Cotidiano

Meu filho tirou nota baixa. E agora?

Mais do que motivo de apreensão para os filhos, uma nota baixa provoca ansiedade também nos pais que não sabem, muitas vezes, como reagir adequadamente ao problema

20.08.202015h36 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Poucas coisas afligem mais os estudantes do que aguardar o resultado de uma prova. Mais do que isso, só mesmo quando a preocupação se justifica e a nota baixa, de fato, aparece. Além da sensação de derrota, da inevitável comparação com os colegas, o aluno ainda se vê às voltas com mais uma angústia: como os pais irão reagir ao fato?

Para o professor Ênio César de Moraes Fontes, coordenador de Educação Básica do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília Internacional, a reação dos pais precisa levar em conta, primeiramente, o perfil do filho e de como ele está lidando com a situação.

“O primeiro movimento dos pais deve ser de acolhida. Reações atabalhoadas e excessivamente enérgicas tendem a piorar o quadro, visto que, sem o respaldo familiar, o estudante, nos próximos contextos de avaliação, há de ter menos confiança em si e de se sentir ainda mais pressionado. Na maioria das vezes, esse clima não contribui para a superação das dificuldades”, adverte.

Fontes sugere que os pais analisem o contexto de forma equilibrada, não se esquecendo, jamais, que educação é processo. “Se profissionais — adultos, maduros, bem preparados e dedicados — têm seus ‘dias infelizes’, por que exigir da criança e do jovem, seres em formação, performances irretocáveis? Deve-se sempre enfatizar o processo, e não a famigerada nota baixa”, aconselha.

O coordenador ressalta que é muito importante para os pais procurarem, juntamente aos filhos, compreender o que levou a esse mau resultado, considerando todos os aspectos envolvidos e buscando responder a algumas questões: a preparação para o exame foi adequada? No momento da prova, o filho estava tranquilo? A prova pareceu difícil no momento da aplicação? Houve compreensão dos erros por parte do filho quando o professor corrigiu/comentou a prova? Qual o parecer do professor acerca dos resultados individual e coletivo?

“É fundamental que o estudante sinta a segurança da parceria com a família, não deixando de reconhecer a responsabilidade como protagonista do processo. Não convém buscar culpados pelo episódio, como se uma nota baixa fosse o fim do mundo! Deve-se orientar a criança ou o jovem de modo que esse seja um ‘tropeço pedagógico’, expõe. “Outra ação recomendada é que o estudante interaja com o professor, em busca de ajuda: primeiro, para entender o que houve; depois, para evitar que se repita”, diz.

Quando a nota baixa pode ser considerada normal?

Nas circunstâncias ideais, a nota baixa é exceção, e não regra, avalia o coordenador. Segundo ele, em um ambiente organizado e harmônico, o professor explica o conteúdo, paciente, clara e didaticamente, em sequência predeterminada, em planejamento. O aluno, interessado, acompanha a explicação, participa da aula, faz as atividades propostas e busca esclarecer as dúvidas por conta própria, com apoio familiar ou em plantões. A prova, coerente com as explicações e as atividades, contempla o que foi ensinado/estudado, tem nível razoável de exigência e é aplicada em ambiente controlado. Resultado: sucesso!

Assim, em quais circunstâncias a nota baixa pode ser considerada normal? “Basicamente, quando há disfunção em algum desses estágios. Se o professor falhar nas explicações, se o aluno falhar em seu ofício — de estudar — e/ou se a prova não for condizente com as aulas e exercícios preparatórios, os resultados podem ser comprometidos”, esclarece. “Além disso, pode haver ruídos durante a aplicação os quais dificultem a concentração do estudante. Por exemplo, é de se esperar que um estudante adoentado ou abalado emocionalmente por uma perda familiar tenha seu desempenho comprometido em uma prova; que um adolescente apaixonado, de repente, perca o foco dos estudos e tenha baixo rendimento”, argumenta.

Mas e se as notas baixas deixam de ser uma exceção e passam a ser rotina na vida escolar do estudante? Neste caso, esclarece Fontes, faz-se necessário o acompanhamento mais cuidadoso de todo o processo, bem como buscar maior aproximação com os professores e a escola, na figura do Serviço de Orientação Educacional (SOE), para a (re)definição de estratégias de ajuda ao estudante. Isso, segundo ele, sem jamais tirar do filho a grande parcela (na verdade, a maior) de responsabilidade que lhe cabe.

Apoio da escola

Para o coordenador, os pais não só podem como devem buscar apoio na escola para lidar com a situação. Segundo o coordenador, os professores e o orientador educacional são profissionais preparados, que estão à frente do processo educacional e, na interlocução com as famílias, têm condições de oferecer subsídios a fim de que estratégias eficientes e eficazes sejam encontradas e os maus resultados sejam revertidos.

“O diálogo entre a família e a escola deve ser permanente e transparente, sobretudo porque, no processo educacional de crianças e de adolescentes, dada a complexidade dessas fases, há inúmeros fatores que podem interferir no desempenho escolar. Ao primeiro sinal de dificuldade, esses atores precisam interagir em busca da solução do problema. Caso a família não (re)aja, a escola tem a obrigação de acioná-la imediatamente. Cabe à escola orientar profissionalmente a família, esclarecendo as estratégias a serem adotadas, bem como os papéis do estudante e da família nesse contexto”, analisa.

“A criança ou o adolescente precisam sentir que têm os pais e os professores ao seu lado, com a percepção de que o ‘fracasso momentâneo’ sempre abre uma porta para a superação e o crescimento”, conclui.

 

“Quem presta atenção no que lhe ensinam terá sucesso; quem confia no SENHOR será feliz”. Provérbios 16:20 NTLH


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