11.08.2022 - EM Cotidiano
Você, provavelmente, já se sentou no sofá, ligou a televisão e recebeu um “boa noite” de um jornalista âncora. Você também já parou o que estava fazendo para acompanhar o último capítulo da novela ou a final da Copa do Mundo. A televisão e seus conteúdos sempre estiveram presentes nas casas da maioria dos brasileiros, mas com a chegada das plataformas de streaming, será que alguma coisa mudou?
Em comemoração ao Dia da Televisão, em 11 de agosto, conversamos com os professores do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Vanderlei Dias e Roberto Gondo, sobre o cenário atual e o impacto do streaming na televisão brasileira.
Para Dias, que também é coordenador do Núcleo de Produção de TV e Desenvolvimento Acadêmico Audiovisual (NPDA) da UPM, a televisão ainda é um dos principais canais de comunicação do Brasil, mesmo com a evolução de uma nova mídia. Segundo ele, sempre que surge uma nova plataforma, tem-se o hábito de falar que canais tradicionais vão acabar.
Gondo concorda que, apesar de vários formatos de interação comunicacional, a TV possui um papel muito forte em todo o país. “O acesso de banda larga com alta qualidade ainda se concentra nas capitais dos estados brasileiros e em cidades maiores, portanto, a televisão é um acesso direcionado à população”, completa ele.
Porém, ambos concordam que a televisão precisou passar por adaptações desde o surgimento do streaming. “Acho que o mais revolucionário foi saber trabalhar com a internet. Algumas emissoras, inclusive, foram para o streaming”, diz Dias. Bons exemplos são a Globo e a Record, que oferecem conteúdos originais e a grade da TV aberta em plataformas pagas, a Globoplay e a PlayPlus, respectivamente.
A entrega de conteúdos que possam transitar pelas redes sociais e, consequentemente, promover interação com o público foi outra adaptação feita pela TV, de acordo com Gondo. “A adaptação das últimas edições do Big Brother, que mistura desconhecidos e figuras que já fazem sucesso nos meios nacionais para participar da dinâmica, é um exemplo disso”, afirma.
Vanderlei Dias também destaca outro impacto: o financeiro. Ele explica que, hoje, o dinheiro da publicidade não precisa ser colocado, em sua maioria, na televisão. “Naturalmente, o dinheiro será menor. Os grandes salários de uma emissora vão começar a diminuir e, com isso, a televisão perde as estrelas, um grande ator, um grande jornalista”, adiciona.
Os professores também apontam as diferenças no público e tipo de conteúdo da TV e do streaming. O perfil de quem assiste televisão é mais velho e conservador sobre o uso de tecnologias e conteúdos digitais, enquanto o perfil que quem consome o streaming é mais jovem e se adequa facilmente a novas mídias tecnológicas. Jornalismo, novelas, esportes e grandes eventos são conteúdos consumidos na televisão, já produções cinematográficas são mais procuradas no streaming.
Vantagens que a televisão ainda tem, segundo os professores
“O grande passo da televisão é o ‘ao vivo’, isso não tem como tirar. Tem a questão da comodidade também. Na hora em que a pessoa chega em casa, ainda vai ligar a televisão e acompanhar a programação” - Vanderlei Dias.
“A televisão tem a tecnologia mais consolidada em todo o território, bem como o sistema de transmissão mais barato para acesso da sociedade” - Roberto Gondo.