Mulheres no campo: Instituto Cristão Mackenzie de Castro forma futuras gestoras do agronegócio

Presença feminina em posições de destaque aumenta a cada ano no setor agropecuário

28.03.202518h12 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Mulheres no campo: Instituto Cristão Mackenzie de Castro forma futuras gestoras do agronegócio

Tradicionalmente liderado por homens, o agronegócio vem passando por uma transformação com a crescente presença feminina em posições de protagonismo. No Instituto Cristão Mackenzie (ICM), essa mudança é visível nas salas de aula e nos cargos de liderança da instituição, refletindo o destaque das mulheres no setor.

Localizado em Castro, no interior do Paraná, o colégio, que oferece ensino médio regular e técnico em Agropecuária, foi incorporado pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) em 2023. Possui área de 350 hectares, com uma fazenda própria, onde estudantes trabalham com lavoura, pecuária leiteira, ovinocultura, caprinocultura, suinocultura entre outras atividades.

A diretora-geral do ICM, Mônica Jasper, é um exemplo do avanço feminino no setor. Primeira mulher a ocupar o cargo máximo na instituição em 110 anos de história, ela destaca o papel do curso para inserção das mulheres no setor do agronegócio.

“Ao oferecer formação profissional e promover o empreendedorismo, nós ampliamos as oportunidades no mercado de trabalho para as mulheres, ao adquirem conhecimentos em agricultura, pecuária, gestão rural e inovação tecnológica, desmistificando a necessidade de força física”, explica.

Engenheira agrônoma, doutora em Agricultura e pedagoga, Jasper salienta que a formação técnica permite que as mulheres administrem suas próprias propriedades rurais, invistam em negócios agropecuários sustentáveis e ocupem cargos de destaque dentro do setor. Essa participação ativa contribui para a redução das desigualdades de gênero e para um agronegócio mais moderno e inclusivo.

Avanço

A coordenação pedagógica do curso técnico em agropecuária, também é ocupada por uma mulher. Carla Fernanda Ferreira é engenheira agrônoma, doutora em Ciências do Solo e pós-doutora em Agronomia. Ela ressalta o crescimento da participação feminina no curso - atualmente, as turmas de 2ª e 3ª série do técnico contam com 50% de alunas, um avanço expressivo comparado a décadas passadas. 

“É possível verificar uma crescente em relação a 10 anos atrás, já que em 2015 este percentual era de 35%. Há 20 anos, em 2005, o número de alunas era ainda menor, 18%. Até 2002, o curso era integralmente destinado ao público masculino”, salienta Carla.

As mulheres enfrentam desafios significativos para conquistar espaço e crescer profissionalmente no setor agropecuário, principalmente em cargos de liderança. Existem algumas barreiras de estereótipos de gênero e práticas tradicionais que dificultam a ascensão feminina, limitando as possibilidades de reconhecimento.

“O principal desafio enfrentado pelas mulheres no âmbito profissional é a dupla jornada de trabalho, devendo conciliar a maternidade e a carreira profissional. Julgo que a grande maioria carrega esta dupla jornada com maestria, porém ainda enfrenta dificuldades quanto a valorização da equidade de gênero, constantemente expostas a subvalorização”, diz a coordenadora.

A presença de duas mulheres em posições de liderança dentro do Instituto Cristão Mackenzie, de Castro, é uma demonstração do fortalecimento feminino, abrindo portas para outras mulheres no agronegócio.

Preparadas para liderar

Entre as estudantes, Eliza Schneider, do terceiro ano, representa o futuro promissor das mulheres no agro. Criada em uma família ligada ao comércio de gado de corte, a jovem de 16 anos planeja um dia assumir o negócio e se tornar uma referência na área. “Nas aulas práticas no colégio, gosto daquelas que entramos em contato com a natureza e as criações de animais. Sinto também que somos preparadas na parte teórica para sermos boas administradoras e líderes”, conta. 

Sobre os desafios de atuar em um setor historicamente dominado pelos homens, ela conta que, anos atrás, havia familiares que não eram favoráveis, mas que vem buscando seu lugar com capacitação e empenho.

“Venho conquistando o respeito dos meus familiares nesse ramo, os quais por vezes me privaram de atuar por ser mulher. Ainda há muitos desafios para o papel da mulher no campo, mas com capacitação, tecnologia e empreendedorismo conquistaremos cada vez mais espaço”, afirma.

A diretora Mônica Jasper considera a existência de três pilares para as mulheres superarem os tabus e barreiras culturais no setor agropecuário. “As mulheres ainda lidam com desconfiança e questionamento de sua capacidade para atuar em funções técnicas ou gerenciais. São necessários três pilares consolidados para superar estes obstáculos. Habilidades de liderança e gestão; capacitação quanto ao empreendedorismo e inteligência emocional agregada a adaptações e inovações”, explica.

Confessionalidade e parcerias

A confessionalidade também orienta a vida comunitária dos alunos, incentivando os membros a viverem de acordo com os valores cristãos expressos na confessionalidade. “A depreciação ou a inferiorização do gênero feminino devem ser combatidas, pois segundo a sagrada escritura, ambos os gêneros, com todas as suas especificidades são como os lados de uma mesma moeda e possuem o mesmo valor”, esclarece a diretora. 

As parcerias do Instituto Cristão Mackenzie de Castro com empresas do ramo agropecuário, cooperativas e instituições facilitam a empregabilidade das mulheres formadas. Isso permite que elas tenham acesso a estágios, programas de trainee e empregos formais no setor, criando uma rede de networking.

“Estamos preparando futuras lideranças, combinando ensino técnico de excelência com princípios cristãos que reforçam valores de equidade e respeito. O mundo do agronegócio está mudando,e nossas alunas têm um papel essencial nessa transformação”, conclui Mônica Jasper.