Segundo uma pesquisa recente do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), notícias falsas, as tão citadas e polêmicas Fake News, se espalham mais rapidamente e em maior quantidade, no Twitter, do que notícias verdadeiras. Que estas estão dominando as mídias, causando grandes problemas e levantando diversas questões, todo mundo sabe. O que nem todos desconfiam é que aqueles que criam e espalham as fakes estão mais próximos do que se imagina. Como exemplo, há uma expressiva chance de aquele seu amigo virtual ser apenas um conjunto de byts e bytes, criado exatamente com este propósito.
Estes falsos “amigos” virtuais são denominados de “ciborgues das mídias sociais” (social media cyborgs), termo que é utilizado para definir diversas contas nas redes sociais controladas por bots, desenvolvendo ligações com terceiros e até mesmo “relações”, com o propósito de disseminar opiniões e noticias falsas sobre diversos temas (com maior enfoque em política e eleições), fenômeno este que desde 2014 vem ganhando escala global. Esses bots estão por aí e quase ninguém sabe como eles funcionam, quem os desenvolve e por quem são financiados. Para ajudar a combater esse problema, surgiu o site PegaBot, uma ferramenta que traz mais transparência para o uso dos bots no Brasil.
O PegaBot é um projeto do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio) e do Instituto Equidade & Tecnologia. A plataforma foi lançada em março de 2018 e ainda está em fase de testes. Nesta plataforma, o usuário pode verificar a atividade de uma conta da rede social para saber a probabilidade do perfil ser de um bot. Quanto maior a nota fornecida pelo site ao perfil, maior a chance de ser um robô virtual. Por enquanto, a plataforma é integrada apenas ao Twitter, já que o Facebook, WhatsApp e outras redes sociais impõem mais barreiras de acesso à API. Entretanto espera-se que haja suporte a estas outras redes, muito em breve.
Um Twitter Bot é uma conta controlada por um algoritmo ou script, estes normalmente são utilizados para realizar tarefas repetitivas, como por exemplo: retweetar conteúdo contendo palavras-chave particulares, responder a novos seguidores e enviar mensagens diretas a estes. Twitter Bots mais complexos podem participar de conversas online e, em alguns casos, apresentar comportamento muito parecido ao comportamento humano. As contas bot compõem entre 9 e 15% de todas as contas ativas no Twitter, mas estudos mais aprofundados indicam que este percentual pode ser ainda maior devido a dificuldade de identificar os bots complexos, sendo sempre necessário diferenciar os bons bots dos maus bots.
A plataforma analisa o histórico de postagens do perfil da rede social que você insere no site para ser analisado. Neste momento o PegaBot se baseia em padrões de comportamento para identificar se é mais provável ser um humano que utilize aquele perfil, ou um robô. Os critérios para fazer essa avaliação são o intervalo de tempo entre cada postagem (um intervalo pequeno entre cada postagem, 2 segundos, por exemplo, podem indicar que a postagem foi feita por um robô); a frequência e a aleatoriedade no tempo em que as postagens são feitas (postagens feitas sempre no mesmo horário, às 10 horas da manhã, por exemplo, podem ter sido feitas por um bot); e a pessoalidade dada aos textos postados (textos repetidos ou extraídos de outras publicações, pré-formatados, são um indicativo de ter sido feito por um robô virtual).
Ao ter um indicativo que uma conta pode ser ou não um bot é importante que você faça uma análise subjetiva do perfil que está tentando analisar. Isso quer dizer, verifique os possíveis fins que o determinado perfil está tentando atingir. Se você identificar que o perfil serve só para divulgar mensagens de outras pessoas, ou que na maioria das vezes esse perfil existe para atacar alguém ou um grupo específico, as chances desse perfil se confirmar como um bot aumentam muito. Nesse caso, vale questionar os possíveis beneficiados pela atuação daquele robô, se o perfil realmente é um bot e por que a pessoa beneficiada está se utilizando desse recurso. A plataforma permite ainda que você aprove ou desaprove o resultado, ajudando a melhorar o sistema.
Em alguns testes feitos, foi possível verificar que a plataforma possui alguns erros, identificando pessoas humanas como bots, e vice-versa, ou ainda não encontrando o perfil inserido. De acordo com o PegaBot, por exemplo, o perfil do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possui 28% de chance de ser um robô, a cantora Anitta tem uma margem de 32% de ser um bot e o perfil no twitter da própria plataforma ficou na margem de 8% de ser um robô virtual, todos identificados na faixa verde do indicador. Dito isso, detectar bots é mesmo uma tarefa difícil (se fosse fácil às empresas de mídias sociais já teriam solucionado todo o problema). Esta não está completamente pronta, mas funciona reconhecendo padrões comportamentais, sendo um grande avanço para diminuir o número de perfis bot e para conter a expressiva circulação de notícias falsas, por isso, os resultados fornecidos pelo PegaBot devem servir para complementar, e não substituir, a sua própria opinião.