No dia 13 de maio é comemorado o dia da Abolição da Escravatura no Brasil, mas a herança deixada por esse período da história do país ainda preocupa. Neste ano, foi também a data que marcou a aula inaugural do projeto Incluir Direito e abriu espaço para a discussão do negro na sociedade.
O projeto Incluir tem como objetivo intensificar a participação da população negra no universo jurídico e desenvolver uma atuação coerente e afirmativa, que contribua para a redução das desigualdades e da discriminação. A iniciativa foi do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (CESA), em parceria com o Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), por meio da Gerência de Responsabilidade Social e Filantropia, e da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), por meio da Faculdade de Direito.
O presidente do CESA, Carlos José dos Santos Silva, destacou que o projeto nasceu quando ele constatou que é muito baixo o número de negros nos grandes escritórios de advocacia. “O que fazer? Fizemos um levantamento informal entre as associadas do CESA e menos de 1% dos membros dos escritórios são negros. Essa é a realidade em um país que tem uma população negra de 52%. É uma desigualdade que vem ao longo da história na questão de oportunidades. O negro sempre foi colocado no segundo plano”, pontuou.
O Incluir Direito é uma tentativa de corrigir uma distorção historicamente construída, quando qualquer avaliação de qualidade fica prejudicada ao não se oferecer a todos as mesmas oportunidades. O professor de Direito do Mackenzie, Silvio de Almeida, preletor da aula, ressaltou a importância desse projeto. “Estamos fazendo esse programa pra que eles não tenham que passar pelo que eu passei e pra que os filhos deles nem tenham que pensar em um programa como esses. A gente faz política pra vencer o acaso. Eu sou um acaso. No Brasil as oportunidades são não uma questão de escolha”.
A coordenadora de Programa e Projetos de Extensão da UPM, Susana Barbosa, explicou que a motivação da criação do projeto surgiu de um compromisso institucional que gerou a possibilidade de parcerias com outras instituições com os mesmos valores. “A perspectiva veio desse nosso compromisso de oferecer uma boa educação, com qualidade, com desenvolvimento dos valores humanos e de sociabilidade, aliados à inserção nos melhores espaços do mercado de trabalho”, contou.
A aula contou com a participação de alunos e antigos alunos que se identificaram com o projeto. “Eu comecei com esse sonho muito cedo e sempre soube que o caminho seria difícil. Fui bolsista e hoje sou advogada. Me sinto muito feliz em contribuir e mostrar para esses alunos que dá certo. Quando você quer muito e quando as pessoas ajudam você e assumem a responsabilidade social de te ajudarem a chegar no lugar que já deveria ser seu por direito”, finalizou a mackenzista Patricia Santana.