Alunos do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras (CCL), da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), entrevistaram o escritor e cartunista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, durante o programa Crossover, projeto de extensão realizado semanalmente em formato de vídeo e rádio web, com temas sobre cultura e entretenimento.
O projeto foi criado pelos universitários Bia Moreno, Enzo Cricca, Ester Cassavia, Julia Groner, Malu Patrício, Pedro Lima e Stefanie Cerqueira, e é orientado pelo professor Vanderlei Dias, do CCL. Quando surgiu a oportunidade de entrevistar Mauricio de Sousa, o docente propôs uma mudança: o bate-papo com o criador da Turma da Mônica foi o primeiro programa em formato de vídeo, já que antes os pilotos eram produzidos apenas em áudio.
Durante a entrevista, Mauricio de Sousa falou sobre futuros projetos; alcance internacional, em países como o Japão; produções cinematográficas; inspirações; novos personagens; e de como se sente em inspirar tanta gente a entrar para o mundo da leitura. “É um truque”, disse ele. De acordo com o cartunista, criança gosta de criança e de brincar com criança, por isso fez personagens infantis, baseando-se em seus filhos e amigos da infância.
“O Cebolinha existiu, Cascão era amigo do Cebolinha, jogava bola lá em Mogi das Cruzes, num campinho perto da casa da minha avó. Eu também estava lá jogando bola num campo encharcado que era batizado por nós de ‘campinho do esmaga sapo’, porque precisava desviar dos sapos e das rãs que, quando chovia, estavam no gramado e com essas brincadeiras e amizades que fiz com a garotada toda eu fui criando personagem baseados neles”, conta ele durante a entrevista.
A conversa com o cartunista também será transmitida na rádio, mas de forma diferente. Em um tempo reduzido, os alunos vão comentar como foi a experiência de entrevistar um grande nome das histórias em quadrinhos, colocando diferentes aspectos e opiniões de cada um.
“A prática jornalística é fundamental. É fundamental que os alunos tomem essa iniciativa de produzirem, independentemente da sala de aula, porque isso é portfólio para eles também”, defende o professor Dias.
Para Pedro Lima, um dos maiores desafios foi pensar em perguntas à altura do entrevistado e controlar o nervosismo para que nada desse errado. “A melhor parte, além de conversar com ele, foi perceber que o Mauricio nos deixou super à vontade e ver que conseguimos arrancar alguns ‘spoilers’ dele de projetos futuros para a Turma”.
O contato com a prática jornalística é incentivado desde o começo do curso, com a produção de notícias e reportagens, aulas de rádio, televisão e documentário, entre outros. Os alunos, que estão no 3º semestre do curso, estavam preparados para encarar um personagem tão importante como o Mauricio. “Eles estavam nervosos, mas isso não transparece na entrevista, parece que eles estão falando com alguém de casa, parece que estão falando com uma pessoa que faz parte da vida deles, da vida de todo mundo, da minha também”, conta Vanderlei Dias.
O professor aponta que entrevistar uma personalidade pode ser desafiador, mas, como todo trabalho, o profissional tem de estar preparado para o momento. “A única coisa que eu perguntei é se eles conheciam a obra e, evidentemente, todos conheciam. Fora que a pessoa que eles escolheram entrevistar é de uma simpatia ímpar, uma figura muito fácil, tanto que ele chamou os alunos de ‘turminha do Mackenzie’, parecia que ele estava falando com os netos dele”, diz.
Assim como as aulas presenciais, os projetos de extensão passaram por adaptações e foram transferidos para o ambiente virtual. A ideia de produzir o programa não é de agora, já que antes da pandemia, os alunos já pensavam em produzir um podcast. Agora, as reuniões de pauta acontecem virtualmente. “Sempre compartilhamos no nosso grupo algumas notícias do mundo do entretenimento, que podem ajudar no processo de escolha dos temas. No começo foi complicado, mas estamos pegando o jeito de montar o roteiro cada um na sua casa”, diz o estudante.
“Orientar os alunos é uma delícia. Porque eles estão disponíveis, estão a fim de aprender, te ouvem e são interessados”, conta Dias. Nesse caso específico, o professor foi responsável por trabalhar em cima das perguntas desenvolvidas, preparar os alunos para a gravação e acompanhar a entrevista do início ao fim.
“Mas muitos já trazem bagagem do próprio cotidiano, do aprendizado da própria sala de aula, então é uma revisão aqui, outra sugestão ali. Digamos que é menos uma orientação e mais uma parceria”, define o professor.
Apesar do entrevistado ser uma figura carismática e conhecida por todos, os alunos estudaram e treinaram para o encontro por meio da plataforma de gravação e puderam entender os pontos técnicos, como seria a apresentação de cada um, o corte das câmeras e revisar as perguntas. “Eles podem colocar isso no currículo, porque é um projeto que vai ter muitas entrevistas e a gente vai conseguir produzir muita coisa, mas acho que essa ficou marcante, principalmente pelo personagem que eles conseguiram nessa primeira edição”, finaliza o orientador.
Após o sucesso da entrevista com Mauricio de Sousa, o grupo de alunos espera entrevistar outras personalidades do Brasil e nos próximos programas comentarão sobre assuntos da semana, temas de cultura pop, inclusive um sobre Crossovers, que significa a inserção de personagens de ficção de universos diferentes em uma mesma história. “No final do ano, queremos fazer uma premiação, com tudo que foi destaque no ano dentro do universo do entretenimento”, finaliza Pedro Lima.
“Meus personagens infantis vão buscar o que resta de crianças em vocês - nos adultos - que morrem de nostalgia, ‘poxa vida, minha infância, meus anos de jogar bola na rua, andar descalço’, sem as responsabilidades de adulto. Então eu capturo a criança que está em cada um dos leitores” - Mauricio de Sousa