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A alta abstenção no segundo turno das eleições municipais de 2024

Professor do Mackenzie comenta sobre os quase 10 milhões de brasileiros que não compareceram às urnas 

01.11.202413h43 Comunicação - Marketing Mackenzie

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O segundo turno das eleições municipais, que aconteceu no último domingo, 27 de setembro, registrou 29,2% de abstenção de votos, dado que chamou atenção de especialistas e foi notícia ao longo da semana. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 9.947.369 eleitores não compareceram às urnas no segundo turno das eleições municipais de 2024. 

Para Rodrigo Augusto Prando, especialista em política e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), o fenômeno da abstenção está ligado a uma crescente desconexão entre os cidadãos e o sistema político brasileiro. “O não comparecimento às urnas pode refletir o sentimento de que nenhum dos candidatos representa os valores e ideologias dos eleitores”, explica.  

Segundo Prando, além do desinteresse em participar, muitos eleitores optam por anular ou votar em branco ao não se identificarem com as candidaturas, o que revela uma crise de representatividade nas democracias contemporâneas. 

Outro fator relevante são os desafios financeiros e sociais enfrentados pelos eleitores. O professor destacou que, apesar do voto ser obrigatório no Brasil, muitas pessoas consideram a multa por não votar menos onerosa do que os custos e esforços de se deslocarem para as seções eleitorais.  

Para ele, esse é um sinal de descrédito nas instituições e no processo político em geral, o que enfraquece a própria democracia. “Quando o cidadão perde a confiança no sistema representativo e nos eleitos, ele abre espaço para discursos populistas e extremistas, colocando a estabilidade democrática em risco”, afirma. 

O histórico de abstenções indica uma tendência crescente de afastamento do eleitorado. Comparado com anos anteriores, o índice atual é próximo ao de 2020, período da pandemia de Covid-19, mas substancialmente superior aos turnos de 2016 e 2012. Esse aumento reflete uma falta de engajamento cívico que, em última instância, enfraquece a legitimidade dos representantes eleitos.  

“Quanto menor a participação popular, maior a dificuldade de construir políticas públicas que atendam às reais necessidades da população”, ressalta Prando. 

Para o docente, o caminho para solucionar o problema envolve a valorização do diálogo democrático e o fortalecimento político, que precisam estar mais conectados com as demandas da sociedade.  

Enquanto a população mantiver uma visão negativa sobre a política e os políticos, haverá um favorecimento de lideranças que atacam o sistema democrático, de acordo com Prando. Além disso, os riscos das redes sociais e seus algoritmos, reforçam bolhas políticas e dificultam o diálogo entre grupos com visões distintas. “A sociedade brasileira precisa de líderes que incentivem a moderação e o debate respeitoso, buscando superar a polarização que tem marcado os últimos pleitos”, pontua o professor.