22.07.2024 - EM Responsabilidade Social

Coordenação

"Aparelhos eletrônicos necessitam de descarte diferenciado para reduzir impactos ambientais"

Em um mundo cada vez mais conectado com a necessidade do uso de dispositivos eletrônicos e o rápido avanço tecnológico, computadores, smartphones, televisores e outros gadgets são constantemente substituídos por modelos mais novos e eficientes. Essa rápida evolução tecnológica gera uma crescente preocupação: o descarte inadequado de materiais eletrônicos. O Brasil produz por ano aproximadamente 2,4 milhões de toneladas de lixo eletrônico, sendo o quinto país no mundo na lista dos que mais geram esse tipo de resíduo. Pesquisas mostram que 85% dos brasileiros têm em casa algum aparelho sem uso, mas não sabem o que fazer com ele. Grande parte desses materiais são descartados de maneira incorreta, e poderiam ser reciclados.

“O descarte correto é importante para a proteção ambiental, a recuperação de recursos, tais como metais preciosos, a redução de resíduos nos aterros sanitários e a sustentabilidade”, explica Daniela Vieira Cunha, professora dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e diretora da Faculdade de Computação e Informática (FCI) na UPM. 

Impactos ambientais do descarte inadequado

O Brasil enfrenta desafios na gestão de resíduos eletrônicos, por escassez de pontos de coleta específicos e acessíveis para tais resíduos, dificultando o descarte adequado por parte dos consumidores. Muitos consumidores não estão cientes dos impactos ambientais e de saúde do descarte inadequado de eletrônicos, ou conhecem os locais apropriados para deixá-los. 

Com o aumento do consumo de dispositivos eletrônicos, a quantidade de lixo gerado cresce absurdamente. “Os riscos são altos, podendo afetar a proteção ambiental. Materiais eletrônicos contêm substâncias tóxicas como mercúrio, chumbo e cádmio, que podem contaminar o solo e a água se não forem descartados corretamente. Isso pode causar danos aos ecossistemas e à saúde humana. A exposição a esses materiais pode ocorrer pela inalação de poeiras ou vapores tóxicos, contato direto com a pele ou ingestão de água e alimentos contaminados. Além disso, tais substâncias tóxicas podem entrar na cadeia alimentar, acumulando-se nos tecidos de animais e afetando a saúde e a reprodução da vida selvagem”, explica a professora.

A poluição do ar é outro fator preocupante, uma vez que a queima de resíduos eletrônicos, uma prática comum em muitos lugares, libera toxinas perigosas no ar que são prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. A fabricação e o descarte inadequado de eletrônicos contribuem para a emissão de gases de efeito estufa, que agravam as mudanças climáticas. Segundo a docente, a produção de novos dispositivos a partir de materiais virgens é muito mais intensiva em energia do que a reciclagem de materiais existentes. A falta de reciclagem resulta na perda de metais preciosos como ouro, prata e cobre, que poderiam ser recuperados e reutilizados, aumentando a necessidade de mineração e exploração de novos recursos.

Descarte seguro de eletrônicos

Os Centros de Reciclagem são ótimas opções de descarte, uma vez que os dispositivos são desmontados de forma segura e os materiais valiosos são recuperados. Alguns varejistas também oferecem programas de coleta para eletrônicos, facilitando o descarte seguro. “Doar dispositivos eletrônicos ainda funcionais para escolas, organizações sem fins lucrativos ou programas de reutilização pode prolongar a vida útil dos aparelhos e reduzir a necessidade de novos recursos”, enfatiza Daniela. 

O Mackenzie possui um Projeto de Extensão, que envolve a Faculdade de Computação e Informática (FCI), a Escola de Engenharia (EE) e a área de Sustentabilidade do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), denominado "Reciclagem de Resíduos Eletroeletrônicos Mackenzie – Recicla Mack" cujos objetivos são estudar e conhecer os benefícios e a importância da reciclagem de eletrônicos; encontrar e divulgar os seus pontos de coleta; difundir os conhecimentos adquiridos por meio de recursos digitais para pessoas em geral, bem como trabalhar na conscientização da reciclagem de eletrônicos. “Utilizar redes sociais, websites e newsletters da universidade/escola para disseminar informações e promover a conscientização sobre a importância do descarte adequado de eletrônicos é uma maneira positiva de propagar a mensagem da reciclagem”, finaliza a professora.