos ‘valentões’ acuando pessoas às vezes estigmatizados física ou emocionalmente”, explica o professor de psicologia da pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Alphaville, Leonardo Luiz.
Este tipo de agressão é muito comum dentro das escolas. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o ambiente das instituições de ensino do Brasil é duas vezes mais suscetível ao bullying do que a média geral das instituições de ensino em 48 países. Segundo dados disponibilizados pela Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem 2018, no Brasil, 28% das escolas do ensino fundamental indicam que o bullying e a intimidação ocorrem semanalmente dentro da sala de aula.
Em 2015, a prática se tornou crime após o Governo Federal decretou a Lei nº 12.185, que institui o Programa de Combate à intimidação Sistemática, em todo o território nacional, como forma de aumentar a repressão ao Bullying.
Como combater o bullying
Para Patrícia Bissetti, orientadora educacional do Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) Higienópolis, existem medidas necessárias a serem tomadas para combater esse quadro, tanto no ambiente escolar, quanto fora dele. Ouvir a criança e o adolescente é uma delas.
“Criar vínculos, dando a oportunidade de expressarem seus sentimentos. Planejar algumas dinâmicas com as turmas para que possam falar e ouvir, como por exemplo uma roda de conversa, debates, caixinha de sugestões. Convidar os pais para uma conversa com a orientação; promover palestras para os alunos, professores e pais”, enumera Patrícia.
Conscientizar as crianças e adolescentes sobre as diferenças entre os seres humanos é outra das formas de combater essa forma de agressão, como pontua o professor da pós.
“A empatia e aceitação do outro. Convívio com a diferença é a melhor forma de se relacionar!”, diz ele.
Conscientização
Outra questão importante é os pais conscientizarem seus filhos sobre como bullying afeta a vida das pessoas, por meio de conversas e até mesmo a exposição de fatos, histórias e filmes nas quais crianças sofreram com essas agressões. “O exemplo dos pais também é muito importante, atentar aos comentários que fazem a respeito dos outros na frente da criança. Quando ela vê os pais falando mal de outras pessoas, pensam que é um procedimento comum e acabam imitando. Essas ações podem resultar posteriormente em um bullying contra um colega”, complementa a orientadora.
Além da família, os professores devem ser capacitados para lidar com situações de bullying dentro do ambiente escolar. Rodas de conversa e capacitações são algumas das ações necessárias para desenvolver este preparo. “Observar o aluno mais reservado, que nunca se expressa, envergonhado. Levar os casos para orientação educacional e compartilhar com o grupo para verificarem juntos se esses comportamentos são comuns em todas as aulas”, explica Patrícia.
Consequências
O bullying afeta o comportamento e o desenvolvimento, tanto dos que praticam, quanto dos que são agredidos. As habilidades socioemocionais, cognitivas e de relacionamento podem ser comprometidas.
"Uma criança que comete bullying geralmente está sofrendo em algum outro âmbito, a que recebe sofre internamente e costuma não interagir”, pontua a professora.
O docente da pós também indica que os efeitos e traumas ainda podem ser de ordem psíquica como ansiedade e depressão.
Ainda segundo Patrícia, ambos podem apresentar dificuldades escolares, como comprometimento na atenção e no convívio social “Já em questões físicas, podem sofrer por aumento ou perda de apetite, problemas intestinais, dores de cabeça, afetando a saúde física”, explica Patrícia.
Para professora do CPM, as crianças e adolescentes que sofrem esse tipo de assédio dentro do ambiente escolar tem algumas alterações em suas atitudes, que podem ser identificada pelos próprios pais, seja observando “se o filho está mais calado, se ele fica muito no quarto sozinho, se está comendo mais ou menos. Equilibrar o uso da internet; mostrar-se pronto para ouvir, antes de criticar. Programar pequenos passeios, convidar amigos para que frequentem a casa. Observar se o filho está muito autocrítico e se houve mudanças na vestimenta ou até mesmo no cabelo são alguns sinais de que a criança está sofrendo”, finaliza.