21.10.2024 - EM Saúde e Bem-Estar
Quem nunca se deparou com a escova cheia de fios após pentear o cabelo, ou notou o chão da casa e as roupas cobertos por fios soltos? A situação é mais comum do que parece. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 50% das brasileiras enfrentam algum grau de queda capilar.
"A qualidade dos fios está intimamente relacionada às escolhas alimentares. Está claro que em quadros de deficiências nutricionais por múltiplas razões, o crescimento e saúde do cabelo será comprometido. A alimentação balanceada é primordial para a saúde capilar”, destaca Karina Morgarbel, médica do ambulatório médico do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM).
Causas da queda capilar entre homens e mulheres
A queda capilar pode ter diversas causas, sendo as mais comuns doenças e infecções variadas, como dengue, sinusite, infecção urinária, pneumonia e até sífilis. “Alterações hormonais onde as mais comuns são as alterações na tireoide, estão no ranking das quedas, perdendo somente para os famosos chips da beleza (que contém gestrinona) e pela introdução ou interrupção de anticoncepcionais orais e DIUs”, ressalta Karina.
Questões nutricionais, especialmente a falta de vitaminas e minerais, como ferro e zinco, além do estresse metabólico, como em casos de pós-cirúrgico ou pós-parto, uso de certos medicamentos, como antidepressivos, antidiabéticos, medicamentos para colesterol, anticoagulantes, entre outros, também são fatores que contribuem para a queda capilar.
“Doenças sistêmicas, desde autoimunes até câncer, e principalmente fatores emocionais, como estresse, que aumenta o cortisol e afeta a proteína de ancoragem do fio no folículo piloso, também são grandes influenciadores, reitera a médica.
Estresse e hábitos de vida vs. saúde capilar
As questões emocionais e distúrbios dermatológicos ainda representam um desafio para muitos profissionais, pois os mecanismos de ação não são totalmente compreendidos. Apesar deste desafio, existe uma explicação bioquímica possível: as condições emocionais podem provocar a produção de neuromediadores que interferem na imunidade do corpo.
"O estresse afeta o sistema imunológico, modulando o sistema neuroendócrino e o sistema nervoso central. O corpo libera hormônios como a corticotropina (CRH) e o adrenocorticotrófico (ACTH) em resposta ao estresse, que podem desencadear alopecias. Muitos pacientes relatam episódios de estresse emocional antes do início da queda capilar, como problemas pessoais, profissionais ou traumas de infância", explica a médica. "O estresse emocional aumenta o cortisol, que consome uma proteína essencial no folículo piloso, levando à queda capilar", acrescenta Karina.
Ainda segundo a médica, o cabelo não cai imediatamente após um evento estressor, mas cerca de três meses depois. "A boa notícia é que, diferente de outros tipos de queda, a causada por estresse pode ser revertida. Os fios podem voltar a crescer em cerca de seis meses, uma vez que o estresse seja controlado", afirma.
Cuidados com a saúde capilar
Um dos principais cuidados ao pentear os cabelos é sempre aplicar um creme antes de começar, o que ajuda a melhorar o deslizamento, reduzindo o atrito e facilitando o desembaraço. "Isso ajuda a proteger os fios contra o rompimento. Sempre comece pelas pontas e vá subindo em direção à raiz, para evitar que os nós se acumulem", recomenda a especialista.
Para manter a saúde capilar em dia é importante manter sempre os cabelos limpos, higienizando o couro cabeludo e as pontas com produtos adequados. Para isso é importante evitar prender os cabelos ainda molhados, pois, o hábito pode favorecer o surgimento de caspas e a proliferação de fungos e bactérias, o que enfraquece a raiz. "Além disso, é importante lavar os cabelos com água morna ou fria, evitando água muito quente, que pode ressecar o couro cabeludo e aumentar a queda dos fios", orienta a médica.
A alimentação também desempenha um papel crucial na saúde capilar. "Procure manter uma dieta equilibrada, rica em vitaminas, minerais, fibras e proteínas, e evite excessos de frituras, açúcares e álcool, que podem acelerar a queda dos cabelos", recomenda Karina. A especialista ainda destaca a importância de manter o corpo hidratado e incluir oleaginosas e frutas na rotina, bem como praticar atividades físicas para o controle do estresse, usar protetor térmico antes de utilizar secador ou babyliss e manter o secador a uma distância de 15 cm dos fios ao secá-los.
Quando procurar um especialista
O uso de produtos inadequados pode danificar o couro cabeludo e desencadear doenças ou condições que resultem em queda capilar. Por isso, é fundamental contar com a orientação de um dermatologista na escolha dos produtos apropriados para o seu tipo de cabelo. Se você tiver dúvidas ou suspeitar de algum problema, realizar uma avaliação completa é fundamental. O dermatologista pode realizar uma anamnese detalhada, solicitar exames de sangue e fazer uma tricoscopia para investigar a saúde dos fios e do couro cabeludo.