Enquanto o calor se intensifica em grandes centros urbanos, a exemplo de São Paulo, uma complexa rede de desafios se desenha, afetando desde a saúde humana até o delicado equilíbrio do ecossistema. Pensando nisso, conversamos com diversos especialistas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), e do Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) para compreender os impactos dessa onda de calor que assola grande parte do Brasil.
Exploramos não apenas os efeitos sobre a saúde, ecossistemas e economia, mas também as estratégias práticas para enfrentar esse cenário desafiador.
Cuidados no calor para as pessoas
O especialista em Clínica Médica da FEMPAR, Dr. Ivan Paredes, oferece três pontos de atenção das condições relacionadas à exposição ao calor excessivo. Ele destaca a exaustão pelo calor, cãibras musculares e sintomas mais graves que podem levar à internação. “Esses sintomas são, muitas vezes, resultado de uma exposição prolongada ao calor, indicando a dificuldade do corpo em manter a regulação térmica normal”, explica.
Em complemento, o especialista em Geriatria da FEMPAR, Dr. Luiz Antônio de Sá, alerta para os graves riscos que a onda de calor representa para os idosos, destacando a menor eficiência do corpo nessa faixa etária em regular a temperatura interna e a predisposição à desidratação crônica.
Antônio de Sá enfatiza sintomas como suor excessivo, cansaço e confusão mental, ressaltando a importância de medidas preventivas, como a ingestão adequada de líquidos, preferencialmente água ou sucos naturais, a permanência em ambientes frescos, alimentação leve, roupas leves e de cores claras, uso de protetor solar e acompanhamento por familiares e cuidadores.
No âmbito nutricional, é importante levar em conta as orientações da especialista em Nutrição da UPM, professora Márcia Nacif, que destaca cuidados específicos com a saúde durante esse período. “Durante o calor intenso, o corpo humano perde uma quantidade significativa de líquidos por meio do suor e transpiração, elevando o risco de desidratação. A sede intensa é um indicativo claro da necessidade de hidratação, e as pessoas muitas vezes recorrem a líquidos como forma de alívio”, afirma.
Nacif ressalta que, para uma hidratação adequada, a água é fundamental. Ela recomenda um consumo mínimo de 35 ml de líquidos por kg de peso corporal e sugere opções como água de coco, água saborizada, chás gelados e sucos naturais sem adição de açúcares.
Além disso, Nacif alerta para evitar o consumo de sucos ricos em açúcares, refrigerantes e bebidas alcoólicas, ressaltando a importância de manter uma alimentação saudável, rica em frutas e vegetais.
Animais e plantas no calor
Neste momento, é importante lembrar que o calor também afeta outros seres vivos além de nós, impactando diretamente os ecossistemas. O especialista em Biologia do CPM, professor Thiago Mendes, explora as consequências da onda de calor para as plantas, aves e ambientes aquáticos. Ele adverte que a frequência desses eventos climáticos extremos pode desestabilizar completamente os ecossistemas.
“No caso das plantas, o calor afeta o processo de fotossíntese, resultando na perda de folhas e no murchamento. Para as aves, o calor pode torná-las mais letárgicas, afetando suas atividades alimentares e até mesmo a capacidade de voar”, destaca ele.
De acordo com o biólogo, nos ambientes aquáticos, as temperaturas mais elevadas dificultam a solubilidade dos gases, levando a uma menor taxa de gás carbônico e oxigênio, resultando na morte de algas e peixes. As complexas interações entre clima e ecossistemas evidenciam a necessidade de medidas efetivas para enfrentar as mudanças climáticas.
A especialista em Biologia do CPM, professora Tahysa Macedo, complementa a discussão destacando uma mudança significativa na temperatura em relação à Revolução Industrial, o que é cientificamente respaldado. “No contexto brasileiro, o aquecimento global se junta ao fenômeno do El Niño, intensificando as ondas de calor. O país experimenta mais seca no norte e nordeste, incluindo desertificação, e chuvas mais escassas”, alerta.
Em contrapartida, a região centro-sul sofre com eventos de alagamentos e chuvas intensas mais frequentes. “Essas mudanças climáticas afetam diretamente os habitats, levando a alterações nos ciclos de vida, fertilidade e produção de gametas para diversas espécies”, salienta.
Na economia
No que diz respeito aos impactos econômicos, o especialista em Economia da UPM, professor Julian Portillo, contribui com estratégias práticas para lidar com a onda de calor.
Ele destaca a importância de considerar as tarifas de energia elétrica, que têm picos nos horários de maior demanda. Recomenda evitar o uso intensivo de aparelhos elétricos durante esses períodos, como ar-condicionado, ventilador e chuveiro elétrico.
Portillo também sugere a adaptação de hábitos diários, como a utilização do chuveiro no modo verão ou desligado para economizar energia. Essas abordagens focam não apenas na economia financeira, mas também na sustentabilidade, realçando a importância de cada indivíduo na gestão eficiente dos recursos energéticos.