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Nobel em detalhe: Economia

Pesquisadores laureados estudaram sobre a desigualdade e prosperidade entre as nações

25.10.202418h40 Comunicação - Marketing Mackenzie

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O Prêmio Nobel de Economia de 2024 trouxe à tona um debate urgente sobre a desigualdade socioeconômica global ao laurear os economistas Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson. Com uma vasta análise histórica e econômica, os três pesquisadores estudaram as razões pelas quais algumas nações prosperam enquanto outras permanecem empobrecidas, destacando o papel fundamental das instituições políticas e econômicas nesse processo.

Para o professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Josilmar Cordenonssi Cia, a pesquisa dos ganhadores ilumina a complexidade da desigualdade entre as nações. Ele explica que, ao longo do tempo, os modelos de desenvolvimento econômico destacaram o papel do investimento, crescimento populacional e evolução tecnológica. “Os ganhadores do Nobel deste ano tentaram explicar o que faz um país reunir estas condições de crescimento e outros não, focando nas instituições que incentivam a participação ampla na economia e que são cruciais para o desenvolvimento de longo prazo”, comentou o professor.

Daron Acemoglu, nascido na Turquia, e Simon Johnson, do Reino Unido, são ambos pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), enquanto James A. Robinson, também britânico, atua na Universidade de Chicago. 

Eles explicaram a importância das instituições para o desenvolvimento das nações, traçando um paralelo entre os sistemas inclusivos e extrativistas. Acemoglu e Robinson, coautores do livro "Por que as nações fracassam: as origens do poder, da prosperidade e da pobreza", desafiaram conceitos tradicionais e questionaram se fatores como cultura, etnia, religião e clima são realmente os responsáveis pelas disparidades entre países. 

Para o professor, o livro de Acemoglu e Robinson funciona como um guia, promovendo a reflexão sobre como fomentar instituições inclusivas em busca de sociedades mais justas. “Nesta obra, os dois autores mostram ao longo da história vários exemplos de países ou sociedades que se desenvolveram e que permaneceram atrasados, explicitando o papel das instituições inclusivas e extrativistas”, destacou.

Um exemplo elucidativo citado no livro é o caso da cidade de Nogales, dividida entre o México e os Estados Unidos: enquanto ambos os lados compartilham características culturais, o desenvolvimento econômico é drasticamente diferente, resultado das distintas estruturas institucionais.

Os laureados investigaram o impacto da colonização europeia a partir do século XVI e identificaram dois tipos principais de instituições. Em alguns locais, os colonizadores estabeleceram “instituições extrativistas”, voltadas para a exploração dos recursos naturais e da população local, gerando prosperidade apenas para uma elite reduzida. Já em outros, eles fundaram sistemas políticos e econômicos inclusivos, voltados para o bem-estar dos habitantes, o que permitiu que essas regiões se desenvolvessem de forma mais igualitária e sustentável.

Acemoglu, Johnson e Robinson sugerem que a superação da desigualdade global depende de um compromisso com a criação de instituições inclusivas, que ampliem o acesso à educação, saúde e oportunidades econômicas para a população em geral. Instituições que apoiem a inovação e garantam que o potencial criativo e laboral das pessoas seja plenamente aproveitado tendem a promover um “círculo virtuoso” de crescimento e desenvolvimento. 

"É claro que implementar essas mudanças não é fácil e enfrentará resistência dos grupos beneficiados pelas instituições extrativistas. No Brasil, por exemplo, os estados cobram uma alíquota sobre a herança que é uma das menores do mundo, Não tem como combater as desigualdades sem mexer neste tipo de privilégio", concluiu Josilmar.

O trabalho dos laureados representa uma abordagem inovadora para entender a prosperidade e a pobreza entre as nações. Ao dar destaque a essas ideias, o Nobel de Economia de 2024 oferece uma visão profunda para a criação de sociedades mais inclusivas e resilientes, na qual o progresso social e econômico seja uma realidade para todos.