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Vazamento de óleo no Nordeste: entenda a situação

Especialistas do Mackenzie avaliam impactos e riscos provocados pelo derramamento na região 

31.10.201918h00 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Praia de Tambaba, município de Conde, Paraíba. Esse é o local da primeira aparição de manchas de óleo no Nordeste brasileiro, há dois meses. Até agora não se sabe ao certo de onde veio nem o que teria provocado o derramamento, porém, centenas de praias foram afetadas e os nove estados da região registraram o aparecimento de manchas no litoral, ocasionando impactos ambientais e despertando a preocupação de todos os brasileiros.

De acordo com o professor de Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Magno Botelho, imediatamente as praias ficaram impróprias, já que o óleo apresenta componentes tóxicos, como xileno, benzeno e tolueno. A contaminação pode acontecer a partir do momento em que o petróleo começa se degradar em pequenas partículas. 

O maior impacto, segundo o professor de Química da UPM, Rogério Machado, é a matéria viva que pode sofrer danos. “O óleo cru não é solúvel em água, portanto, poderá matar muitas plantas, além de seres vivos, sem contar que a limpeza em pedras é muito difícil, ele precisa ser retirado com solubilizadores ou retirada mecânica”, explica o professor.

Dependendo do avanço do óleo, a situação pode piorar, alerta o especialista. “Se chegar aos manguezais, será ainda pior, pois ficará incrustado nas raízes, comprometendo todo este ecossistema delicado, sem contar a morte dos crustáceos por asfixia”, explica.

Moradores do litoral nordestino se mobilizaram, desde o início, para a limpeza da água e areia. A Marinha e o Exército elaboraram medidas de contenção ao prejuízo causado pelo vazamento. O professor Machado informa que a exposição ao petróleo não é uma prática comum e, por isso, a contaminação não é tão conhecida, porém pode trazer sérios problemas à saúde. “É uma mistura de vários hidrocarbonetos, isto pode gerar consequências graves a pele, olhos, nariz, ouvidos”, diz, e o professor Magno complementa, “o óleo cru não deve ser manipulado sem luvas, máscaras, material de proteção”.

Até o momento, foram recolhidos 2.700 quilos de óleo. Bahia, Sergipe, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte estão entre os estados mais afetados com o aparecimento, quase diário, de manchas. Encontrar a fonte do problema é de extrema importância para evitar novos casos e também encontrar o responsável pelo prejuízo material, que em parte trata-se de seres vivos e não há como mensurar a reposição. 

A principal suspeita do que pode ter provocado o derramamento recai sobre navios fantasmas vindos da Venezuela, que desligaram seus aparelhos de transmissão para desaparecer do radar do governo americano, que impôs um embargo comercial ao país sul-americano.  

O professor Botelho afirma que a chegada do verão e das férias preocupa, porém, pelo ritmo no qual os trabalhos de contenção estão encaminhados, a situação pode se resolver. “Acredito que em dois meses a situação vai estar normalizada”, avalia o professor Magno.

A economia é afetada com este problema?

O turismo é o principal setor que move a economia nordestina, com representação de 9,8% do PIB da região. Para o professor de Economia da UPM, Ulisses Ruiz de Gamboa, o cenário de baixo crescimento da atividade, devido ao aparecimento das manchas de óleo, somado com o desemprego, diminui a recuperação econômica do Nordeste. “Os dados de ocupação dos hotéis, pousadas e de faturamento dos restaurantes e bares já mostram forte queda, devido aos efeitos do derramamento. Esses efeitos, em todo caso, devem se intensificar durante o período de temporada alta”, avalia ele.

Segundo o professor Gamboa, a imagem do Brasil fica bastante negativa após consecutivas polêmicas e desastres envolvendo o meio-ambiente. “Poderá reduzir o turismo, inclusive em outras regiões, mesmo que sejam distantes, como Santa Catarina e Rio de Janeiro, por temor à possibilidade de contaminação”, finaliza ele.