A necessidade de readequação da população ativa, para atender às novas demandas do mercado de trabalho nos próximos anos, e a urgência do Estado em se desenvolver para suprir as novas carências da sociedade, em um contexto de incertezas, são algumas das discussões presentes nos artigos publicados pelo Grupo de Pesquisa e Estudos Prospectivos (NEP-Mackenzie) da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília (FPMB) na nova edição especial da Revista Mackenzie. O periódico, que destaca o trabalho dos cientistas em 2020, está disponível para download neste link.
A Revista traz, ainda, debates sobre a Gestão Estratégica para uma nova época, com foco na importância da análise de risco e de cenários, as experiências do uso de Estudos de Futuro no Reino Unido, a Plataforma Future, uma rede de experts conectada no “por vir”, a avaliação de estudos de futuro para o planejamento em ciência, tecnologia e inovação, as perspectivas filosóficas a respeito de estudar o futuro e outros.
O NEP está há dois anos dedicado à ciência dos Estudos do Futuro, que pretende, entre outras questões, organizar e assegurar um processo decisório mais assertivo - contribuindo para o sucesso da empresa ou do órgão público frente a cenários políticos, econômicos e sociais impactados por algum acontecimento relevante na atual conjuntura. Ano passado, entre as ações de destaque do NEP-Mackenzie, estão as participações em reuniões de Governo para a apresentação de dados que pudessem contribuir para o desenho de planos e projetos e a presença do NEP na reunião anual de Foresight de Governo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Políticas Públicas
Os dados obtidos após a investigação de cenários, pelo Grupo, e que estão presentes na publicação, podem ser fundamentais, por exemplo, para a construção de Políticas Públicas. No artigo Os jovens e o Futuro do Trabalho no Brasil, a pesquisadora Caroline Lopes, Mestre em Economia e Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação, traz uma perspectiva importante sobre como será a adequação das próximas gerações ao mercado de trabalho, com questões relevantes para o planejamento de um país em desenvolvimento.
A pesquisadora sublinha que “enquanto alguns empregos irão desaparecer, outros serão criados, exigindo ajustes no conjunto de habilidades necessárias. Em estimativa do Fórum Econômico Mundial (2016), 65% das crianças de hoje ocuparão profissões que ainda não existem. Não só as crianças precisam ser desenvolvidas para este novo mercado, como os adultos necessitam aprender constantemente ao longo da vida”.
De acordo com a cientista, “aqueles trabalhadores que estão em descasamento com relação às habilidades esperadas pelo mercado tenderão a ocupar funções com baixa exigência de formação e correm risco de desemprego, o que aumenta a possibilidade de desigualdade social, não sendo, então, uma questão de carreira individual, mas uma questão social e econômica para o país”, explica.
A avaliação de possíveis cenários, seguindo rigorosos critérios metodológicos, geraram informações importantes inclusive para que organizações e nações possam planejar movimentos e desviar de outros cenários críticos. Os dados podem ser centrais para mudanças de perspectiva sobre o próprio exercício da gestão pública. Ariel Pares, Mestre em Desenvolvimento Econômico e pesquisador do NEP-Mackenzie, chama a atenção, em seu artigo A prospectiva e o uso da inteligência coletiva para uma gestão pública por governança, para a relevância de atualização do modelo de administração vigente no Brasil.
“O recurso à inteligência partilhada e a prospectiva, conceitos que emergem como sinais fracos nos anos 50, se conectam e mostram forte afinidade com a gestão pública por governança, eleita pelas agências multilaterais e influentes, como OCDE, ONU, BIRD, como um referencial de boas práticas para orientar a administração pública contemporânea”, pontua o pesquisador. “As organizações públicas têm a necessidade de substituir os processos de autoridade baseados no comando e controle e decisões públicas centralizadas, por uma atuação pautada pela motivação, engajamento, cooperação, gestão em rede, criatividade e inovação”, complementa.
É importante reforçar que os Estudos do futuro compõem uma ciência que não se dedica a adivinhar o que está por vir, mas sim a pensar, de forma estratégica e alinhada, eventos que poderão ocorrer em algum momento do futuro, a depender de ações/eventos no presente e/ou situações que poderão ser concretizadas em algum outro momento.
Cenários
Tanto a construção de cenários quanto a produção de inteligência, são atividades altamente especializadas e necessitam do desenvolvimento de competências para que produzam bons resultados. “O NEP-Mackenzie tem dado contribuições importantes ao governo, a empresas e a pesquisas em outros segmentos acadêmicos. Ano passado, lançamos o livro Cenários Pós-covid-19, possíveis impactos sociais e econômicos no Brasil e duas publicações especiais da Revista Mackenzie, discutindo nossas pesquisas (Revista 1|Revista 2)”, comentou a professora Elaine Marcial, doutora em Ciência da Informação e coordenadora do grupo e da Pós-Graduação recém inaugurada, em Cenários Prospectivos Inteligência, Cenários e Gestão Estratégica.