19.06.2024 Nossos Talentos
O racismo é um tema cada vez mais discutido na sociedade atual. Em diversos lugares, o debate sobre o tema se tornou cada vez mais presente, inclusive dentro das igrejas evangélicas, que são chamadas a responder sobre atitudes racistas de forma amorosa. A estudante de mestrado do Programa de Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Jacira Monteiro, defendeu a necessidade de responder ao ódio com o amor cristão no programa Conversa com Bial, da Rede Globo, que foi ao ar na última terça-feira, 18 de junho.
Além de mestranda, Monteiro é escritora, autora do livro O Estigma da Cor, publicado pela Editora Quitanda, e esteve no programa juntamente com o pastor e escritor, Davi Lago. Os dois discutiram sobre o racismo nas igrejas evangélicas e a necessidade de se falar cada vez mais sobre o assunto, além de falarem bastante sobre a vida e atuação do pastor norte-americano Martin Luther King.
Para Monteiro, apesar da importância do debate, o assunto tem sido tratado no país como um tema político-partidário, mas, para ela, isso seria uma manifestação do que ela chama de Síndrome de Caim. “Deus chama Caim para responsabilizá-lo por ter matado seu irmão Abel e ele diz que não sabe dele. Essa antiética que Caim traz é o anti-evangelho, da não responsabilização, ao dizer que não devo me preocupar com meu próximo. Na mesma lógica distorcida, não tenho de me preocupar com quem sofre racismo”, explicou a autora.
Para ela, apesar de ser claramente um pecado, o racismo muitas vezes não é tratado dessa forma dentro das igrejas. Monteiro aponta que se trata da quebra de dois mandamentos bíblicos: amar a Deus e ao próximo. “Os dois grandes mandamentos estão juntos. Não dá para chegar à Igreja e louvar a Deus se você destrata o próximo”.
“A ética do evangelho é relacional, do amor. E, para amar, eu devo cuidar e me preocupar”, completou Jacira Monteiro, ao evidenciar a importância do tema para o ambiente cristão.
Segundo explica, para o cristianismo, apenas o debate do racismo é pouco, pois as igrejas são convidadas a darem uma resposta contra esse pecado. Ela usa o exemplo de Luther King, que lutou contra o racismo usando a não violência. Para a mackenzista, o caminho cristão é justamente esse: o do amor.
“O ódio faz mal primeiro à pessoa que o sente e também torna o mundo um lugar pior. É o sentimento que traz todo o caos ao mundo. A gente precisa responder a esse ódio com um outro caminho, que é o caminho que vai constranger aquele que está odiando”, destacou.
Jacira ainda disse que o exemplo de Martin Luther King convida a uma reflexão profunda. “O que me toca muito é o King viver em uma época mais difícil do que a minha, em um contexto mais opressivo que o meu, sem direitos da forma que é hoje, e ele respondeu com amor. É isso que me toca muito e Deus me traz constantemente à memória”, finalizou.
Ao fim do Conversa com o Bial, Tomás Camba, o editor e pastor responsável pela Editora Quitanda - que publicou livro de Jacira Monteiro - também destacou a relevância do continente africano para a história do cristianismo. “O que se tem ideia é de que o cristianismo é uma religião eurocêntrica. Mas é uma forma de apagamento e de invalidação da história rica de pensadores africanos”, afirmou.
O programa foi ao ar dia 18 de junho, mas continua disponível na plataforma Globoplay.