Um contato mais próximo com a natureza desde a infância, além de ser benéfico à saúde, contribui para a conscientização sobre o cuidado com o meio ambiente. É pensando nisso que o Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) São Paulo desenvolveu um projeto de horta para os alunos da Educação Infantil até o primeiro ano do Ensino Fundamental I. Por conta da pandemia do novo coronavírus, que trouxe mudanças para a rotina de todos, o Mackenzie incentiva as famílias a continuarem a atividade em casa com os pequenos, adicionando práticas saudáveis ao período de isolamento.
Mesmo com as aulas remotas, é possível não apenas continuar o projeto dentro de casa, mas também gerar muitos aprendizados através do contato com o meio ambiente e atividades conjuntas com os pais. De acordo com a professora de Ensino Religioso da Educação Infantil e 1º ano do Fundamental do CPM, Laíza Guedes, uma boa ideia é os pais apresentarem novos alimentos e novas receitas para as crianças, mostrando como os alimentos se originaram da natureza e que fazem bem para a saúde.
Assim como é feito no Colégio, é importante a criança participar de todo o processo, desde o plantio da semente até o resultado final, passando pelos cuidados contínuos. Sem dúvida todas as etapas serão motivo de alegria para as crianças, principalmente, quando uma nova descoberta é feita. “Ficam admiradas com o processo de crescimento da planta. No Colégio, eles ficam semanas sem visitar a horta, e quando retornam, um pequeno caule de mandioca que plantaram já está do tamanho deles”, diz Laíza.
O capelão do CPM, Josué Alves Ferreira, ainda reforça a importância em aprender com experiências reais e que hoje existe muitas ideias na internet de como fazer uma horta suspensa na área e varanda dos apartamentos, por exemplo.
“As crianças precisam compreender de onde vem e que não é fácil ter o alimento em sua geladeira. Custa tempo, água, terra, disposição”, completa ele.
Vasos, jardineiras, garrafas pet cortadas ao meio, existem diversas opções de como montar sua horta caseira. O importante é o contato e a compreensão da criança sobre os processos naturais.
Alimentação saudável na infância
A professora do curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Marcia Nacif, reforça que a alimentação saudável é responsável, entre outros fatores, pelo crescimento e desenvolvimento das crianças e também ajuda na prevenção de problemas de saúde em curto prazo, como deficiência de ferro, e em longo prazo, como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas.
Marcia também explica que os hábitos alimentares são formados na infância e tendem a permanecer na vida adulta, por isso, é importante estimular logo nos primeiros anos de vida da criança o consumo de alimentos saudáveis e variados.
Projetos de horta em escolas, como o do CPM, estimulam o contato dos alunos com frutas, legumes, verduras e grãos e favorecem o conhecimento sobre a origem dos alimentos.
“Ao participar de todo o processo, a criança aprende a respeitar a natureza, cuidar dos alimentos e ter vontade de experimentar novos sabores”, afirma a professora.
História do projeto
De acordo com o capelão Ferreira, o projeto começou em 2012 com a plantação de semente de abacate pelos alunos no acampamento do Mackenzie, em Cabuçu, interior de São Paulo.
“Havia um espaço que era separado para a horta, e começamos a utilizar como projeto da aula de Ensino Religioso. Tomamos decisão, a cada ano, sobre o que plantar, sempre com o objetivo de envolver os alunos”, conta o capelão.
Nas aulas do projeto, conta ele, os alunos plantam e observam o crescimento das sementes, aprendendo a importância da água e dos nutrientes durante todo o processo. Isso possibilita à criança valorizar o trabalho manual, além de estudar conceitos relacionados a matérias escolares, como Ciências e Matemática.
O projeto é iniciado com a história bíblica da Criação do Mundo e uma roda de conversa, na qual os professores reconhecem a familiaridade dos alunos com a natureza e cultivo de alimentos. Após essa introdução, é feita uma visita à horta para que haja o primeiro contato dos pequenos com a terra. Os próximos passos, explica a professora Laíza, são “plantar, regar, acompanhar o crescimento, colher e degustar o fruto do trabalho deles”.
Além disso, as atividades com a horta permitem a inclusão de alunos com deficiência, pois se faz necessário um trabalho coletivo, no qual todos estão juntos, presenciando as mesmas descobertas e trabalhando múltiplos sentidos, como tato, visão e olfato, o que os cativam e ensinam. Com todos estes aspectos envolvidos, trazer o projeto para dentro de casa durante o período de pandemia é uma ótima alternativa para que as crianças e adultos saiam do "mundo virtual" de seus estudos e trabalhos.
Conexão com o ensino religioso
Na proximidade com a natureza, as crianças aprendem sobre o processo de crescimento e as estruturas que compõem cada organismo vivo. Para o capelão do CPM, essas ações estão diretamente relacionadas aos ensinamentos bíblicos.
“Pode-se mostrar a provisão, a importância do alimento, da comida saudável e que tudo depende do outro. Somente uma mente muito sábia poderia fazer tudo tão sincronizado: terra, água, sol, sementes e nossa necessidade de alimentos”, explica Ferreira.
O projeto da horta também trabalha com os alunos o conceito de cuidar da natureza porque Deus presenteou o ser humano com este papel. “Ao declararmos que Deus criou o Mundo e tudo o que há nele, podemos, de forma concreta, mostrar para as crianças a natureza como parte dessa criação”, encerra a professora Laíza.
“E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.” Gn 1:29.