19.10.2023 - EM

Coordenação

"“A vacinação não protege apenas a nós, mas também a comunidade”, afirma João Telles, médico do HUEM"

O Brasil enfrenta um desafio em suas metas de imunização. Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do governo brasileiro - criado para garantir à população do país acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - até dezembro de 2022, o calendário básico infantil ainda não havia atingido a meta de cobertura vacinal. Apesar de a vacinação ser uma das grandes conquistas da medicina moderna, salvando milhões de vidas, anualmente muitas pessoas deixam de se vacinar.

Na imunização de recém-nascidos e crianças, por exemplo, os números são alarmantes quando se trata de vacinas aplicadas após o primeiro ano de vida. A tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), a tetraviral (que inclui a primeira dose da varicela, além de sarampo, caxumba e rubéola) e a hepatite apresentaram cobertura vacinal inferior a 50% da população-alvo, em 2022 - a meta estabelecida pelo PNI era de 95%.

Com o objetivo de conscientizar a população a respeito dos benefícios da imunização, o médico infectologista, João Telles, que atua no Serviço de Controle de Infecção (SCIH) do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), compartilha o sentimento comunitário diante a baixa das vacinas no território brasileiro. “Após a última pandemia, notamos um esgotamento no ânimo da população para adesão vacinal”, afirma.

Ignorar a vacinação não coloca apenas crianças em risco, mas também cria oportunidades para o ressurgimento de doenças erradicadas. “Infelizmente, doenças que frequentemente não tinham tamanha expressão na comunidade, passam a ter uma incidência maior, sendo que o controle desses surtos é muito mais difícil do que a simples adesão ao programa nacional de imunização, que preveniria tal situação”, destaca Telles.

Ato de cidadania

De acordo com a OMS, a cobertura vacinal é importante, pois, a partir desta existe o fenômeno conhecido como imunidade de grupo ou imunidade coletiva, que impede a propagação de doenças infecciosas. “A vacinação não protege apenas a nós, mas também a comunidade. Uma vez que esteja com o calendário vacinal atualizado, você pode servir de barreira para uma transmissão para seus familiares e amigos”, explica o médico.

“Quando as metas do programa nacional de imunização não são alcançadas, aumenta a probabilidade de êxito de um microrganismo causar uma doença mais grave naquela população. Além disso, para doenças que são transmitidas de pessoa para pessoa, aumenta ainda mais a chance de surtos naquela comunidade”, complementa Telles.

Garantir que as crianças estejam atualizadas com o calendário de imunização é fundamental não apenas para a manutenção da saúde e bem-estar pessoal, mas, também, para a saúde coletiva. “Para as crianças é fundamental estar atento para as seguintes vacinas: BCG, hepatite B, rotavírus, tríplice bacteriana, haemophilus influenza, poliomielite, pneumocócica, meningocócica, hepatite A, e tríplice viral”, salienta o infectologista.

As demais idades também estão inclusas neste dever. “Para os adultos, depende de idade e imunossupressão. De forma geral, os adultos precisam estar atentos aos reforços da tríplice bacteriana e tríplice viral. Idosos e populações de risco sempre precisam tomar a vacina anual de gripe, pneumocócica e meningocócica. De forma mais pragmática, as unidades básicas de saúde sempre estão disponíveis para atualização da carteira vacinal”, destaca o médico.

Calendário de vacinação

Anualmente, o Ministério da Saúde promove campanhas de vacinação, como a contra a gripe e outras do calendário de vacinação. Para obter informações, o governo disponibiliza instruções detalhadas no site do Calendário Nacional de Vacinação.

O Mackenzie possui iniciativas anuais de vacinação destinadas aos colaboradores, professores e alunos. Para saber mais, basta ficar atento aos e-mails e comunicados do serviço médico ou entrar em contato pelo ramal 8426.