2017 - Camila Chiarotto Figueira - Direito

 

Meu nome é Camila Figueira, estou no Programa de Mobilidade Fluxo contínuo e gostaria de contar um pouco da minha experiência até agora.

 

Costumo brincar que meu mundo virou de cabeça para baixo depois que decidi fazer a melhor escolha que poderia imaginar.

 

Voltando um pouco, eu estava cursando o 5º semestre do curso de Direito, estagiando em uma empresa que eu amava, tudo aparentemente certo. Um dia, eu pensei que havia algo faltando, e foi quando decidi me inscrever para o programa, analisei o edital e vi que poderia ser uma boa possibilidade, me inscrevi sem pretensão alguma.

 

Depois de um tempo, veio a grande surpresa, eu havia passado para Universidade de Lisboa e embarcaria para a maior aventura dali poucos meses.

 

Foi uma correria atrás de visto, de moradia, juntar todos os documentos, confesso que não dava nem tempo de pensar sobre o que estava acontecendo, a ficha não tinha caído, e ela demorou um bom tempo.

 

Visto pronto, passagem comprada, dia 27 de agosto começava o maior desafio da minha vida.

 

Momento aeroporto, muito difícil se despedir de todos, para piorar eu tenho uma irmã gêmea que ficaria aqui, e isso me deixava aflita, deixar tudo para trás e olhar só para frente. Ali começou um pouco de medo, insegurança, mas a felicidade e a expectativa do novo eram maiores.

 

Ocorreu tudo bem, algumas turbulências e desvio de rota, mas cheguei dia 28 de agosto na minha residência, como sempre brinco aqui, intercâmbio sem perrengue, não é intercâmbio.

 

Como falo para minhas amigas aqui, Deus preparou tudinho para quando eu chegasse.

 

Tudo novo, cada pedacinho de Lisboa é de encantar, primeiros dias foram “administrativos”, abrir conta no banco, ir na faculdade, arrumar o quarto, fazer reconhecimento do local.

 

Foram os primeiros dias também de muito passeio, logo já fiz amizades com brasileiros da minha residência e formamos uma grande família. Fomos nos aventurar e conhecer tudo o que podíamos, nos maravilhar com a culinária e com a cultura, que está viva a frente dos nossos olhos por toda parte.

 

Passaram- se duas semanas, e só aí que a ficha começou a cair, e sentimentos como ansiedade, angustia e muita saudades começaram a aparecer, pensava, está dando tudo certo, estou conseguindo, as vezes ficava até difícil de acreditar.

 

Mas tudo dentro do previsto e esperado, é só acalmar o coração e entender o que está passando. É importante dizer que aqui é uma oportunidade de um intensivo sobre autoconhecimento, não vivemos na correria de São Paulo, onde vem algo ruim e logo passa pois não temos tempo para refletir sobre ele, vivo em um bairro lindo, aconchegante e calmo de Lisboa, no qual somo obrigamos, no sentido bom, a olhar para dentro de si, e descobrir o que está acontecendo, e descobrir que está tudo bem, é apenas um turbilhão de sentimentos e mudanças que tomaram conta da nossa vida.

 

As aulas começaram, aquele friozinho na barriga esperado. A Faculdade é linda, os professores excelentes, que estão dispostos a ajudar e a passar o máximo que sabem, os estudantes portugueses igualmente, dispostos a nos ajudar.

 

Somos bem conhecidos por aqui, somos os “Erasmus Brasileiros”, temos jantar e festa de recepção. Aquela fama que os portugueses são antipáticos, pode até ser um pouco verdade, pois eles são sérios e práticos, e acabam por passar essa impressão, mas eu tive sorte de até agora só encontrar pessoas maravilhosas pelo meu caminho.

 

O método é um pouco diferente, aulas práticas e teóricas de 50 minutos, com professores diferentes, e muito caso prático para resolver, e muita participação em aula, é diferente, mas desafiador.

 

Falando um pouco da vida aqui, podemos escolher nossa rotina, o que nos deixa mais à vontade e felizes, afinal, é um tempo para nós.

 

Hoje, depois de 2 meses e pouquinho, estou bem adaptada, muito feliz, fazendo os trabalhos da faculdade, conhecendo lugares novos e muita realizada com todas minhas conquistas, planejando muitas viagens para esse finalzinho, porque o tempo passa muito rápido.

 

Enfim, posso dizer que em dois meses consigo perceber inúmeras transformações dentro de mim, autoconhecimento, dar valor as coisas simples que as vezes deixava passar, reforçar que a família é a coisa mais importante que temos conosco, que a saudades aperta, mas descobrimos que temos muito mais força do que imaginávamos.

 

Temos a ideia de que vai ser muito importante para o nosso futuro profissional, mas o mais importante é a transformação que passa dentro de nós, e só por isso, já valeu tudo a pena.

 

O sentimento é misto, quero que nunca acabe, mas ao mesmo tempo sinto muitas saudades da minha família e amigos, mas eles estarão me esperando de braços abertos.

 

Agradeço primeiramente a Deus pela força que ele me dá, aos meus pais que estrão sempre comigo e amigos, e a Universidade Presbiteriana Mackenzie, pela oportunidade única na minha vida de viver tudo isso.