Economia

Questões econômicas: Taxa Selic

Especialista do Mackenzie explica o conceito e como ele impacta nossas vidas

12.08.202109h00 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Em nossa primeira matéria específica sobre questões econômicas que impactam fortemente nosso cotidiano, vamos falar sobre a Taxa Selic. Provavelmente você deve ter lido ou ouvido falar sobre esse tema no noticiário e ficado com muitas dúvidas, principalmente a respeito do impacto que essa taxa pode ter na sua vida. 

Para começar, a Selic é a abreviação para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia e refere-se à taxa de juros praticada nas operações com títulos públicos federais, como os títulos de emissão do Tesouro Nacional. Também é conhecida como Taxa Básica ou Taxa Básica de Juros. O dado é definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que se reúne em uma média a cada 45 dias para determinar a previsão da taxa, que vigorará durante o período entre uma reunião e outra. 

Atualmente, a Taxa Selic definida pelo Copom está determinada em 5,25% ao ano, de acordo com a reunião do Copom realizada em agosto de 2021. A taxa vem sofrendo altas, depois de um período de seis anos sem elevações. Agora, com o crescimento aprovado no último encontro do Copom, essa é a quarta alta imposta à Taxa Básica de Juros.

Falamos grego? Ficou sem entender? Não se preocupe, conversamos com o professor de economia do curso de Engenharia de Produção da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Agostinho Celso Pascalicchio, que nos ajudou a entender o impacto da Taxa Selic em nossas vidas. 

De que forma a Taxa Selic impacta nosso cotidiano?

A Selic é utilizada como instrumento de política de combate à inflação e deveria servir como base para definir todos os juros no Brasil, como aqueles que são cobrados em empréstimos e financiamentos. Deveria ser um instrumento poderoso para determinar o custo do crédito para as pessoas. No mundo real, entretanto, isto não está acontecendo.

O ideal seria: quando a Selic é baixa, a taxa de juros de créditos e financiamentos tomados por pessoas e empresas deveria ser baixo também. Isso estimula os empréstimos, aumenta a quantidade de dinheiro circulando. O consumo aumenta e as empresas crescem e diversificam. Entretanto, o efeito da maior quantidade de dinheiro na economia causa um aumento da inflação. Quando a Selic sobe, existe uma tendência das taxas dos empréstimos subirem, isso diminui a oferta de moeda, restringe o crédito, diminui o consumo, os preços dos produtos diminuem e ocorre uma redução na inflação. É neste sentido que ela se constituiria como a taxa básica de juros da economia do país.

Como ela é definida? Quais fatores influenciam na sua cotação?

Os membros do Copom acompanham uma grande quantidade de informações sobre as economias brasileira e mundial. Avaliam como está a inflação no Brasil e a sua tendência. Os integrantes do Copom, que são diretores do Banco Central do Brasil, acompanham, então, diversos indicadores - como o de atividade econômica, que inclui produção, vendas, consumo, desempenho do comércio, empréstimos bancários, atividades de prestação de serviços e de nível de desemprego e de emprego no país. Ainda existem diversos outros indicadores externos ao país, como o das principais economias mundiais, como Estados Unidos, China e outros. Tudo é levado em consideração.

Qual é a atual situação da Taxa Selic? O que isso significa?

Atualmente, existe a expectativa de que a Taxa Selic continue subindo, ultrapassando a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do período. A inflação continuará subindo também. Significa que a autoridade monetária não se compromete mais em manter esta taxa adequada para o crescimento do país.

O que podemos esperar da situação econômica se a taxa se mantiver nessa tendência?

Se a Selic continuar em alta, ocorre uma desaceleração da economia. Cessa o estímulo ao consumo que aquece a economia. Se a expectativa da taxa de inflação mantiver alta, também manterá alta a certeza de que as autoridades monetárias vão agir de forma a procurar manter a variação nos preços dentro da meta do ano. No médio e no longo prazos, a alta da Taxa Selic causa, também, um menor crescimento do PIB e elevação no nível de desemprego no país.