Projeto mackenzista promove debate sobre as fronteiras que separam refugiados

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Um Mundo de Muros foi planejado pelos próprios alunos e aborda a situação de cidadãos impedidos de circular dentro da própria nação ou em nações estrangeiras

11.05.2022 Cultura


Aconteceu, entre os dias 03 e 05 de maio, na última semana, no Colégio Presbiteriano Mackenzie de Brasília (CPMB), o projeto interdisciplinar Um Mundo de Muros. Um trabalho que teve uma repercussão tão boa logo em sua primeira edição que as expectativas são de que ele venha a compor o planejamento pedagógico do Novo Ensino Médio na instituição.

A proposta foi idealizada e realizada pelos próprios estudantes e teve o conteúdo baseado no estudo das divisas que separam, fisicamente, populações estrangeiras ou do mesmo país. O objetivo principal do programa é potencializar o dinamismo da percepção crítica dos alunos a partir de competências e habilidades voltadas à realidade social e à geopolítica contemporânea.

A iniciativa consiste na realização de diversas atividades que puderam acontecer a partir da produção de maquetes, vídeos, slides, dramatização e até mesmo na idealização de textos analíticos e entrevistas que evidenciaram o potencial dos educandos do CPMB.

"Me senti convidada a refletir sobre a conjuntura de tantas pessoas que vivem cercadas num mundo de muros físicos”, explicou Giovanna Lens, de 17 anos, que faz parte da turma C do 3º ano. “Além disso, pude compreender também o fato de que todos estamos inseridos em barreiras e, além daquelas palpáveis, vivemos em um mundo ideologicamente polarizado”, disse.

Além de abordar as circunstâncias que fazem parte do cotidiano de muitos cidadãos ao redor do planeta, o exercício foi uma forma de estimular o pensamento sobre as problemáticas econômicas, bélicas, históricas e sociais que envolvem e separam nações. Uma dinâmica leva o conteúdo do ensino tradicional a uma perspectiva interativa e envolvente.

O que foi expresso na opinião de Giovanna, “participar dessa ação inovadora encorajou a minha criatividade e permitiu a libertação das amarras tradicionais da sala de aula. Só tenho a agradecer pela oportunidade e pelo precioso incentivo para nossas vidas, não só na parte acadêmica, mas também para o desenvolvimento como pessoas”, completou ela.

Muros

Divididos em seis grupos, os alunos trataram da realidade dos seguintes países: Cisjordânia e Israel; Somália e Quênia; Brasil; Peru; Estados Unidos e México; e Hungria e Sérvia. Ao longo da tarefa, foram abordadas as problemáticas destas localidades, levando em consideração, principalmente, as divisas físicas existentes entre elas.

"Vi todos envolvidos na atividade que foi uma ocasião para levantar questionamentos sobre a situação dos muitos refugiados espalhados pelo globo. Um assunto do qual não podemos mais ficar de fora na atualidade. Esse método de aprendizagem é um dos melhores por trazer a experiência do conhecimento analisado sendo desenvolvido a partir do nosso senso crítico”, expressou Suzana Paz, de 17 anos, do 3º ano B.

Um dos objetivos do projeto foi trazer a debate as reflexões sobre os muros do mundo moderno. Os estudantes tiveram como base o especial, premiadíssimo, publicado pela Folha de S. Paulo (2019), chamado "Um mundo de muros" e o livro do jornalista Tim Marshall "E era dos muros". Além de filmes e séries.

O que pode ser percebido na fala de Vítor Elias, de 17 anos, do 3º ano C. “Depois de dois anos em pandemia, voltar ao regime presencial por si só já foi um grande desafio e essa oportunidade exigiu o desenvolvimento das deficiências causadas por esse tempo 'fora'. Tivemos de trabalhar o espírito de equipe e competências essenciais, como a oratória e a capacidade de improviso. O que agregou à formação de uma importante consciência acerca dos muitos conflitos vivenciados por outros países”, afirmou.

As apresentações foram desenvolvidas em formato de seminário, numa abordagem dos muros que separam fronteiras entre países ou daqueles que dividem a mesma população, que impedem o caminho de refugiados e que evidenciam as desigualdades sociais, escondendo a pobreza e diversas percepções sobre o medo, a guerra e até mesmo as mudanças climáticas.